DIVERSIDADE

Cristal Chancellor: Representação feminina no jornalismo deve ser compromisso de todos

Jornalista e diretora de Comunicação do Women's Media Center falou à redação do Correio sobre presença, representação e desafios das mulheres na mídia

Cecília Sóter
postado em 24/04/2023 20:48 / atualizado em 24/04/2023 20:50
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A representatividade de mulheres na imprensa foi tema de palestra nesta segunda-feira (24/4), no auditório do Correio Braziliense. Em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos, o jornal promoveu o encontro da redação e com a jornalista e diretora de Comunicação do Women's Media Center, Cristal Williams Chancellor. Na palestra, ela falou sobre presença, representação e desafios das mulheres na mídia.

Durante sua fala, Cristal destacou que, embora a população mundial seja majoritariamente feminina, uma rápida olhada em uma redação de um jornal pode-se notar que as mulheres são sub-representadas. A jornalista apontou, ainda, que, quando se fala de jornalista mulher e de cor (incluindo negras, asiáticas, hispânicas e indígenas), o número é ainda menor. Ela explica que o papel do Women's Media Center (Centro de Mídia para Mulheres, em tradução livre) é engajar e lutar pela diminuição dessa disparidade.

Ela ressalta que a luta é importante para que a mídia possa ser justa e equitativa, “se quisermos contar histórias de todos, e não apenas de pequenos grupos, nem deixar de fora partes da sociedade”, alertou. “A pergunta que devemos fazer é: ‘Estamos sendo precisos na história que estamos contanto? Estamos sendo verossímeis no trabalho que estamos fazendo?”, refletiu.

A comunicadora avalia que os líderes das empresas de mídia, principalmente aqueles responsáveis por contratar, têm um grande papel na mudança de cenário quanto à presença das mulheres e pessoas de cor nas redações, porque são eles que determinarão quem está em sua redação, quais papéis serão atribuídos a cada um, quais matérias cobrirão, e se mulheres sentem ou não que podem compartilhar abertamente suas experiências. A subeditora de Opinião do Correio, Rosane Garcia, apresentou o evento, que contou ainda com a presença do adido de imprensa e porta-voz da Embaixada dos EUA, Tobias Bradford, no palco.

  • 24/04/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Palestra sobre presença e representação das mulheres na mídia. Com a presença da jornalista Cristal Willians Chancelor ( diretora de comunicação do Women's Media Center), Tobias Bradford (adjunto de impresa da Embaixada dos Estados Unidos) e a Rosane Garcia (repórter do Correio Braziliense) Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • A diretora de Redação, Ana Dubeux, e jornalistas do Correio marcaram presença no auditório Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • 24/04/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Palestra sobre presença e representação das mulheres na mídia. Com a presença da jornalista Cristal Willians Chancelor ( diretora de comunicação do Women's Media Center), Tobias Bradford (adjunto de impresa da Embaixada dos Estados Unidos) e a Rosane Garcia (repórter do Correio Braziliense) Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • 24/04/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Palestra sobre presença e representação das mulheres na mídia. Com a presença da jornalista Cristal Willians Chancelor ( diretora de comunicação do Women's Media Center), Tobias Bradford (adjunto de impresa da Embaixada dos Estados Unidos) e a Rosane Garcia (repórter do Correio Braziliense) Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • 24/04/2023 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF - Palestra sobre presença e representação das mulheres na mídia. Com a presença da jornalista Cristal Willians Chancelor ( diretora de comunicação do Women's Media Center), Tobias Bradford (adjunto de impresa da Embaixada dos Estados Unidos) e a Rosane Garcia (repórter do Correio Braziliense) Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Violência política

Cristal falou também sobre a recente onda de violência contra jornalistas, em especial as mulheres. A comunicadora citou a similaridade entre os ex-presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, afirmando que “ele [Trump] incentivou materiais contra mulheres no geral, contra jornalistas, considerando-as inimigas do Estado e, por isso, foi dado sinal verde para atacar as mulheres. O mesmo ocorreu com Bolsonaro, que também se sentiu livre para atacar, não apenas on-line, mas em qualquer situação”.

E acrescentou: “A esperança é que agora que ambas as administrações mudaram e há mais aceitação ao fato de que os jornalistas são importantes para contar a história, isso possa trazer algumas mudanças. Obviamente ainda há um longo caminho a percorrer e ainda há algumas pessoas on-line que acham que não há problema em assediar jornalistas durante o exercício do trabalho.”

Women's Media Center

O Women's Media Center é uma organização sem fins lucrativos que realiza pesquisas e defende a visibilidade das mulheres na mídia, ampliando as vozes delas sobre questões-chave no diálogo nacional, combatendo o sexismo e o preconceito contra as mulheres na mídia, com o intuito de aumentar as oportunidades profissionais em todas as plataformas, por meio de treinamento, defesa e desenvolvimento de conteúdo original.

Um dos projetos desenvolvidos pela organização é o ‘SheSource’, um banco de dados on-line de mulheres especialistas com experiência em mídia. Nele, é possível localizar não somente jornalistas, como também profissionais de destaque nos assuntos a serem abordados na matéria jornalística. Você pode acessar neste link: bit.ly/3Hb7Wtw.

Além disso, a ONG produz e disponibiliza relatórios sobre a representatividade da mulher no jornalismo no seu país, entre eles o The Status of Women in the U.S. Media e The Status of Women of Collor in the U.S. Media 2018. Acesse neste link: https://bit.ly/41TO9XB.

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