Jornal Correio Braziliense

NO "LIMBO"

No 50º aniversário, elenco da Via Sacra de Planaltina protesta por recursos

Diante da falta de recursos para a execução do projeto, grupo de voluntários protestaram, na tarde desta terça (28/3), no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal

A Via Sacra de Planaltina, patrimônio imaterial do Distrito Federal, corre o risco de não ser realizada este ano. O evento, incluído no calendário oficial, é um dos maiores espetáculos cênicos da região, realizado na Semana Santa, no Morro da Capelinha.

Em 2023, a encenação celebra 50 anos de existência, mas sem motivos para comemorações devido à falta de recursos para a execução do projeto. Todo o trabalho que está sendo feito atualmente, como palco e estrutura de cenografia, é com material do ano passado.

Nesta terça-feira (28/3), produtores, atores e outros profissionais envolvidos realizaram um protesto no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A manifestação teve início às 14h. 

Cortesia - Voluntários da Via Sacra de Planaltina.
Cortesia - Voluntários da Via Sacra de Planaltina.
Arthur Ramos/CB - Voluntários da Via Sacra de Planaltina.

 

Custos do espetáculo 

De acordo com o produtor cultural e membro do núcleo de encenações, Lehandro Lira, o investimento para a realização da Semana Santa gira em torno de R$ 1,5 milhão. Esse recurso serve para custear todas as atividades tanto no Morro da Capelinha, quanto nos eventos que se concentram no período, além da estrutura de palco, som, iluminação e cenografia.

Entre as atividades do evento estão o Domingo de Ramos, Santa Ceia, Via Sacra da Criança, Santo Louvor e Vem Cantar com Cristo. “Não estamos falando de gastos. Estamos falando de investimento. Além de movimentar a teia cultural, a via sacra atrai turistas de outras regiões para o DF, fazendo também com que a teia produtiva aumente ainda mais. São famílias e profissionais autônomos que esperam ansiosamente pela temporada,” defende Lira.

A manifestação de hoje na CLDF teve a intenção de sensibilizar e pedir apoio aos parlamentares. “Hoje estou como um dos encenadores do grupo e percebo que, nada adianta termos o 'reconhecimento' de patrimônio imaterial do DF, sendo que os bens patrimoniais não tem como se manter, uma vez que sempre dependemos de recursos vindos de emendas parlamentares. Esperamos um olhar mais apurado e sensível do legislativo aos nossos patrimônios e aos nossos bens culturais. É muito triste saber que em uma data tão especial como esta, onde faremos 50 anos de existência, corremos do evento não acontecer”, desabafa Leandro.

O ator, diretor, professor e coordenador da Via Sacra, Preto Rezende, também se manifestou sobre a falta de recurso e pediu sensibilidade aos parlamentares. "Nós estamos aqui para agradecer aos parlamentares que destinaram verbas e também pedir aos deputados que ainda não se sensibilizaram para que abram o coração e façam esse pleito de transferir essas emendas parlamentares para a Secretaria de Turismo, para que a gente possa realizar da melhor maneira possível todos os eventos da Semana Santa de 2023".

Muita história 

A primeira edição da via sacra foi realizada em 1973. Em 1986, o espetáculo foi incluído no calendário oficial e em 2008 recebeu o título de Patrimônio Imaterial do Distrito Federal. Desde a primeira exibição, o evento ganhou corpo e suntuosidade.

Além da beleza e da tradição, a encenação movimenta a economia local da Região Administrativa e envolve mais de 1.400 voluntários (entre encenação, apoio, liturgia, música, comunicação, costura, complementos e outros), além de reunir mais de 100 mil expectadores.