Executivo

Após 100 dias, saúde é o grande desafio de segundo mandato de Ibaneis Rocha

De volta ao cargo e após os cem primeiros dias do segundo mandato, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, tem cobrado realizações urgentes e execução dos compromissos assumidos. Três hospitais devem ser construídos

Ana Maria Campos
postado em 10/04/2023 05:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Passados os cem primeiros dias de gestão, completados nesta segunda-feira (10/04), o governador Ibaneis Rocha (MDB) tem pela frente três anos, oito meses e 20 dias para cumprir seu plano do segundo mandato.

Há muitos desafios, mas o maior, sem dúvida, é a saúde. Melhorar o atendimento na ponta, construir hospitais, reduzir a fila de cirurgias eletivas, que cresceu em decorrência da pandemia de covid-19, e contratar servidores são algumas das pautas a serem cumpridas.

Em 66 dos 100 dias, Ibaneis Rocha esteve afastado do Buriti, como reflexo dos atos de 8 de janeiro
Em 66 dos 100 dias, Ibaneis Rocha esteve afastado do Buriti, como reflexo dos atos de 8 de janeiro (foto: Ed Alves/CB/DA.Press)

O chefe do Executivo local assegurou que pretende construir três hospitais, mantendo uma promessa de campanha. E vai começar pela unidade do Recanto das Emas. Há três semanas, foi publicado o edital de aviso de licitação para contratar a empresa responsável pelo projeto e pela obra do novo hospital. O valor estimado de contratação é de R$ 147.638.223,91.

A unidade terá 100 leitos, sendo 60 de internação adulta, 30 de internação pediátrica e dez de UTI pediátrica. Além disso, a unidade contará com centro cirúrgico com duas salas de cirurgia, pronto-socorro e instalação moderna de ar condicionado.

Ibaneis se comprometeu também com a construção dos hospitais do Guará e de São Sebastião. O GDF tem ainda dois projetos: o Hospital do Gama e o Hospital do Servidor. Mas ainda precisa resolver problemas de atendimento preventivo, antes de apostar na medicina hospitalar. Médicos avaliam que a política deveria ser investida com melhor atendimento, principalmente para crianças e mulheres.

Na questão das filas de cirurgias eletivas, o Governo do DF firmou convênios com hospitais particulares. A Câmara Legislativa aprovou a transferência de R$ 24 milhões para as cirurgias e o governo federal liberou outros R$ 12 milhões. Mas é como disse a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio: muitas vezes a vontade de fazer "esbarra na burocracia".

Problemas crônicos

O líder do PT na Câmara Legislativa, Chico Vigilante, acredita que a saúde é mesmo o maior desafio. "Temos um Fundo Constitucional que destina R$ 20 bilhões para o DF. Não há justificativa para termos uma saúde pública com tantos problemas. São problemas crônicos, que vêm de décadas. Mas o governador Ibaneis tem o desafio de oferecer bons serviços", afirma o petista. "Com a crise no país, muita gente deixou de ter plano de saúde e procura os hospitais públicos. É urgente melhorar o atendimento", acrescenta Vigilante.

Para o deputado distrital Fábio Félix (PSol), o caminho é longo. "Acho que vivemos uma tragédia sem tamanho na saúde que não vem de agora mas que não temos perspectiva de melhora. Isso traz uma angústia enorme para a população.

O secretário de Relações Institucionais do DF, Agaciel Maia, destaca que a saúde é mesmo o maior desafio do governador Ibaneis Rocha e ele tem dado prioridade à área. "A principal luta do governador é terminar de organizar a saúde do Distrito Federal", garante. O secretário de Família e Juventude, Rodrigo Delmasso, aponta as prioridades na sua visão. "Estruturar o atendimento da atenção primária, com o objetivo de desafogar os hospitais e UPAS", afirma. 

"Temos buscado incansável e incessantemente ampliar o acesso da população do Distrito Federal às ofertas do SUS quer sejam em cirurgias, consultas ou exames. Nessa esteira, citamos a fila das cirurgias eletivas que está em processo de conclusão para dispararmos a realização dos procedimentos", diz a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, sobre os desafios da sua pasta.

Para o líder do governo na Câmara Legislativa, Robério Negreiros (PSD), a saúde, segurança e geração de empregos são prioridades de Ibaneis. "Os maiores desafios do atual governo são a saúde pública, a readequação da segurança pública e geração de emprego e renda após a pandemia", ressalta.

 

"Não há justificativa para termos uma saúde pública com tantos problemas. São problemas crônicos, que vêm de décadas"

Chico Vigilante (PT), líder da oposição

 

Segurança na mira

Com repasse previsto para 2023 de R$ 22,9 bilhões, o Fundo Constitucional deve destinar R$ 7,1 bilhões para a saúde, R$ 5,6 bilhões para a educação e R$ 10,1 bilhões para a segurança. Nesta área, Ibaneis também precisa focar.

A segurança foi o setor que provocou o maior desgaste dos dois mandatos de Ibaneis até o momento, com o vandalismo e invasões na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Essa questão levou o meio político a avaliar a possibilidade de reduzir o repasse do Fundo Constitucional do DF ou criar uma guarda nacional para fazer a segurança dos prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal. A medida também pode provocar uma redução dos repasses do Fundo.

O inquérito sobre as responsabilidades pela falha na segurança na Praça dos Três Poderes tramita no STF, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Também há uma investigação em curso na CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa. O próprio governador é alvo do inquérito, além do ex-secretário de Segurança Anderson Torres, que completa três meses preso nesta semana.

Enquanto isso, a área de segurança segue em busca de ultrapassar obstáculos. Segundo o secretário da área, Sandro Avelar, são vários. "Enfrentar, com o engajamento e a presença nas ruas da PM, Bombeiros, Polícia Civil e Detran questões cruciais como o sentimento de medo pela população, diminuindo os crimes contra o patrimônio e os praticados em ambiente escolar; dar especial atenção aos crimes contra a mulher, especialmente o feminicídio", enumera o chefe da pasta.

Avelar acrescenta que outro desafio é manter a redução dos índices da criminalidade violenta, mesmo após dois anos de pandemia, "quando eventos em massa foram suspensos e grande parte da população permaneceu em casa". Ele é dos defensores do reajuste das forças de segurança, outro objetivo do governo. Esse, aliás, é um outro desafio a ser vencido que têm contado com a ajuda de vários políticos.

Como o reajuste de 18% depende de aval federal, parlamentares do DF têm buscado apoio da Esplanada dos Ministérios. O deputado federal Rafael Prudente, que é presidente regional do MDB, esteve na semana passada com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, de seu partido. Estava acompanhado dos deputados distritais Hermeto (MDB), Roosevelt Vilela (PL) e do presidência da Câmara Legislativa, Wellington Luiz (MDB). Foram pedir empenho para que o aumento saia.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, ex-interventor da segurança do DF, também prometeu ajudar. Ele recebeu na semana passada representantes dos sindicatos da Polícia Civil do DF e a deputada distrital Jane Klebia (Agir).

Se sair, o aumento esperado desde o início do governo de Rodrigo Rollemberg pelas forças de segurança será um gol do governador Ibaneis Rocha.

Um melhor ambiente

Para o secretário da Família e Juventude, Rodrigo Delmasso, Ibaneis tem outros dois importantes desafios, além de melhorar a saúde pública. São eles: criar um ambiente para atrair novas empresas e manter as que já estão no DF, com o objetivo de gerar empregos; e erradicar a fome nas regiões vulneráveis do DF.

Os deputados distritais do PSol, Fábio Félix e Max Maciel, têm se dedicado a debates sobre transporte e tarifa zero. Félix defende uma reforma total. "No transporte, é preciso uma mudança estrutural porque hoje estamos reféns dos grupos empresariais que prestam serviço de péssima qualidade e o governo não atua de forma firme da fiscalização", diz.

Já Max Maciel defende uma nova política para a mobilidade. "Temos muitos desafios no Distrito Federal. O transporte público é um deles. Ampliação de vias e investimentos em viadutos são soluções a curto prazo. Precisamos de uma política que aposte no transporte coletivo e garanta mais dignidade às pessoas que se locomovem diariamente pelo DF", afirma o distrital.

 

"Vamos agora colocar o governo em pleno funcionamento, com muitas realizações na área de saúde, educação, social, mobilidade, habitação e muitas obras"

José Humberto Pires, secretário de Governo

 

Pé no acelerador

O secretário de Governo, José Humberto Pires, diz que o governador Ibaneis Rocha retornou à gestão, com o "pé no acelerador" e tem cobrado muito dos secretários para as entregas urgentes. "Vamos agora colocar o governo em pleno funcionamento, com muitas realizações na área de saúde, educação, social, mobilidade, habitação e muitas obras", diz.

Segundo José Humberto, há obras para entregar, como o Túnel de Taguatinga, e lançar outras até o segundo semestre. "O governador tirou esses primeiros 15 dias (da volta) para organizar o governo, embora a governadora em exercício (Celina Leão) tenha conduzido muito bem", ressalta o secretário. "Agora é hora de apresentar as realizações", finaliza Pires.

 

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