O clima de confraternização em família e de empolgação pela vida foram marcas da Maratona Brasília 2023, ontem, no 63º aniversário da capital federal. Nessa grande celebração, o Correio ouviu sobre a motivação de pai e filho correndo lado a lado, de uma mãe com bebê no carrinho e de um atleta que superou a depressão e aproveitou a chance para espalhar mensagens positivas.
O professor de educação física da rede pública Pedro Rosa, 38, saiu de Ceilândia Norte para fazer o percurso de 10km na companhia do pai. Benedito Rosa, 71, começou nesse esporte em 2014 por influência do filho e para melhorar a saúde. “Temos seis corridas juntos, e é prazeroso, porque tudo que você faz sozinho é mais difícil, mas é uma terapia”, opina Pedro.
Benedito brinca que o filho é o professor e ele, o aluno. “Pedro correu um pouco na minha frente, mas vai cada um no seu ritmo. Ele é minha inspiração para correr desde quando a médica disse que eu precisava praticar alguma atividade física para diminuir o colesterol”, conta o aposentado. A relação dele com Brasília é antiga — em 1973, ajudou a construir o antigo Estádio Mané Garrincha. “Estar nessa corrida é especial, pois trabalhei como operário na obra", relembra.
Parte do trajeto dos dois pelo Eixo Monumental foi visto pela outra filha de Benedito, a analista ambiental Larissa Rosa, 39, que estava com a afilhada Valentisa Rosa, 8. Às 6h55, as duas estavam posicionadas na grade para acompanhar a largada. “É um orgulho vê-los correndo juntos, por isso que viemos aqui para prestigiar esse momento”, comemora.
Antônio Ferreira Alves, 61, conhecido como Toninho Maratonista, levou um capacete com uma placa pendurada citando o combate à depressão, o humorismo e a dança, que ele divulga em um canal do YouTube. “Corri a minha primeira maratona Brasília de 1992 e saiu uma reportagem minha no Correio Braziliense em 19 de abril daquele ano. Hoje foi uma maravilha. O corpo tem que suar", brinca o corredor da prova de 42km.
Com luvas para secar o suor durante o trajeto pelas Asas Sul e Norte, Toninho fala que levou para o evento uma bagagem espiritual e experimental. "Estou divulgando a minha super filosofia de vida, de como eu sobrevivi a mais de três depressões bipolares. E a corrida me ajudou nisso", celebra o maratonista.
Primeira inscrita
Moradora da Asa Norte, Raissa Rossiter, 62, foi a primeira a se inscrever na Maratona Brasília 2023. Emocionada ao cruzar a linha de chegada após 5km, a diretora do Departamento de Artesanato e Microempreendedorismo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços destaca que a experiência foi maravilhosa e desafiadora. “Correr é um negócio que tem muito benefício para a vida das pessoas, individual e coletivamente. Estou muito feliz”, vibra.
Raissa revela que ficou gripada há duas semanas e muita gente a desaconselhou a participar da prova. “Eu vim e concluí essa meta. Que essa seja a primeira de muitas. Quem sabe eu ainda não corro uma maratona”, prevê, destacando que Brasília é uma referência de vida ao ar livre e que isso deve ser potencializado na cidade. "Tem um objetivo maior de dar visibilidade à luta pelo fim do feminicídio e a violência contra a mulher. O autocuidado é uma forma de se empoderar”, completa.
Vivendo em Goiânia há cinco anos, Sarah Souza, 37, aproveitou a oportunidade de correr pela primeira vez na capital, onde nasceu e foi criada. Para acompanhá-la, a contadora levou a filha Heloísa, 2. Puxando o carrinho da menina, Sarah festejou ao cruzar a linha de chegada. “É muito bom. Já participamos de muitas provas em Goiânia, mas eu sou natural de Brasília. Para mim, correr aqui era uma vontade antiga”, diz. “Toda vez que venho para Brasília parece que tenho borboletas no estômago. É paixão mesmo”, brinca.
Há um ano, a família começou a correr. Sarah é adepta da modalidade também ao lado do filho de 7 anos e de um grupo de corredores da capital goiana. “É ótimo, porque é um desafio. No caso de ir com a Heloísa, o carrinho é pesado e o tempo é outro, pois tenho que respeitar o tempo dela”, explica. A contadora conta que a filha acorda motivada para correr. “Isso é um incentivo para eles (filhos) e quero que vivenciem isso, porque a corrida é vida, alivia o estresse. A gente acorda cedo, mas ganha o dia todo após correr”, garante.
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