O ex-secretário de Segurança Júlio Danilo depõe, na manhã desta quinta-feira (23/3), na CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa. Aos deputados, o ex-chefe da SSP explicou que não ocorreram prisões durante os atos de vandalismo de 12 de dezembro porque foi priorizada a segurança dos policiais militares e a retomada da ordem no local.
“Geralmente, quando se tem distúrbios civis, se coloca equipes específicas para que possam realizar a prisão, mesmo porque ‘se você está recebendo pedrada, realizar a prisão de alguém, por meio de um ou dois policiais, coloca em risco eles (militares). Esse público (manifestantes) foi dispersado e a polícia continuou atuando”, disse.
“Não foi realizada nenhuma prisão aquela noite, ainda que houvesse essa orientação. No final da noite, as pessoas estavam caminhado por ali, mas não estavam em situação de flagrante. Até diante disso, no dia seguinte, foi realizada uma reunião na Secretaria de Segurança Pública com as forças de segurança. Tanto que, 17 dias posteriores, foi deflagrada uma operação, onde os identificados foram presos”, completou.
Ao ser questionado pelo distrital Pastor Daniel de Castro (PP) sobre se havia monitoramento desses atos, Júlio disse que não. Ele pontuou que a pasta não sabia da prisão do indígena José Acácio Serere Xavante. "Tudo aquilo foi motivado pela prisão dele, e ele estava no acampamento. Ele foi levado ao prédio da PF para ser ouvido e, as pessoas que estavam ali participando com ele, acabaram indo ao prédio. Não estava sendo monitorado e acompanhado pela SSP", disse. No mesmo dia, ocorreu a diplomação do presidente Lula.
CPI na CLDF
Nesta quinta-feira (23/3), a CPI recebe o ex-secretário de Segurança Júlio Danilo, que é delegado da Polícia Federal, e o tenente-coronel da PMDF Jorge Henrique da Silva Pinto. Danilo está sendo questionado sobre as medidas tomadas para acabar com o acampamento golpista e sobre o relacionamento com Anderson Torres. Quando Torres deixou a SSP para ocupar um cargo no governo Bolsonaro, Júlio, que era secretário-executivo, herdou a função, que exerceu até os primeiros dias do ano. O ex-chefe da SSP, à época, foi elogiado pelo ministro da Justiça Flávio Dino e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela segurança na posse de 1° de janeiro.
Já o oficial da PMDF estava em um grupo de WhatsApp chamado “Difusão”, criado para o repasse de notícias. Além de Jorge Henrique, estavam o coronel e então comandante da PMDF Fábio Augusto Vieira; o então secretário-executivo Fernando de Sousa Oliveira; a então subsecretária de Inteligência Marília Ferreira Alencar; Anderson Torres; e os dois policiais civis. O tenente-coronel será alvo de questionamento sobre alertas que ele teria feito nas vésperas do 8 de janeiro.
O presidente da CPI ainda não se decidiu sobre o depoimento de 30 de março. A princípio, o coronel e ex-comandante do 1° Comando de Policiamento Regional (1° CPR) Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, deverá ser ouvido pelos deputados distritais. A comissão trata o assunto com cautela, por entender que qualquer sinalização de Torres pode mudar o fluxo das datas.