A mobilização para ocupar espaços majoritariamente tomados por homens no decorrer da história tem sido uma estratégia utilizada pelos movimentos de mulheres na luta pela equidade de gênero e fim das violências sofridas. O mês de março é usado para trazer visibilidade às ações desenvolvidas por mulheres durante todo o ano em várias camadas da sociedade. No decorrer do mês, a Universidade de Brasília (UnB), por meio da Coordenação das Mulheres (Codim) da Secretaria de Direitos Humanos (SDH-UnB) promoveu uma série de atividades denominadas #8M, com a temática Mulheres na universidade: insurgentes e propositivas.
A programação encerra-se hoje, mas os frutos serão colhidos no decorrer do ano, não só pela comunidade acadêmica, como também por outros espaços como escolas e instituições de ensino. O objetivo central foi a discussão de propostas que incentivem a presença das mulheres no ambiente acadêmico e em áreas dominadas por homens.
Por meio de debates, exibição de filmes, rodas de conversa, oficinas e webinários, pautas políticas voltadas às mulheres foram discutidas dentro da comunidade acadêmica com o objetivo de propor soluções para acabar com a desigualdade de gênero. "O balanço das atividades foi positivo. O mês de março traz uma oportunidade de fomentarmos parcerias com a Secretaria de Mulheres e de Educação, por exemplo, além de instituições de ensino como o Instituto Federal de Brasília (IFB). Quanto mais alinhadas com as comunidades externas, mais força unimos para lutar contra a desigualdade de gênero", avaliou a coordenadora da Codim-UnB, Roberta Cantarella.
Hoje, às 10h, no auditório do Beijódromo, na UnB, será o encerramento do #8M, com a presença da ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves. "Nós, mulheres, temos o papel de impactar e promover mudanças na sociedade. Neste mês, oferecemos uma série de atividades para debater temáticas relacionadas a direitos, conquistas, desafios e protagonismos da comunidade feminina", frisou Márcia Abrahão, reitora da UnB e primeira mulher a ocupar o cargo.
Voto feminino
As mulheres representam 52% das estudantes, 45% das docentes e 51% das técnicas administrativas da UnB. "Devemos lembrar também que as últimas eleições foram decididas pelo voto feminino. Somos de absoluta relevância para o desenvolvimento do nosso país e precisamos ocupar cada vez mais os espaços de poder e liderança", comentou a reitora Márcia Abrahão.
Um dos marcos das atividades foi o lançamento do edital Mulheres e meninas na ciência: o futuro é agora, que tem o objetivo de fomentar projetos de extensão que incentivem a participação feminina nas áreas de ciência e tecnologia. O edital contemplará até 20 projetos e serão concedidas até duas bolsas de extensão por iniciativa selecionada, pelo período de seis meses, com vigência prevista de julho a dezembro de 2023. As propostas devem ter o foco, sobretudo, nas escolas públicas do Distrito Federal, e, oportunamente, nos polos de extensão de Ceilândia, Estrutural, Paranoá e Recanto das Emas e nas Casas Universitárias de Cultura da UnB.
"A ideia é estimular a implantação de projetos que visem atrair mulheres e meninas para a universidade estimulando a convivência com as áreas consideradas "duras" da tecnologia, onde há maioria masculina", explicou a decana de extensão da UnB, professora Olgamir Amancia. "Chamamos principalmente as meninas do Ensino Médio e professores das escolas públicas que certamente serão acionados pelos coordenadores dos projetos", completou a decana.
"O edital é uma ação inédita. Sou geóloga e sei das dificuldades da inserção feminina nas exatas, que não chega a 30% de representatividade feminina na graduação. Então, esse tipo de fomento é de extrema importância para que nós consigamos cada vez mais espaço nas ciências e na academia", declarou Márcia Abrahão.
Contra a violência
Segundo a decana Olgamir Amancia, a universidade está permanentemente mobilizada em torno da temática de gênero e o mês de março é usado apenas para trazer mais visibilidade para as ações. "A UnB tem uma política de direitos humanos onde a questão mulher está no centro do debate. As mulheres são maioria entre os estudantes matriculados na graduação e pós-graduação, mas, ainda assim, convivemos com as mazelas de discriminação, desrespeito e violências. A realidade tenta naturalizar essa desigualdade. É por isso que a universidade se insurge para contrapor essa realidade e propor mudanças", pontuou Olgamir.
A professora apontou ainda a importância da educação no combate às violências de gênero. "O caminho central para a mudança da realidade de violências sofridas pelas mulheres é por meio da educação na escola, em casa e na universidade. A raiz dessas violências é a cultura patriarcal e essa cultura pode ser modificada. A educação tem um papel fundamental nessa desconstrução", disse Olgamir.
A coordenadora da Codim-UnB, Roberta Cantarella, explicou ainda que a coordenação está trabalhando para levar ao ambiente acadêmico o projeto "Maria da Penha vai à escola" que consiste na divulgação, promoção e formação sobre a Lei Maria da Penha e dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica, afetiva e familiar. "Percebemos o aumento dos feminicídios no DF no início deste ano e precisamos nos unir para ajudar as mulheres a compreenderem os caminhos para fazer denúncias relativas à violência de gênero", finalizou Roberta.
Como participar
O edital Mulheres e meninas na ciência: o futuro é agora, que recebe propostas dentro das seguintes linhas de atuação: gênero, sexualidade, raça, etnia e interseccionalidade; educação; tecnologia e produção; direitos humanos, cidadania e justiça; trabalho; saúde e qualidade de vida. Serão contemplados até 20 projetos e concedidas até duas bolsas de extensão por iniciativa selecionada, pelo período de seis meses, com vigência prevista de julho a dezembro de 2023.
Para participar da seleção, é preciso cadastrar a proposta no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa). A proposta deverá ser vinculada, no ato do cadastro, ao edital. Junto a esta, o coordenador do projeto deverá anexar a ficha de inscrição. O prazo para análise de 8 de março a 2 de maio. Mais informações: www.dex.unb.br
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Mulheres e meninas na ciência: o futuro é agora
Está aberto o edital Mulheres e meninas na ciência: o futuro é agora, que recebe propostas dentro das seguintes linhas de atuação: gênero, sexualidade, raça, etnia e interseccionalidade; educação; tecnologia e produção; direitos humanos, cidadania e justiça; trabalho; saúde e qualidade de vida. Serão contemplados até 20 projetos e concedidas até duas bolsas de extensão por iniciativa selecionada, pelo período de seis meses, com vigência prevista de julho a dezembro de 2023.
Para participar da seleção, é preciso cadastrar a proposta no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa). A proposta deverá ser vinculada, no ato do cadastro, ao edital. Junto a esta, o coordenador do projeto deverá anexar a ficha de inscrição. O prazo para análise de 8 de março a 2 de maio. Mais informações: www.dex.unb.br