Oito trabalhadores foram resgatados de uma fazenda no Novo Gama, no Entorno do Distrito Federal, em 31 de março, por auditores-fiscais do trabalho. A operação teve início em 29 de março. Segundo a fiscalização, os homens estavam sendo submetidos a condições análogas à escravidão no serviço de derrubada e corte de eucaliptos para produção de carvão vegetal.
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Segundo a inspeção do trabalho, os trabalhadores foram encontrados derrubando eucaliptos sob torres de transmissão de eletricidade em alta tensão, sem banheiro, sem fornecimento de vestimenta de trabalho e sem treinamento para usar as motosserras que operavam. Além disso, eles tinham apenas uma garrafa pequena de água cada um, para beber durante todo o dia de trabalho, sem que a água bebida fosse filtrada. A água vinha de uma caixa d’água sem tampa e com girinos dentro.
Os trabalhadores tinham que preparar a própria refeição, às 3h da manhã, em forno de lenha coletada por eles mesmo na mata. A comida disponível era só porções de ossos com pouca carne e arroz. Eles também se alimentavam sentados sob o sol, entre os próprios troncos de árvores de eucalipto que haviam derrubado. A rotina de trabalho deles tinha início às 6h para terminar 17h.
Além de tudo isso, os trabalhadores eram alojados em casa precária a sete metros de um chiqueiro. Por isso, o alojamento estava sempre com intenso mau cheiro. Não havia água quente para banho, vários trabalhadores tinham que dormir no chão, o banheiro não possuía descarga em funcionamento e nem higiene porque não havia ladrilhos.
Tráfico de pessoas
De acordo com a investigação, os trabalhadores foram trazidos do interior do Maranhão pelo contratante. Para atrair os homens, o suposto empregador usava das próprias vítimas que voltavam a cidade de origem para convidar outras pessoas e assim poder sair do serviço, ao serem substituídos por outras pessoas. O empregador, então, levava os trabalhadores recrutados para fazendas que faziam parceria com ele pela força de trabalho barata em troca da partilha das árvores derrubadas.
Ainda segundo os trabalhadores, alguns deles haviam sofrido cortes graves com facão nas pernas enquanto golpeavam os eucaliptos derrubados. Diante dos cortes nas pernas, o empregador lhes respondia que, se parassem de trabalhar, não teriam o pagamento da diária de trabalho. Se algum dos trabalhadores quisesse voltar à cidade onde residia, recebia a resposta de que deveria procurar o retorno por seus próprios meios a partir da fazenda onde estavam.
Os trabalhadores informaram que o empregador oferecia determinada quantia por diária de derrubada de eucaliptos, mas sempre deixava de pagar boa parte do valor combinado, e que os trabalhadores pagavam para ter dele os alimentos fornecidos no alojamento. Por isso, segundo eles, não sobrava dinheiro para que eles pudessem voltar para casa.
O proprietário da fazenda em que se encontravam os trabalhadores e o empregador foram notificados tanto a retirá-los de imediato para um alojamento decente quanto para formalizar os vínculos de emprego, e pagar todas as verbas trabalhistas devidas.
Participaram da operação o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU) e a Polícia Federal (PF).
Denúncias
Entre 2019 e 2022, 193 pessoas viveram em condições análogas à escravidão no Distrito Federal. Somente em 2022, 18 trabalhadores foram encontrados nessas condições no DF. Denúncias podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê: www.ipe.sit.trabalho.gov.br.
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