Fiquei surpresa ao descobrir, na redação do jornal, há alguns anos, que Skank não era uma unanimidade mundial e, muito menos, entre os brasileiros. Para eles, certamente o título desta crônica causará controvérsia. Para mim, a banda mineira sempre foi hors concours. É com certa tristeza que recebi a notícia do fim do grupo, apesar de entender os motivos que os levaram a tomar a decisão.
Infelizmente, também não consegui assistir à turnê final, e já estou com vontade de pedir bis. Sei que em ao menos duas oportunidades os mineirinhos estiveram por aqui prontos para presentear a plateia com tanta energia boa e suas baladas inabaláveis, mas perdi a chance.
Quem nunca ouviu a banda tocar numa novela, qualquer que fosse o horário? Quem nunca teve como tema de um relacionamento uma música deles? Quem nunca vibrou com Uma partida de futebol, emocionou-se com Três lados e Dois rios? Eles escolheram as melhores parcerias e levaram a carreira com leveza.
A paixão pelo futebol ofuscava a fama de serenidade trazida pela mineirice, mas para torcer pelo Cruzeiro creio que até os conterrâneos abrissem uma exceção. É estranho ver o fervor com que Samuel Rosa vibra pelo time. Um contraste total com a imagem de tranquilidade que passa em entrevistas e nos palcos.
Lá em casa, temos uma brincadeira recorrente que funciona também como um selo de qualidade para bandas e artistas. Quem tem mais de cinco sucessos nas paradas musicais (não precisa ser Billboard, as listas de hits brasileiros servem) merece aplausos e estrelinhas. Stevie Wonder, U2, Rolling Stones, Beatles, Aretha, Nina, Paralamas, Gil, Caetano e Chico, Bethânia, Elis, Gal, Ivete… A lista é extensa. Que bom!
E o Skank certamente tem lugar no rol de bandas com mais de cinco sucessos. São dezenas de músicas que marcaram gerações e com parcerias escolhidas com maestria e afeto, para selar o destino de Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti.
O que foi o estouro de Garota Nacional e aquele refrão sem letra que todos sabemos cantar? O grudinho que vira em nossos ouvidos Ainda gosto dela, que até hoje se destaca nas rádios? A melancolia de Resposta, de parceria de sucesso repetida tantas vezes com Nando Reis? A boa vibe de Vamos fugir? E o show de paradoxos de Te ver?
É improvável e impossível que algo igual se repita. E para os haters — até para eles — a banda produziu uma trilha sonora impecável: "Sei que amores imperfeitos / São as flores da estação". Simplesmente, sutilmente, subitamente, sugiro que deem o play e deixem o som rolar!
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