O conselheiro e presidente do Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) Antonio Alberto do Vale Cerqueira, registrou boletim de ocorrência contra o advogado Cledmylson Lhayr Feydit Ferreira, 60, após ser ameaçado de morte. Cledmylson é responsável por agredir uma mulher no Sudoeste, na última semana.
O boletim foi registrado na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), que investiga o caso.
De acordo com Antonio, no boletim de ocorrência, registrado na quinta-feira (23/3), às ameaças iniciaram quando ele, responsável pelo tribunal de ética da OAB-DF, suspendeu a carteira profissional de Cledmylson.
As ameaças ocorreram por meio de mensagens do Instagram. Além do conselheiro, o advogado enviou mensagens ameaçando a filha e a esposa dele. O Correio enviou mensagem ao advogado Cledmylson, que não respondeu aos nossos questionamentos. O conselheiro preferiu não se manifestar.
Repúdio
Em nota, a diretoria da OAB-DF prestou solidariedade ao presidente do Tribunal. A Ordem esclareceu que a suspensão do advogado agressor foi uma decisão da Casa e tem amparo legal. "Não é a intimidação do profissional suspenso que fará esta Seccional recuar na apuração dos fatos já amplamente noticiados em relação à agressão à advogada Giselle Piza e outros que constam do histórico do profissional", cita, em nota.
"A ameaça ao presidente do TED é mais um fato inadmissível que será apurado no curso do mesmo processo já aberto nesta Seccional contra o advogado agressor, além de outras providências. A OAB acompanhará de perto as investigações", completou a instituição.
Afastado por 90 dias
O advogado Cledmylson Lhayr teve a carteira profissional suspensa pela OAB-DF após agredir a colega Giselle Piza de Oliveira, 41, na manhã da última segunda-feira (20/3), na CCSW 5, no Sudoeste. A decisão foi tomada pelo TED da instituição. Ele está em envolvido em 78 ocorrências policiais registradas nas delegacias do Distrito Federal. Dessas, em pelo menos 30, Cledmylson Lhayr Feydit Ferreira, 60 anos, aparece como autor dos fatos.
O Correio apurou que as ocorrências são diversas, que incluem crimes no âmbito da Lei Maria da Penha, desacato, injúria, ameaça e lesão corporal. Segundo fontes policiais, em alguns dos casos, o acusado cometeu situações semelhantes como a ocorrida com a advogada Giselle Piza de Oliveira, 41 anos.
O Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) vai instaurar um procedimento de suspensão preventiva contra o advogado. A medida é baseada na Lei 8.906. "Nesse processo é resguardado a ampla defesa e visa suspender o profissional em 90 dias", afirmou, a reportagem, o presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-DF, Antonio Alberto Cerqueira. Ele explica que o processo pode resultar na expulsão do advogado, que, sem a carteira da OAB-DF, fica impedido de exercer a profissão.
A Polícia Civil (PCDF) prossegue com as investigações. O próximo passo é buscar pessoas que testemunharam as agressões cometidas contra Giselle Piza de Oliveira. "Não haverá qualquer hesitação e ou descanso até que ocorra a punição deste criminoso, tudo dentro da estrita legalidade no cumprimento do devido processo legal e ampla defesa", declarou ao Correio o advogado de defesa da vítima, Daniel J. Kaefer.
O caso
As agressões ocorreram na manhã de segunda-feira e foram registradas em vídeo. De acordo com o delegado-adjunto da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), Douglas Fernandes, a briga começou depois de Giselle reclamar da falta de focinheira no cachorro de grande porte do agressor. A mulher acionou a Polícia Militar e, no momento em que o advogado estava prestes a fugir, ela filmou a placa do carro dele. As imagens mostram o homem saindo do veículo, indo em direção à advogada e a agredindo. Ele a joga no chão e pega o celular dela. Na delegacia, o homem alegou que a vítima o chamou de "velho manquenga" e de "viado", o que se trataria de injúria qualificada.
Cledmylson foi conduzido à 5ª Delegacia de Polícia (Área Central), onde foi autuado por lesão corporal leve e porte de arma branca — ele tinha um canivete no bolso. Após assinar um termo circunstanciado de ocorrência, ele foi liberado. Os investigadores da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro Velho) também buscam possíveis câmeras de segurança próximas ao local da briga que tenham captado o início da confusão.