Quem busca um contato maior com a natureza pode encontrar pequenos paraísos ecológicos em meio à arquitetura modernista de Brasília e nas demais regiões administrativas. Nos parques da capital, o que não falta é diversidade. São vários espaços e, em cada um deles, é possível relaxar ou exercitar o corpo e a mente, contemplar a paisagem, fazer novos amigos.
Segundo dados do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), o Distrito Federal tem 86 unidades de conservação administradas pela pasta. A unidade de conservação mais procurada é o Monumento Natural Dom Bosco, no Lago Sul, que recebe, mensalmente, 36 mil visitantes. Em seguida, vem o Parque Ecológico Olhos D`Água, na Asa Norte, com 28.400, e o Parque Ecológico Águas Claras, com frequência mensal estimada em 28 mil pessoas. Todos têm infraestrutura para prática de atividade física ao ar livre.
João Carlos Machado coordena o Caminhadas Brasília, do qual para fazer parte basta procurá-lo nas redes sociais — @caminhadasbrasilia. Há 20 anos, o grupo desbrava a Floresta Nacional, que cerca o Distrito Federal. Os integrantes constroem trilhas e pesquisam caminhos históricos, tudo de forma voluntária e participativa. "A sensação é de felicidade e leveza. Estar no emaranhado de cores, sons, aromas e delicadeza do cerrado é sempre uma oportunidade para relaxamento e para se desligar das preocupações do dia a dia", comenta o coordenador.
A servidora Garben Hellen, 56, não gosta de atividades em ambientes fechados, como em academias. Então, resolveu participar do coletivo. "Particularmente, prefiro o ar livre, com vento batendo no rosto, vendo e apreciando a natureza. Por isso, faço trilhas há cinco anos", revela.
Ioga
A professora de ioga Zilá Lima dá aulas no Parque do Sudoeste e no Parque da Cidade. Ela explica que estar na natureza é fundamental para a prática. "A ioga trabalha respiração, então estar em meio ao ar e às árvores, estar ao sol, em contato com a grama, tudo isso traz energia vital e ajuda a respirar melhor", detalha.
Ainda no universo das experiências orientais, a Associação Being Tao ministra aulas de tai chi chuan no Parque olhos d'água, nas terças e quintas de manhã, e no Jardim botânico, aos domingos. Na Praça da Harmonia Universal, entrequadra 104/105 Norte, o ensinamento é repassado todos os dias, no período da manhã, pelo mestre Woo, desde 1974.
Outro local muito popular é o Parque Bosque do Sudoeste. O espaço de lazer tem quadras poliesportivas e de areia, anfiteatro, playground, aparelhos de ginástica, banheiros e ciclovia. O bosque contempla o público com atividades durante toda semana — aulas de ritmos na segunda e na sexta; terça, funcional; ginástica na quarta; na quinta, tem zumba de manhã e ginástica no fim da tarde; na sexta, antes do anoitecer, é a vez do ritbox. No sábado e no domingo, a movimentação é mais agitada e o cronograma de programações acompanha esse fluxo com atividades para todos os gostos, como ling gong, crochê, oficina de xadrez, aula de patins, futevôlei e kangoo jump.
Amizade além do esporte
Morando no Nordeste, Marcelo Bonfim, 52, não perde a oportunidade de passar as férias em Brasília, sua cidade natal. Enquanto aproveita ao período longe do trabalho, o militar da reserva junta-se aos cunhados, que moram na capital, para um dia de pedal, no Parque da Cidade. "A gente já pedalava aqui, e aproveitei a folga." Ele saiu de Samambaia e foi para o ao Plano Piloto para desfrutar de ar livre e andar de bicicleta pela ciclovia do espaço. "Lá em Aracaju (SE), a gente gosta de praticar outros exercícios também, como o crosstraining", observa.
Quem também aproveita a infraestrutura aliada à natureza nos espaços disponíveis no DF são os grupos de futevôlei. O aposentado Luis Claudio Pinto, conhecido como Luisinho, conta que, na capital, o "time é grande" e há vários grupos em todos os parques e clubes — uma iniciativa com mais de 12 anos de existência. "O nosso grupo que está aqui, no Parque da Cidade, chama-se Liga das Trevas, porque o pessoal começava a jogar por volta das 22h, e a iluminação era deficiente", conta.
Às segundas e quartas, às 16h, e às sextas, às 9h, tem a Pelada do Trabalhador. As partidas acontecem na quadra próxima à administração do Parque da Cidade e o aposentado convida todos que quiserem a participar. "É só chegar e se integrar. A pelada é democrática, inclusiva, e o espaço é público. A gente só realiza uma cota para comprar os materiais necessários — rede, bolas, cadeira, guarda-sóis, nivelamento da areia — porque também cuidamos do espaço público", explica.
Mais do que um esporte, Luisinho destaca que os participantes viram amigos. "A união do pessoal é muito forte. A gente faz encontros, confraternização anual e, eventualmente, tem aniversário de um, aniversário do outro, e de parentes. Sempre todo mundo é convidado. É uma parceria muito boa", celebra.
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