Lisboa, Portugal — As investigações de golpes financeiros em brasileiros a partir de empresas fantasmas criadas em Portugal constataram que havia premiações para aqueles que cometiam as maiores fraudes, ou seja, davam os maiores prejuízos às vítimas. E todo o esquema era baseado na veneração ao personagem Jordan Belfort, de O lobo de Wall Street, interpretado por Leonardo Di Caprio.
“Em festas da empresa, havia premiações aos melhores ‘vendedores’ e grande ostentação de riqueza. Nos grupos de WhatsApp da empresa, os ‘gerentes’ incentivavam os ‘vendedores’ a ver o filme e eram, sistematicamente, induzidos ao mesmo comportamento. O lema na empresa era: ‘Pensem em vocês e em suas famílias, esqueçam as vítimas’”, relatou o delegado Erick Sallum, da 9ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, responsável pela Operação Difusão Vermelha, que desbaratou o esquema.
Ao longo das investigações, o líder da organização criminosa — preso no aeroporto de Frankfurt, Alemanha — chegou a ser interrogado pela autoridade policial. Ele contratou advogados no Brasil, mas exigiu ser ouvido em sua língua materna (theca). Alertado de que o depoimento seria em inglês, fingiu não entender nada, fazendo-se de desentendido. Mas a investigação já tinha obtido diversos vídeos em que ele falando inglês fluente.
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“Tudo isso comprovou a sua má-fé e seu absoluto desrespeito às autoridades brasileiras. Mesmo após saber que estava sendo investigado, manteve sua operação criminosa e ainda expandiu sua atividade, abrindo outros três escritórios e contando com mais de 150 brasileiros contratados”, detalhou o delegado, lembrando que a PCDF recorreu ao mesmo expediente usado pelos criminosos para conseguir as provas das fraudes contra investidores lesados em mais de R$ 16 milhões.
Segundo Sallum, com o intuito de enganar as vítimas brasileiras, os criminosos usavam aplicativos que mascaravam os números internacionais — as ligações partiam, sobretudo, de Portugal. “Eles sabiam que ligar de números internacionais para assediar brasileiros teria baixa eficácia. Ao simular número com o DDD 61, conseguiam que as vítimas atendessem à primeira ligação e, assim, fossem hipnotizadas pelas falsas promessas de rentabilidade”, disse.
Recorrendo à mesma tática, policiais da PCDF usaram igual aplicativo para simular números portugueses. “Isso fazia com que os funcionários da empresa atendessem às ligações da PCDF, oportunidade em que eram intimados a prestar esclarecimentos via videoconferência. Sem terem como alegar que não sabiam da intimação, eram forçados a comparecer e prestar esclarecimentos. A partir destas informações, a PCDF montou o quebra-cabeça”, detalhou.
Na operação desta terça-feira (7/3), foram expedidos seis mandados de prisão. Com a ajuda da Interpol, foram detidos quatro pessoas em Lisboa e o líder do grupo, na Alemanha. Outro bandido está foragido. Estima-se que milhares de brasileiros tenham sido lesados a partir da estrutura fraudulenta montada a partir de Portugal.
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