Crônica

Crônica da Cidade: Skank: fim de uma era

"O Skank certamente tem lugar no rol de bandas com mais de cinco sucessos. São dezenas de músicas que marcaram gerações e com parcerias escolhidas com maestria e afeto, para selar o destino de Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti"

Mariana Niederauer
postado em 31/03/2023 20:50 / atualizado em 31/03/2023 20:53
Milton Nascimento cantou Resposta no show de despedida do Skank, no Mineirão  -  (crédito:  Leandro Couri/EM/D.A Press)
Milton Nascimento cantou Resposta no show de despedida do Skank, no Mineirão - (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Fiquei surpresa ao descobrir, na redação do jornal, há alguns anos, que Skank não era uma unanimidade mundial e, muito menos, entre os brasileiros. Para eles, certamente o título desta crônica causará controvérsia. Para mim, a banda mineira sempre foi hors concours. É com certa tristeza que recebi a notícia do fim do grupo, apesar de entender os motivos que os levaram a tomar a decisão.

Infelizmente, também não consegui assistir à turnê final, e já estou com vontade de pedir bis. Sei que em ao menos duas oportunidades os mineirinhos estiveram por aqui prontos para presentear a plateia com tanta energia boa e suas baladas inabaláveis, mas perdi a chance.

Quem nunca ouviu a banda tocar numa novela, qualquer que fosse o horário? Quem nunca teve como tema de um relacionamento uma música deles? Quem nunca vibrou com Uma partida de futebol, emocionou-se com Três lados e Dois rios? Eles escolheram as melhores parcerias e levaram a carreira com leveza.

  • Milton Nascimento cantou 'Resposta' no show de despedida do Skank, no Mineirão Leandro Couri/EM/D.A Press
  • O Skank se despede do público, ao fim do último show de sua carreira Leandro Couri/EM/D.A.Press
  • A banda Skank chega ao fim em clima de celebração Weber Pádua/Divulgação
  • 08/10/2017. Crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília - DF. Green Move Festival leva 200 mil pessoas ao Museu da República. de Skank. Ed Alves/CB/D.A Press
  • 01/02/2013. Credito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press. Brasil. Belo Horizonte -MG. Jogadores do Atletico-MG faz reconhecimento de campo, do estadio Governador Magalhaes Pinto, Mineirao. Na foto, Samuel (vocalista da banda Skank) e o meio-campista Ronaldinho Gaucho. Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

A paixão pelo futebol ofuscava a fama de serenidade trazida pela mineirice, mas para torcer pelo Cruzeiro creio que até os conterrâneos abrissem uma exceção. É estranho ver o fervor com que Samuel Rosa vibra pelo time. Um contraste total com a imagem de tranquilidade que passa em entrevistas e nos palcos.

Lá em casa, temos uma brincadeira recorrente que funciona também como um selo de qualidade para bandas e artistas. Quem tem mais de cinco sucessos nas paradas musicais (não precisa ser Billboard, as listas de hits brasileiros servem) merece aplausos e estrelinhas. Stevie Wonder, U2, Rolling Stones, Beatles, Aretha, Nina, Paralamas, Gil, Caetano e Chico, Bethânia, Elis, Gal, Ivete… A lista é extensa. Que bom!

E o Skank certamente tem lugar no rol de bandas com mais de cinco sucessos. São dezenas de músicas que marcaram gerações e com parcerias escolhidas com maestria e afeto, para selar o destino de Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti.

O que foi o estouro de Garota Nacional e aquele refrão sem letra que todos sabemos cantar? O grudinho que vira em nossos ouvidos Ainda gosto dela, que até hoje se destaca nas rádios? A melancolia de Resposta, de parceria de sucesso repetida tantas vezes com Nando Reis? A boa vibe de Vamos fugir? E o show de paradoxos de Te ver?

É improvável e impossível que algo igual se repita. E para os haters — até para eles — a banda produziu uma trilha sonora impecável: "Sei que amores imperfeitos / São as flores da estação". Simplesmente, sutilmente, subitamente, sugiro que deem o play e deixem o som rolar!


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