Jornal Correio Braziliense

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Condenadas, árvores do Parque da Cidade oferecem riscos aos frequentadores

Levantamento feito pela Novacap revela que mais de 100 árvores do Parque da Cidade correm risco de cair. Pinheiros com o tronco podre receberam marcação e placas para evitar acidentes, como o que ocorreu no ano passado

As fortes chuvas e o maior movimento de visitantes no feriado de Páscoa reacendeu o alerta para acidentes no Parque da Cidade. Em maio do ano passado, a queda de um pinheiro podre atingiu um adolescente de 15 anos e jogou luz sobre os problemas do local, muito utilizado para piqueniques e churrascos. Quase um ano depois, um levantamento feito pela Novacap revela que mais de 100 árvores estão com risco de cair.

 

Os pinheiros próximos ao estacionamento 4 do parque, no sentido Setor Sudoeste, receberam marcações e sinalizações atentando sobre o perigo de queda de galhos. As árvores do local fazem sombra sobre churrasqueiras e parquinhos, além da ciclovia. No local há trânsito de pedestres, ciclistas e visitantes do parque, que são alertados por placas a não fazer uso de redes de balanços no ambiente.

De acordo com a Secretaria de Esporte e Lazer do DF, encarregada pela manutenção da vegetação do parque, os pinheiros que receberam a demarcação com "X" foram sugeridos para receber uma avaliação de técnicos da Novacap. A intenção seria extrair as árvores. Além disso, foi solicitado o isolamento do local aos órgãos competentes visando a segurança de quem frequenta o local.

Durante uma reunião entre a Novacap, a Administração do Parque e integrantes da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SUPAC-DF), por se tratar de área tombada, foi sugerida a elaboração de um plano de manejo, a fim de coordenar a melhor solução para o problema. Trocar os pinheiros por árvores típicas do cerrado é o plano inicial.

Apesar dos arredores estarem interditados, as árvores do Parque ainda não estão recebendo o devido tratamento, o que pode levar risco a quem transita por ali, onde já ocorreram acidentes envolvendo negligência na manutenção da vegetação do ambiente, como é o caso do adolescente atingido por uma árvore caída no ano passado.

Tragédia

No Dia das Mães do ano passado, a família de Pedro Miguel Rodrigues celebrava no Parque da Cidade. A data era especial para a mãe Luciane Rodrigues, grávida de dois meses, na época.

No meio da celebração um pinheiro apodrecido de 20 metros desabou. Carros ficaram destruídos, uma mulher quebrou a perna e Pedro foi atingido em cheio. O adoslecente de 15 anos sofreu uma parada cardiorrespiratória e perdeu o movimentos dos braços e das pernas.

Após dez meses, o sentimento da mãe do rapaz é um misto de revolta e tristeza. Luciane se desdobra para cuidar de Pedro e da irmã recém nascida de quatro meses. "Ele queria muito essa irmã, está participando deste momento, mas não pode abraçá-la. Estamos nessa situação que tirou totalmente nossa vida do rumo", lamenta.

Luciane e o marido contrataram advogados e juntaram a documentação necessária para processar o GDF. "Esperamos que com a prestação judicial, ele tenha o mínimo de dignidade. Alguém para cuidar dele 24 horas, uma casa sem escadas e com área verde para ele sair mais vezes, um professor para ele estudar. Esperamos que os gastos que nós estamos tendo sejam supridos. Uma vida mais normal e sentir que ele está vivo", conta emocionada.

Agora, Luciane acredita que esses pinheiros que ainda estão de pé podem repetir a história de sua família. "Infelizmente o nosso poder público confia na omissão e não toma as devidas providências no tempo certo. Porque, como, depois de acontecer isso, que parou a nossa vida e a do nosso filho, e eles continuam colocando em risco a vida de outras pessoas?", questiona.

Procurada, a Secretaria de Saúde afirma que a família de Pedro pediu o recebimento de fraldas e que essa solicitação foi atendida pela equipe de Atenção Primária em uma visita à casa da família. Além disso, a SES-DF garante que não há pendências quanto ao adolescente.

Atenção ao clima

As fortes chuvas que atingiram o Distrito Federal no início desta semana aumentam a preocupação de queda de pinheiros. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as rajadas de vento passaram dos 40 km/h, o suficiente para derrubar uma árvore saudável.

O instituto acrescenta que as ventanias são típicas do outono e devem permanecer até o fim do feriadão de semana santa. A estação é um período de transição de um período chuvoso e o tempo seco, o que causa instabilidades no clima. Ao decorrer do outono, a tendência é o aumento da temperatura, agravamento das chuvas e o clima progressivamente mais seco.

*Estagiários sob a supervisão de Márcia Machado

Cuidados

Não fique debaixo de árvores

Se abrigue em lugares fechados, como casas e prédios

Mantenha distância de árvores apodrecidas

Fique longe de cercas elétricas e fios de energia, o tronco pode puxá-los para baixo

Se estiver em um local com muitas árvores, procure uma área aberta

Fonte: Inmet

 

Mariana Lins - 04/04/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Pinheiros com risco de queda no Parque da Cidade
Mariana Lins - 04/04/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Pinheiros com risco de queda no Parque da Cidade
Mariana Lins - 04/04/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Pinheiros com risco de queda no Parque da Cidade
Mariana Lins - 04/04/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Pinheiros com risco de queda no Parque da Cidade
Mariana Lins - 04/04/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Pinheiros com risco de queda no Parque da Cidade
Mariana Lins - 04/04/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Pinheiros com risco de queda no Parque da Cidade
Mariana Lins - 04/04/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Pinheiros com risco de queda no Parque da Cidade
Mariana Lins - 04/04/2023. Crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press.Pinheiros com risco de queda no Parque da Cidade