Política

"Está no limite da saúde física e mental", diz deputado após visita a Torres

Parlamentar visitou Anderson Torres no sábado. Torres expressou achar a prisão dele injusta, e teria chorado durante toda a visita

Pablo Giovanni
postado em 30/04/2023 14:00 / atualizado em 30/04/2023 14:01
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

O deputado federal Sanderson (PL-RS) visitou, no sábado (29/4), o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres. Ao Correio, o parlamentar contou que o ex-ministro de Bolsonaro está extremamente abalado e que só chorava durante a visita dele. Torres está preso preventivamente desde 14 de janeiro, acusado de omissão referente aos ataques golpistas na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro.

O parlamentar é o primeiro político a visitar o ex-secretário desde a prisão dele, após a permissão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “A situação do Anderson é bem ruim. Eu saí de lá do batalhão bastante preocupado (com ele), porque ele ficou praticamente todo o tempo chorando. Pelo que percebi, está no limite da saúde física e mental”, contou.

“Ele acredita que a prisão é injusta. Estão praticamente fazendo tortura psicológica com ele. Não está sendo fácil. Segundo ele, é o mais interessado em esclarecer tudo”, completou, em conversa com a reportagem.

Possível transferência para a Papuda

Moraes pediu, na sexta-feira (28/4), a avaliação da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) para a transferência ou não do ex-secretário Anderson Torres para um hospital penitenciário do Complexo Penitenciário da Papuda.

O magistrado apresentou duas possibilidades: a permanência de Torres no 4° Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), dando condições necessárias para garantir a saúde do ex-secretário, ou a transferência de Torres para a Papuda. Ao Correio, o secretário Wenderson Souza e Teles afirmou que passou a responsabilidade da resposta ao comandante-geral da PMDF, Klepter Rosa, já que é de responsabilidade da corporação os cuidados do 4° Batalhão da PMDF, no Guará, onde Anderson Torres está preso.

A decisão de Moraes ocorreu após a manifestação da defesa do ex-secretário, que entrou com um habeas corpus pedindo a prisão domiciliar de Torres, alegando um laudo psiquiátrico realizado por um profissional da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Esse exame, revelado pela colunista do Correio Ana Maria Campos, aponta que Anderson está extremamente deprimido, emagreceu mais de 10kg, e tem tomado medicação forte para se manter equilibrado.

O parecer aponta, inclusive, risco de suicídio, segundo integrantes da defesa do ex-ministro. Nesse período, ele tem recebido a visita apenas da esposa e dos advogados. A defesa entrou com um novo habeas corpus para levar a discussão da prisão domiciliar de Torres ao plenário do STF, após a liberdade ter sido negada pelo ministro relator Luís Roberto Barroso.

Senhas incorretas

A defesa do ex-secretário alegou que as senhas fornecidas pelo ex-ministro de Bolsonaro podem ter sido fornecidas de maneira equivocada por Torres por conta do estado de saúde dele.

A defesa argumentou que Torres apresentou a eles “algumas alternativas” de senhas para que a Polícia Federal pudesse ter acesso à nuvem do celular e dos e-mails do ex-gestor da SSP. Os representantes informaram que, apesar de Torres fornecer as senhas, não verificou se elas eram válidas ou não. À PF, na manhã desta sexta-feira (28/4), comunicou ao ministro Alexandre de Moraes que as senhas estavam incorretas.

"Ressalta-se ainda que, nos dias de hoje, é natural que os usuários não mais se preocupem em 'decorar' senhas, já que a modernidade permite que os aparelhos armazenem as senhas, com a possibilidade de utilização do 'face ID' ou mesmo de sua 'digital' para fins de acesso a seus dados pessoais, o que representa mais um empecilho para a memorização de senhas", argumentaram os advogados.

"À vista das informações prestadas pela psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que dão conta da gravidade do quadro psíquico do requerente, e dos medicamentos que lhe foram (e estão sendo) ministrados, é possível que as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o seu grau de comprometimento cognitivo", completou a defesa.

Por isso, a defesa afirmou que em decorrência do estado de saúde de Torres, com lapsos frequentes de memória e dificuldade cognitiva, a confirmação da validade das senhas, nesse momento, “revela-se sobremaneira dificultosa”. Para isso, a defesa sugeriu que Moraes expeça ofício à Apple e ao provedor “Uol” para que disponibilizem à PF a senha de todos os dados referentes à nuvem e e-mail de Torres.

O ex-gestor está preso desde 14 de janeiro, por suposta omissão dolosa — quando há a intenção — nos atos de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes. Ele está detido no 4° Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), no Guará. A defesa de Torres comunicou ao Correio que responderá aos questionamentos de Moraes dentro do prazo de 48 horas.

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