O que começou com um papo despretensioso fez a alegria de 300 crianças carentes da região de Sol Nascente/Pôr do Sol. Há cerca de um mês, um grupo de amigos resolveu arrecadar caixas de chocolate para doar na Páscoa. A iniciativa — em princípio, pequena — conquistou mais adeptos e foi além do esperado. Neste fim de semana, as guloseimas foram entregues para felicidade de quem, provavelmente, não teria uma festa tão doce.
“Foi nossa primeira ação, mas o resultado foi tão positivo e gratificante que já estamos pensando em outras datas e mapeando mais regiões”, conta o conselheiro tutelar por Taguatinga João Felipe d'Avila, de 32 anos, um dos idealizadores da doação. “Escolhemos o Sol Nascente, pois muitos voluntários são de Ceilândia e conhecem bem o cotidiano dessas famílias”, explica.
De acordo com João Felipe, no início de março, os amigos começaram a se mobilização. “Éramos, inicialmente, apenas oito colegas. Acionamos grupos de Whatsapp, redes sociais e familiares. Cada pessoa foi sensibilizando mais um doador, e mais um e mais um. De forma inacreditável chegamos a 300 caixas. Queríamos algo que atendesse muitas crianças, mas não imaginávamos chegar a essa quantidade”, comemora o conselheiro tutelar.
Maria Ildete, de 29 anos, mãe de duas das meninas contempladas, comemorou e agradeceu pela iniciativa. “Se não fossem esses meninos, eu realmente não sei como seria essa Páscoa. Além do chocolate, vieram aqui, brincaram com minhas filhas e nos proporcionaram um dia diferente”, destaca a dona de casa. “Na época da política, aqui chovia de candidato. Hoje, veio quem realmente se importa conosco”, completa.
Maior do país
No fim do mês passado, o Sol Nascente se tornou a maior favela do Brasil, segundo dados da prévia Censo 2022, do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, a região ultrapassou a Rocinha, no Rio de Janeiro, em número de domicílios.
De acordo com a pesquisa, atualmente, o Sol Nascente tem 32.081 domicílios, enquanto a Rocinha tem 30.955. Em comparação com 2010, a favela da capital cresceu 31%, enquanto a região do Rio de Janeiro aumentou 20%.
“Não aceito que esse local seja chamado de favela. Há uma grande necessidade de infraestrutura, com certeza. Porém, conheço outros lugares no eixo Rio-São Paulo, que realmente são favelas. Sol Nascente em nada se assemelha a esses locais”, finaliza João Felipe d'Avila.
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