O deputado distrital e relator da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) Hermeto (MDB) apresentou requerimento pedindo a convocação e depoimento do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes. O oficial estava à frente do Comando Militar do Planalto nos atos de 12 de dezembro e 8 de janeiro.
O parlamentar justifica que a necessidade da oitiva de Dutra ocorreu após o depoimento do coronel e ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) Jorge Eduardo Naime. Para a CPI, Naime detalhou que o Exército protegeu os terroristas no dia 8 de janeiro e que a tropa comandada por Dutra colocou blindados para atrapalhar a atuação da PMDF.
“Segundo o Naime, a manutenção do acampamento foi um dos principais motivos para os atos dos dois dias. Precisamos ouvir o responsável pela área para saber se isso procede e entender o por quê”, detalhou o deputado.
O general Dutra deixou o Comando Militar do Planalto por determinar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após o chefe do Planalto desconfiar da atuação do oficial no impedido da remoção de bolsonaristas no acampamento do QG.
CPI
Naime disse, durante oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa (CLDF), que fez o que pôde para conter os ataques à sede dos Três Poderes.
"Fiz tudo o que estava ao meu alcance quando me chamaram para a Esplanada", destacou. Segundo Naime, ele chegou no local às 17h40 e, a partir daí, comandou a tropa de choque da PM. "Efetuei mais de 400 prisões. Quando o Cappelli chegou, os prédios já estavam desocupados", ressaltou Naime. "Fiz tudo isso e agora estou preso há mais de 40 dias. Essa foi a minha recompensa", lamentou.
Para a comissão, Naime detalhou que achou estranha a informação de que apenas alunos do curso de formação da PMDF teriam sido convocados para conter os ataques do dia 8 de janeiro. O questionamento partiu do deputado Chico Vigilante (PT), que utilizou um documento encaminhado pela própria PM, afirmando que o efetivo daquele dia seria de cerca de 200 alunos e que o restante da tropa ficaria de sobreaviso.
"É complexo avaliar, pois não participei desse planejamento. Me causa estranheza terem utilizado somente os alunos. Eles sempre devem estar acompanhados por alguém com mais experiência", afirmou Naime. "Precisa revisar as escalas e ver se isso realmente aconteceu, pois foge completamente do que é o nosso padrão", ressaltou.
O coronel revelou, no entanto, que os alunos, geralmente, são convocados para esse tipo de operação. "Eu mesmo empreguei 700 alunos na noite do dia 6 de setembro de 2021 (quando caminhoneiros tentaram invadir a Esplanada dos Ministérios)", afirmou.
O coronel ainda detalhou que bolsonaristas acampados no QG do Exército viviam em um mundo paralelo. O militar chegou a ouvir de um homem que extraterrestres ajudariam as Forças Armadas em um golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Aquele pessoal do acampamento vivia em um mundo paralelo. Eu estive algumas vezes no acampamento, conversei com algumas pessoas e escutei relatos, assim, que falei: 'Cara, não é possível que essa pessoa está me falando isso'. Teve um que me abordou e falou para mim que ele era um extraterrestre, que ele estava ali infiltrado e que assim que o Exército tomasse, os extraterrestres iriam ajudar o Exército a tomar o poder. Eles consumiam só informações deles, era só o que era falado no carro, estavam em uma bolha", relatou o coronel aos parlamentares.