Jornal Correio Braziliense

INVESTIGAÇÃO

Caso Sara: saiba quem é o suspeito preso pelo sumiço da garota de 14 anos

Em janeiro deste ano, o Correio trouxe informações exclusivas que antecederam o desaparecimento da garota e revelou o possível envolvimento do homem no caso. Sara Morais está desaparecida desde janeiro do ano passado e foi estuprada pelo acusado antes de sumir

A história do desaparecimento de uma adolescente de 14 anos no Distrito Federal, revelada em detalhes pelo Correio Braziliense há três meses, se aproxima do capítulo final. O principal suspeito pelo sumiço de Sara Carlos de Morais Silva está preso em São Paulo e será trazido ao DF. Em janeiro deste ano, a reportagem trouxe informações exclusivas que antecederam o desaparecimento da garota e revelou o possível envolvimento do homem no caso. Sara saiu de casa, em um prédio de Taguatinga Norte, na manhã de 16 de janeiro de 2022, avisando à mãe que iria ao JK Shopping com uma amiga. Ela nunca mais foi vista.

À época da publicação da reportagem, ao longo de três semanas, o Correio refez percursos, conversou com amigos e familiares da menina e chegou a um homem conhecido como Fernando. O nome era falso e ele usava dessa identidade para despistar a polícia e dar sequência a uma série de estupros contra adolescentes. Uma delas seria Sara. Jailton Silva dos Santos conheceu a menina na região da Estrutural, local onde ele morou por um bom tempo. O suspeito era proprietário de uma empresa de limpeza de estofados e convidou a garota para ajudá-lo no serviço.

Arquivo pessoal/PCDF - Suspeito foi preso em São Paulo e apresentou contradições
Kleber Sales/CB - Sara Morais
Darcianne Diogo/CB/D.A Press - Ana Cleide, mãe de Sara: depressão e remédios
Reprodução - Adolescente desaparecida há dois meses completaria 15 anos hoje

Foi em um desses dias de trabalho, que Sara se tornou mais uma vítima do criminoso. De acordo com familiares, Jailton convidou a garota a ir até à casa dele após o término do expediente. Lá, ele a teria dopado e a estuprado. A menina decidiu não registrar boletim de ocorrência por medo. Ao Correio, o delegado-chefe da 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), Mauro Aguiar, afirmou que Jailton foi indiciado pelo estupro de Sara e denunciado à Justiça pelo Ministério Público (MPDFT). “Há ainda outros dois inquéritos em que ele é acusado de estupro contra duas meninas. Elas vieram depor após o desaparecimento da Sara”, detalhou.

Após o sumiço da adolescente, Jailton se mudou do DF às pressas e passou a morar em São Paulo. Na capital paulista, ele começou a trabalhar em uma empresa de impermeabilização de estofados. O intenso trabalho de investigação das equipes da 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) resultou na captura do suspeito. Jailton foi preso em 8 de março em razão de um mandado de prisão condenatório pelo crime de roubo cometido em 2013, em Brazlândia. A operação contou com o apoio da Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCSP).

Contradições e suspeitas

As investigações da PCDF revelaram que Jailton passou a se ocultar em São Paulo após o desaparecimento de Sara ganhar notoriedade na mídia. O Correio apurou que, em depoimento prestado na delegacia de São Paulo, o suspeito negou envolvimento no sumiço da menina, mas admitiu conhecê-la. Contou, ainda, que certa vez a levou em casa após uma festa. Os policiais, no entanto, notaram uma contradição na versão contada. “Uma testemunha negou que ele tenha levado ela (Sara) para a casa. Sabemos que ele mentiu e isso só corrobora para que ele seja o principal suspeito desse sumiço”, frisou o delegado Mauro.

Outras ocorrências que acusam Jailton por estupro surgiram após o desaparecimento da Sara. Uma das vítimas relatou, pelas redes sociais, ter sofrido uma tentativa de homicídio. Segundo a jovem, ao sair de uma boate, foi abordada pelo suspeito, que insistiu que ela fosse com ele a uma after. Após a recusa, de acordo com a vítima, Fernando a segurou com força e os dois entraram em luta corporal. “Quando ele viu que não conseguiria me levar, pegou uma pedra e bateu contra a minha cabeça, me deixando tonta no chão e falando que iria me matar. Depois que fiquei tonta no chão, ele pediu para eu ir com ele ou morrer. Fingi que iria com ele e depois consegui fugir e fui à delegacia”, detalha.

Casa em Vicente Pires

Jailton morava na Estrutural, mas chegou a residir em algumas casas de Vicente Pires. O Correio apurou que duas das vítimas do suspeito contaram à polícia que, ao irem na casa dele, sentiram um forte odor no quintal da casa dele.

O imóvel ainda não foi identificado pela polícia. De acordo com o delegado Mauro, a divulgação da foto de Jailton pode ajudar na localização do endereço em Vicente Pires e de possíveis outras vítimas feitas por ele. “As diligências continuam no intuito de comprovar autoria e eventual paradeiro da jovem desaparecida. A ajuda da população, especialmente dos moradores de Vicente Pires, é crucial para acharmos essa casa e comprovar ou descartar qualquer coisa. As denúncias podem ser feitas pelo número 197 de maneira anônima”, concluiu.

Ainda não há informações sobre o paradeiro de Sara Carlos de Morais Silva.