A Marcha das Mulheres realizada anualmente no dia Internacional da Mulher tem percurso do Eixo Ibero Americano, em direção ao Palácio do Buriti, com início marcado para as 16h desta quarta feira (8/3). Em conversa com o Correio Braziliense, a assessora técnica e de articulação política do CFEMEA, Jolúzia Batista, explica que a marcha é uma iniciativa política própria dos movimentos de mulheres feministas no mundo inteiro. “Existe há mais de um século. No Brasil, desde o período da redemocratização as marchas têm acontecido em todos os estados, possivelmente”.
Segundo a assessora, os principais movimentos feministas do Brasil articulam as manifestações de oito de março a partir de um tema de interesse. “É uma data de denúncia. De anúncio de demandas, reivindicação das mulheres. E é encabeçada pelos movimentos organizados no Brasil.” Para Jolúzia, as políticas públicas voltadas à segurança da mulher devem reforçar uma rede de assistência às vítimas de violência, no atendimento, na disseminação de informação sobre os direitos das mulheres, o abrigamento dessas vítimas, para que a justiça nos casos de violência seja garantida. “É preciso mesmo um investimento nas forças de segurança pública, com maior capacitação e maior efetivo, tendo enfoque no atendimento adequado e capacitado às mulheres", siz.
Feminicídio no DF
O Distrito Federal está entre as 13 unidades federativas com maior taxa de feminicídios, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No ano passado, 18 mulheres do DF foram vítimas do crime. Em 2023, apenas no mês de fevereiro foram registrados seis casos. Para a assessora, a questão do feminicídio é central para as movimentações do DF e seu enfrentamento tem como alvo ideologias presentes no Brasil. “O discurso autorizativo do governo Bolsonaro e toda a misoginia que veio junto com ele. Esse fascismo brasileiro que a gente está vivendo ainda, com discursos de intolerância. Redes sociais masculinistas, pregando o cerceamento, a subalternização, o apagamento mesmo, a intolerância e a violência contra as mulheres. Esse oito de março traz essa pauta”, diz Jolúzia.
A marcha do 8 de março demanda uma ação coordenada do GDF direcionada a enfrentar o problema do feminicídio, “O equipamento dos serviços, a capacitação dos profissionais para que as mulheres não sofram revitimização. A capacitação de profissionais de segurança pública, uma campanha midiática ostensiva para dizer que que feminicídio, assim como a violência sexual contra crianças, é crime”, afirma a assessora.
Desafio da educação
Jolúzia atribui a dificuldade de levar as crianças discussões a respeito da violência contra a mulher ao movimento Escola sem Partido: “aí temos o desafio porque há alguns anos a educação foi blindada pelo movimento Escola Sem Partido. Os movimentos sociais vêm tensionando para que essa blindagem caia. Porque não se trata de partidarização, de ideologia de gênero, trata-se da situação de um assassinato sistemático de mulheres por sua condição de ser mulher”, diz.
Além disso, a assessora analisa que a insistência dos casos de assassinato de mulheres dentre de seus lares, vitimadas por parceiros e levando à vulnerabilização dessas famílias, se deve ao sentimento de que a violência é autorizada ao homem, uma vez que o ego machista é ferido e a estrutura patriarcal é colocada em questão. “É isso que a campanha tem que atingir e falar sobre. Para que a gente possa superar a educação sexista, que é a educação que faz os homens acreditarem ter prioridade sobre mulheres, sobre seu corpo, seu pensamento, desejo e sua vida”, pontua.
8 de Março de 2023
Jolúzia avalia que o atual momento é de celebração pela escalada da atuação de mulheres em ferramentas políticas, com as mulheres ocupando postos centrais no ministério dos povos indígenas, ministrado por Sonia Guajajara, o Ministério da igualdade racial, a comando de Anielle Franco, a Secretaria da Ciência e Tecnologia, ministrada por Márcia Barbosa, entre outros exemplos. “É um momento importantíssimo de celebrar o fortalecimento da democracia brasileira”, garante.
A assessora do CFEMEA conclui afirmando o enfoque do movimento 8 de março deste ano: “É uma aposta na reconstrução do Brasil por via dos movimentos sociais, do movimento de mulheres e do feminismo brasileiro”.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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