Operação Taliones

Gangue do Pombal: veja quem são os traficantes que aterrorizavam moradores

A comunidade da região do Pombal, em Planaltina, vivia sob a custódia dos criminosos. Aqueles vistos como ameaçadores eram expulsos de casa. Nesta quarta, a PCDF prendeu cinco membros da gangue

Darcianne Diogo
postado em 19/04/2023 18:15 / atualizado em 19/04/2023 18:16
Traficantes atuavam na região de Planaltina -  (crédito: Material cedido ao Correio)
Traficantes atuavam na região de Planaltina - (crédito: Material cedido ao Correio)

Conhecidos por alastrar terror e pânico aos moradores de Planaltina, integrantes da gangue do "Pombal" estão envolvidos com tráfico de drogas, homicídios, roubos, porte ilegal de arma de fogo, ameaças e coação no curso do processo. Na manhã desta quarta-feira (19/4), investigadores da 31ª Delegacia de Polícia desencadearam a Operação Taliones e prenderam cinco integrantes da organização criminosa. Nesta reportagem, o Correio revela as identidades dos criminosos e como eles se dividiam para a prática dos crimes.

O grupo era monitorado pela polícia havia pelo menos três anos. Apontado como o líder da organização criminosa, Mauro de Souza Oliveira era o responsável por cooptar jovens para o esquema, ordenar assassinatos e atribuir funções a cada um para a venda de drogas. O traficante de 41 anos foi condenado pela morte de um policial militar aposentado e passou quase 12 anos detido no Complexo Penitenciário da Papuda. Ao sair do cárcere, fazia questão de se gabar e contava a todos sobre o homicídio que havia cometido.

Em 17 de março, Mauro foi assassinado a tiros, próximo a uma quadra de esporte, no Bairro Buritis II, em Planaltina. A notícia foi publicada em primeira mão pelo Correio. Segundo as investigações, o criminoso pretendia reassumir o comando de uma das áreas do tráfico de drogas da cidade, o que teria incomodado os traficantes da região.

Atuação e divisão de tarefas

Antes de ser assassinado, Mauro aterrorizou os moradores de Planaltina e deu poder aos traficantes menores para cometer crimes graves, como o homicídio de uma usuária de drogas conhecida pela comunidade. Marilândia Soares Prades comprava entorpecentes de Murilo Gomes e Nailton Sales, ambos integrantes da gangue do Pombal e encarregados da venda de crack e cocaína em um ponto conhecido como “Quina da Adidas”.

Após uma operação policial da 31ª DP, em 9 de fevereiro, Murilo e Nailton foram detidos por tráfico de drogas e Marilândia prestou depoimento como testemunha. Mas a oitiva da mulher chegou aos ouvidos de Mauro e, naquele mesmo dia, Marilândia passou a ser procurada pelos criminosos, sob a acusação de ter "entregado" os dois traficantes. À época, os policiais prenderam ainda Paulino de Souza Guedes, o Paulinho Rabiola; Carlos Alberto da Silva Santos, o Pezão; Francisco de Assis Monteiro Vilar; e José Roberto de Sousa Nascimento, o Gordinho. Todos eles integravam o núcleo da gangue.

Desde o fim de 2022, a PCDF prendeu ao menos 20 pessoas na região do Pombal. O alto número de integrantes da organização criminosa detidos fez com que Mauro agisse para dificultar o trabalho da polícia. Para ele, as ações de repressão causavam prejuízo ao grupo e baixa no fluxo da venda de crack, além da perda de "espaço". O primeiro plano traçado por Mauro foi a execução de Marilândia. Ele acreditava que a mulher agia em prol dos investigadores.

Marilândia e o namorado passaram a ser caçados pelos traficantes. Na noite de 18 de fevereiro, um grupo de homens invadiu a casa da vítima, espancou o namorado dela e ateou fogo no imóvel. Ela não estava na residência neste dia. Mas quatro dias depois, a vítima foi localizada e assassinada com uma facada no pescoço.

Os bandidos mataram e atearam fogo na casa de uma mulher em fevereiro deste ano
Os bandidos mataram e atearam fogo na casa de uma mulher em fevereiro deste ano (foto: Divulgação/PCDF)

O homicídio foi praticado por Lucas de Jesus, o Manabú, considerado foragido. Manabú devia uma alta quantia de drogas ao chefe, Mauro, mas em troca do “perdão” da dívida, ele deveria cometer o assassinato.

Lei do silêncio

A morte de Marilândia escancarou a frieza e crueldade da gangue do Pombal. A "lei do silêncio" imposta pelos traficantes deixou moradores aterrorizados e sob a custódia de Mauro. O traficante expulsava das casas quem ele achava ameaçador e que pudesse atrapalhar nos negócios do tráfico.

Até a própria mãe do traficante foi vítima de violência doméstica. A mulher relatou à polícia sofrer agressões e xingamentos constantes por parte do filho. Ela chegou a pedir medida protetiva contra Mauro, mas o criminoso a descumpriu e acabou preso.

Quem é quem

Nesta manhã, a PCDF prendeu cinco envolvidos na gangue. Todos tinham uma atribuição no grupo. "Ao tentarem se restabelecer na região, os integrantes da gangue do Pombal ameaçaram diversos populares, coagindo-os e impondo-os a lei do silêncio, razão pela qual se fez necessárias as prisões de seus principais integrantes”, afirmou o delegado-adjunto da 31ª DP, Veluziano de Castro.

Os presos são: Paulo Victor dos Santos, o galego; José Roberto de Sousa Nascimento, o Gordinho; Washington Dias Araujo Costa (preso pela PM na noite dessa terça-feira por receptação de veículo); Francisco de Assis Monteiro Vilar; e Bruno Alves de Oliveira. Permanecem foragidos Fabrício Eder e Lucas de Jesus.

Fabrício Eder

Acumula antecedentes por porte ilegal de arma de fogo, organização criminosa e tráfico de drogas. Quando adolescente, se envolveu em homicídio tentado, latrocínio tentado, roubo, furto, tráfico de drogas e receptação. Fabrício atuava na Quina da Adidas na venda de entorpecentes.

Washington Dias Araujo Costa

Estava na linha de frente da gangue do Pombal, onde coordenava o tráfico de drogas e outras atividades do grupo, como ameaças, coação e proteção das bocas. Ele tem passagens por tráfico, roubo, porte ilegal de arma de fogo e homicídio, ocasião em que assassinou um usuário de drogas e homossexual, em 2020.

Paulo Victor dos Santos

Ocupava a posição na coordenação da gangue e era braço-direito de Mauro nas atividades da organização criminosa. Ele tem passagem por receptação.

José Roberto de Sousa Nascimento,  Carlos Alberto da Silva Santos e Francisco de Assis Monteiro Vilar

Os três eram integrantes da gangue. José atuava como coordenador na Quina da Adidas; e Francisco e Carlos eram da linha de frente e ficavam responsáveis por receber usuários, repassar a droga e o dinheiro aos líderes.

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