Na segunda-feira (20/3), a advogada Giselle Piza foi agredida pelo também advogado Cledmylson Ferreira com tapas e socos no Sudoeste. Ainda bastante abalada com a situação, ela disse ao Correio que sente um misto de medo, indignação e frustração. Após a violência, o agressor teve a carteira profissional suspensa por 90 dias pela Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
A vítima tinha saído para passear com o cachorro e parou no petshop quando avistou o cão do advogado, maior do que o dela, solto sem nenhum equipamento de proteção. O animal tentou avançar diversas vezes no Poodle de Giselle e também a mordeu. Então, a advogada se direciona a Cledmylson Ferreira e cita a Lei nº 2.095/1998, que proíbe a permanência de animais soltos em locais com acesso livre ao público.
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Com esse dispositivo legal, a circulação de cães só fica autorizada com a presença do responsável pelo pet e uso de coleira. Além disso, cachorros de grande porte devem ficar com focinheira, para evitar ataques a pedestres. No entanto, em seguida, o homem responde: "Eu sou advogado", e se nega a tomar as providências para conter o cachorro.
Diante da resistência do advogado, Giselle aciona a Polícia Militar. Ela contou que sentiu medo de que o homem fosse embora antes de as autoridades policiais chegarem ao local e começou a gravar a placa do carro. Na sequência, Cledmylson sai do veículo e vai em direção à mulher, já desferindo tapas, socos e puxões de cabelo.
Giselle tenta revidar com alguns golpes, mas ela é derrubada no chão do estacionamento. O advogado foi preso em flagrante pela Polícia Militar do DF. Os policiais encontraram dois canivetes no carro do agressor.
A vítima e o agressor foram encaminhados à 5ª Delegacia de Polícia. A mulher registrou boletim de ocorrência e o advogado foi liberado após assinar um termo circunstanciado — mas responderá por lesão corporal, omissão de cautela na condução de animais e porte de arma branca.
O advogado de Giselle, Daniel Kaefer, classificou a conduta de Cledmylson como "violenta, desproporcional, cruel e covarde" e disse que entrará com pedido de medidas protetivas e restritivas. "Mesmo se revestindo da autoridade de advogada, ela agora faz parte dos números que incidem essa pauta, que é a violência contra a mulher. Trabalharemos juntamente com o Ministério Público, fornecendo informações para o andamento da investigação, a fim de que cheguemos à conclusão do que nos vídeos já é inegável", pontuou.
OAB-DF repudia conduta do advogado
A Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, por meio Comissão da Mulher Advogada (CMA/DF), repudiou as agressões praticadas pelo advogado e prestou solidariedade à Giselle. De acordo com a instituição, a atitude de Cledmylson é "misógina e covarde".
"Não toleramos qualquer tipo de violência contra as mulheres. Acompanharemos a investigação do caso e a punição necessária, dentro das nossas competências e possibilidades, sendo observados o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório", disse a OAB-DF em nota.
"A violência contra a mulher, em todas as suas formas, preocupa sobremaneira todas as mulheres e homens membros da OAB/DF, que têm atuado de forma incisiva no apoio às medidas de conscientização e de enfrentamento à violência, com o propósito de estancar este mal social", acrescentou a instituição.
O Correio tentou contato por telefone com Cledmylson Ferreira, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.