Uma pessoa acima de qualquer suspeita. À frente de uma companhia teatral do Distrito Federal, o professor de artes cênicas Daniel Moreira dos Santos, 43 anos, é investigado por uma série de denúncias de abusos sexuais em que as vítimas são os próprios alunos. O docente foi alvo de uma operação da Polícia Civil (PCDF), nesta sexta-feira (24/3), e segue preso em razão de um mandado de prisão preventiva.
Daniel fundou, em 2002, o grupo teatral "Barcaça dos Beltranos", em Santa Maria. Logo crianças, adolescentes, jovens e adultos começaram a participar da equipe. Ao longo de mais de 20 anos, os artistas tomaram os palcos em todo o DF e chegaram a fazer apresentações de peças famosas, como O Auto das Compadecida, de Ariano Suassuna, que também ganhou destaque no cinema brasileiro.
Primeiras denúncias
Foi em 2016 que surgiram as primeiras denúncias de abuso contra Daniel. Três meninos adolescentes procuraram, junto aos pais, para denunciar situações de estupro cometido pelo professor. Daniel foi alvo de um inquérito policial, que acabou arquivado na Justiça sob o argumento de ausência de lastro probatório mínimo, mesmo com os depoimentos prestados pelos garotos.
Mesmo após o escândalo, o professor continuou no comando do "Barcaça dos Beltranos" e promoveu outras apresentações até, pelo menos, setembro de 2022. No entanto, uma nova denúncia levou à prisão preventiva de Daniel.
Um menino, de 12 anos, relatou à mãe sobre os abusos sofridos. De acordo com o adolescente, ele estava a sós com o professor na aula de teatro, em Taguatinga, momento em que ele aproveitou para estuprá-lo. Uma pessoa ligada a uma das vítimas relatou ao Correio a artimanha usada por Daniel para cometer os estupros. O artista marcava ensaios a sós com o aluno e, depois, o ludibriava dizendo que o ator precisava ser “desprendido”.
Na manhã desta sexta-feira (24/3), o homem foi detido pelos investigadores da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), em Santa Maria. Os policiais também apreenderam dois notebooks e um celular. A reportagem ainda não localizou a defesa do professor. O espaço segue aberto para manifestações.