As forças de segurança do Distrito Federal prepararam um forte esquema para a chegada do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que desembarcou no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek por volta das 6h40 desta quinta-feira (30/3). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), o planejamento ocorreu dentro do esperado.
Ao Correio, o secretário da pasta, Sandro Avelar, classificou a operação como "perfeita". "Foi um sucesso. A gente conseguiu realizá-la de uma forma que houvesse prejuízo mínimo à população", ressaltou. "Somente da PM, o efetivo utilizado chegou a cerca de 700 militares. Isso sem considerar as outras forças (de segurança)", detalhou. Segundo Avelar, nenhum tipo de ocorrência foi registrada durante todo o dia. "Não houve nenhuma notícia sobre tumultos. Acho que a população compreendeu bem o momento que estamos", comentou.
O secretário destacou que os maiores efetivos se concentraram no aeroporto, no Complexo Brasil 21 (sede do partido de Bolsonaro) e na Esplanada/Praça dos Três Poderes. Ele também revelou que o contato entre a pasta e a chefia de segurança de Bolsonaro será mantido. "Isso para que possamos alinhar possíveis novos esquemas de segurança, por conta da agenda do ex-presidente aqui no DF", pontuou.
Trânsito
Na região central e nas imediações do aeroporto, o sobrevoo de helicópteros chamou a atenção. Na Estrada Parque Aeroporto (Epar), o fluxo de carros foi mais intenso do que nos outros dias, devido à presença de apoiadores que foram receber o ex-presidente no Aeroporto de Brasília. Os motoristas que trafegam sentido balão do aeroporto enfrentaram congestionamento. Mesmo assim, Sandro Avelar elogiou a atuação dos órgãos de trânsito. "Também foi perfeita. Os congestionamentos ficaram dentro daquilo que era esperado para esse dia atípico", calculou Avelar.
A Esplanada teve movimentação tranquila. Não houve interdição nas vias, e as forças de segurança fizeram reforço no monitoramento, para evitar quaisquer ameaças. Integrantes da Polícia Militar informaram à reportagem que eles permaneceram na Esplanada até o fim da manhã, para evitar qualquer manifestação.
O Quartel-General (QG) do Exército de Brasília amanheceu sem bloqueios de vias e vazio. Desta vez, apoiadores do ex-presidente não buscaram refúgio no local, como fizeram após o resultado da eleição que deu a vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A equipe do Correio percorreu o local por volta das 9h de ontem e o clima era de tranquilidade. O fluxo de veículos seguiu normal e sem a presença de apoiadores do ex-presidente.
Algumas caravanas de apoiadores de Bolsonaro vieram ao Distrito Federal. No entanto, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) informaram que, até por volta das 8h de ontem, não foi registrado aumento expressivo de ônibus vindos de outros estados. A chegada deles era esperada pelas forças de segurança. Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, o superintendente da PRF/DF, Igor Ramos, informou que a corporação iria trabalhar no monitoramento do fluxo de informações de forma preventiva.
Na BR-060, foi registrado o aumento da presença de ônibus de turismo. Alguns deles tinham placas do Mato Grosso e de Goiás. As principais rodovias de acesso a Brasília amanheceram congestionadas, mas, segundo os agentes da Polícia Rodoviária Federal, o fluxo de carros foi o esperado para as primeiras horas do dia. A reportagem também percorreu a BR-020, onde constatou a lentidão da rodovia.
Esperança frustrada
No aeroporto, pouco tempo antes do voo pousar, equipes da Polícia Militar (PMDF) e do Departamento de Trânsito (Detran-DF) controlavam algumas centenas de apoiadores, que se concentraram próximo ao portão de desembarque internacional desde a madrugada. Assim que o avião tocou o solo, eles cantaram o Hino Nacional e entoaram o coro de "Deus, pátria, família e liberdade" — bandeiras defendidas durante a campanha de Bolsonaro —, na esperança de que Bolsonaro aparecesse.
Mas foi em vão. Seguindo o protocolo montado pela Polícia Federal (PF), os agentes entraram no avião e encaminharam Bolsonaro até um carro da corporação. Esse é o procedimento padrão para ex-presidentes, quando não saem diretamente no saguão do aeroporto. De lá, ele seguiu até o Complexo Brasil 21, onde fica a sede do PL.
Empresário do ramo de agronegócio, Lúdio Marcondes, 42 anos, estava no prédio. Ele veio de Campo Grande (MS) para acompanhar a volta do ex-presidente ao país. "Bolsonaro sempre foi brasileiro e lutou contra o sistema, por isso que rodei mais de mil quilômetros para honrá-lo. Ele representa uma figura de patriotismo e de amor. Fala tudo que nós gostaríamos de falar", enfatizou.
Segurando um megafone e com uma bandeira do Brasil enrolada ao corpo, Lúdio disse ser um admirador da história de Bolsonaro. "Criticam a maneira dele falar, mas ele é um homem que está há mais de 28 anos lutando contra um sistema corrupto", comentou. O empresário conta que foi ao aeroporto, mas não conseguiu ver o ex-presidente. Então, seguiu para o Brasil 21, onde ficou celebrando a volta do político nas proximidades.
Futuro
Com camisa e bandeira do Brasil, a mineira Leila Ramos, 40, também acompanhou a chegada do ex-presidente ao complexo, onde fica o escritório do partido. "Nosso grande líder Bolsonaro ressuscitou a direita no Brasil e trouxe o patriotismo de volta. Ele nos mostrou o país com uma política diferente, sem corrupção", destacou a moradora do Cruzeiro. Para a empresária, a expectativa da direita conservadora do país, com a volta de Bolsonaro, é um futuro promissor. "Ele é um homem de Deus, pátria e família, que era tudo que a gente precisava. É um símbolo da direita brasileira. Nós perdemos o dia e a semana para salvar o resto da nação no futuro. Ele voltou com esse intuito", ressaltou Leila.
De acordo com a amazonense Kayna Munducuru, 40, o sentimento é de felicidade com a volta. "A esperança do povo renasceu, esse dia é muito importante para nós", exclamou. A radialista comentou que ele nunca deveria ter saído do país, lugar que é dele por nascença. "A expectativa é que o povo se una, parem de se dividir. Espero que a perseguição pare, temos que nos unir em volta de um Brasil sem fome, com emprego e qualidade de vida", avaliou a amazonense.
O administrador Ribamar Moreira, 37, disse que o retorno do ex-presidente representa alegria e esperança para o país. Ele foi até o aeroporto para acompanhar a chegada de Bolsonaro e depois seguiu para o Brasil 21. "A expectativa é mostrar que o povo brasileiro continua lutando. Temos que nos manter firmes e a volta dele nos trouxe esperança de um futuro próximo melhor", destacou o morador de Taguatinga.