O retorno de Ibaneis Rocha à cadeira de governador não alterará o andamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, garante o presidente do colegiado Chico Vigilante (PT). Segundo o petista, as oitivas já marcadas serão mantidas, porém, o chefe do Executivo local não será chamado.
"Do ponto de vista da CPI, não muda nada. Devido à separação dos poderes, ele não pode ser chamado para depor. Vamos continuar a convocar, pois, na decisão do Alexandre de Moraes, ele deixa bem claro que o governador continua sob vigilância", declarou Chico Vigilante.
Relator da CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa, o deputado distrital Hermeto (MDB) falou ao Correio, na saída do escritório do governador Ibaneis Rocha. "O governador vai ser mais cauteloso, mas agora com mais tranquilidade. Sempre acreditou nas informações que recebeu dos seus secretários. Acredito que será bem diferente", opina.
Hermeto destaca que a expectativa em ouvir os próximos interrogados: Jorge Eduardo Naime, hoje — já autorizado por Alexandre de Moraes —,às 10h, e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, que chefiavam o Departamento de Operações (DOP) e o 1° Comando de Policiamento Regional (1º CPR) da PMDF, respectivamente. "Queremos saber por que o comandante-geral não comunicou às demais tropas, e por que houve essa falha de comunicação. Acho que a Polícia Militar sempre foi competente e agiu de acordo com a lei. Podemos ter as nossas preferências políticas, mas, quando vestimos a farda, servimos ao Estado e não a governo", analisa o parlamentar.
A medida foi defendia também pelo deputado distrital de primeiro mandato Gabriel Magno (PT). "A autorização do retorno do Ibaneis, pelo Alexandre de Moraes, não pode ser confundida com uma coisa tão importante para a democracia brasileira, não pode ser confundida com a falta de necessidade de investigações sobre o 8 de janeiro. É preciso continuar com as investigações que a CPI está fazendo, que a polícia está fazendo e que o judiciário irá julgar sobre os responsáveis. Quem organizou, quem financiou os atos. Não podemos aceitar nenhuma impunidade aos responsáveis pelos atos golpistas fracassados."