Lugares paradisíacos, carros de luxo e festas badaladas. Era assim que integrantes de uma organização criminosa especializada em aplicar golpes bancários levavam a vida. Nesta terça-feira (4/4), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e prendeu quatro pessoas nos estados do Rio de Janeiro e da Bahia. A suspeita é de que o grupo tenha faturado cerca de R$ 3 bilhões com o esquema ilícito.
Breno Nunes Maselli, 21 anos; Thays Vilela Coutrim, 25; Felipe Barros de Carvalho, 28; e Luana Boaventura dos Santos, 29, são os presos na Operação Sízifo, desencadeada pela 38ª DP (Vicente Pires). As apurações começaram em julho de 2022, depois que um homem, de 72 anos, perdeu quase R$ 180 mil ao ser vítima do golpe.
No decorrer das apurações, os investigadores conseguiram mapear o modo de atuação dos golpistas. Os criminosos escolhiam as vítimas de forma estratégica, com preferência em idosos e, em posse dos dados pessoais e financeiros delas — obtidos por meio de centrais telefônicas clandestinas instaladas em empresas de fachada —, se passavam por funcionários da área de segurança de uma instituição financeira.
Usando o número 0800, os criminosos ligavam para as vítimas e diziam que as contas bancárias delas estavam sob a suspeita de fraude e, por isso, era necessário o encaminhamento dos documentos pessoais e de uma fotografia selfie para que fosse aberta uma nova conta em seus nomes, para onde o dinheiro deveria ser transferido.
Acreditando nos autores, as vítimas lhes encaminhavam os documentos solicitados. Após serem abertas as contas, os autores pediam a realização das transferências dos valores e, como as contas estavam sob a titularidade das vítimas (estavam em seu nomes), elas acabavam por transferir todos os valores que possuíam na conta bancária que acreditavam estar com suspeita de fraude. Desse modo, os clientes faziam o passo a passo orientado pelos golpistas.
De acordo com o delegado-adjunto da 38ª DP, Walber Lima, o dinheiro transferido pelos idosos para as novas contas eram destinados a empresas de fachada sediadas no Rio de Janeiro e na Bahia. Empresas essas do setor de consultoria, comércio de roupas e soluções financeiras.
Luxo
A polícia acredita que o grupo tenha feito mais de 100 vítimas em todo o território nacional. Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, os investigadores encontraram um documento supostamente resultado dos lucros obtidos pela quadrilha com os golpes, o que chegaria a um valor de mais de R$ 2 bilhões.
Ainda nos endereços ligados aos presos, foi encontrado um caderno de anotações com o nome de "Caçadores de dinheiro". "Além dos mandados de busca e prisão, a Justiça determinou o bloqueio de ativos financeiros no valor de R$ 127 mil dessas empresas", afirmou o delegado Walber.
O dinheiro, segundo as investigações, era usado pelos criminosos para viagens luxuosas nacionais e internacionais, como Miami e Londres, baladas e festas em comunidades do Rio. No Instagram, os golpistas faziam questão de ostentar.
A operação policial segue para a localização e apreensão de produtos e proveitos dos crimes praticados, o bloqueio de outros ativos financeiros, além da identificação de possíveis outras vítimas. Os investigados responderão pelos crimes de fraude eletrônica, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Caso condenados, por cada crime de estelionato praticado contra idosos os autores estarão sujeitos a uma pena que pode alcançar os 10 anos de prisão.
Pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, eles estão sujeitos a uma pena que pode alcançar 13 anos de prisão.