Em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos na manhã desta quinta-feira (23/3), na Câmara Legislativa do DF, o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, salientou que a desmobilização do acampamento do QG do Exército, que causou o atrito entre a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e o Exército, seria feita pelo próprio Exército.
"Quando colocamos aquele aparato, o DF Legal já estava a postos para fazer, de forma pacífica, fazer a desmontagem daquelas barracas de forma já conversada. No entanto, foi solicitado que não era para avançar na operação. E, que dali, o Exército, por meios próprios, ia providenciar o desmonte do acampamento. Tivemos que recuar", esclareceu.
O episódio ocorreu em 29 de dezembro, poucos dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Programada, a operação foi marcada entre o DF Legal e a PMDF, com o aval do Exército. No entanto, pela manhã de 29, o Exército recuou. A decisão causou um atrito entre as duas forças de segurança.
Com os dizeres “valeu” e “obrigado”, os manifestantes acampados comemoraram a saída dos agentes do DF Legal e da PMDF. A reportagem, à época, apurou que essa ação estava programada, inicialmente, para 7 de dezembro de 2022, mas foi remarcada para aquela data.
CPI na CLDF
Nesta quinta-feira (23/3), a CPI recebe o ex-secretário de Segurança Júlio Danilo, que é delegado da Polícia Federal, e o tenente-coronel da PMDF Jorge Henrique da Silva Pinto. Danilo está sendo questionado sobre as medidas tomadas para acabar com o acampamento golpista e sobre o relacionamento com Anderson Torres. Quando Torres deixou a SSP para ocupar um cargo no governo Bolsonaro, Júlio, que era secretário-executivo, herdou a função, que exerceu até os primeiros dias do ano. O ex-chefe da SSP, à época, foi elogiado pelo ministro da Justiça Flávio Dino e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela segurança na posse de 1° de janeiro.
Já o oficial da PMDF estava em um grupo de WhatsApp chamado “Difusão”, criado para o repasse de notícias. Além de Jorge Henrique, estavam o coronel e então comandante da PMDF Fábio Augusto Vieira; os policiais civis Thiago Frederico de Souza e Alberto Barbosa Machado Nunes Rodrigues; o então secretário-executivo Fernando de Sousa Oliveira; a então subsecretária de Inteligência Marília Ferreira Alencar; e Anderson Torres. O tenente-coronel será alvo de questionamento sobre alertas que ele teria feito nas vésperas do 8 de janeiro.
O presidente da CPI ainda não se decidiu sobre o depoimento de 30 de março. A princípio, o coronel e ex-comandante do 1° Comando de Policiamento Regional (1° CPR) Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, deverá ser ouvido pelos deputados distritais. A comissão trata o assunto com cautela, por entender que qualquer sinalização de Torres pode mudar o fluxo das datas.