A Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua (AscapBsB) entregou certificados a 41 mulheres de Ceilândia, neste sábado (25/3), referentes à conclusão do curso básico de costura. A cerimônia ocorreu por volta das 10h, na sede da instituição. O intuito do projeto é inserir esse público feminino no setor produtivo e vestuário que, por sua vez, carece de mão de obra.
A iniciativa foi possível devido à emenda ao Orçamento da União, de autoria da senadora Leila Barros (PDT-DF), em 2021, garantindo os recursos necessários ao desenvolvimento do projeto Costura Social e de formação de terapeutas comunitários integrativos. No total, 112 mulheres participaram do curso de costura. No último dia 18, 37 pessoas — a maioria mulheres — receberam o certificado de formação como terapeutas comunitários integrativos (TCI), resultado da parceria com o Polo Correnteza de Formação em TCI, com sede em Sobradinho. Os novos TCI estão com rodas de conversa na maioria das regiões administrativas do DF.
Ao longo dos anos, o amor precisou ser deixado de lado, na medida em que deu início à vida profissional em outra área, mais precisamente no Ministério do Planejamento. Agora, aposentada, tudo o que ela quer é focar de vez nesse hobby. “Só vou fazer as coisas que eu gosto. Por isso, quando surgiu a oportunidade da Ascap e esse braço social, logo comecei a me engajar", comenta.
Mesmo sabendo costurar um pouco, ressalta ter aprendido ainda mais durante as aulas. O conhecimento, inclusive, a fez dar aula para algumas colegas, já que algumas turmas precisavam se adiantar nos exercícios que eram dados. Seja colocando um botão, zíper ou costurando uma almofada, a aposentada diz que os ensinamentos adquiridos e proporcionados conseguiram ajudar muitas mulheres.
“Algumas chegaram aqui sem saber de nada, e agora já até trabalham com isso. Muitas já pediram empréstimo para comprar sua própria máquina. Ter esse certificado é gratificante demais. Ver todas se engajando e se empoderando, não tem preço”, destaca.
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Muito além da costura
Muito mais do que apenas tirar essas mulheres do ócio e devolvê-las ao mercado de trabalho ou, até mesmo, ajudar com alguma renda extra, ouvi-las e acompanhá-las psicologicamente também era um trabalho a ser realizado. Florissa Silva, 47, relata que a ação social surgiu como um escape para o grupo, que além da parte financeira, tinha a companhia das alunas para conversar sobre a vida nas rodas de bate-papo que faziam. “Isso tem nos ajudado bastante, sobretudo no nosso psicológico”, afirma.
Durante o curso, foi oferecido atendimento especializado com psicólogos para as mulheres, que precisavam dessa parte mental em dia para conseguir se concentrar na costura. A parte da alimentação também foi fundamental, já que, em alguns momentos, uma ou outra colega precisou de cesta básica para ajudar em casa. A união do grupo se sobressaiu durante todo o período de curso, como descreve a doceira Florissa.
“Pra mim, foi uma terapia, porque eu estava passando por um momento de depressão”, afirma Darcina Lopes da Luz, 73, que reitera a importância dos dois meses de aula na sua melhora psicológica. Estudar e aprender a costurar foi fundamental para sua significativa melhora e despertar para um viver novo e feliz, mesmo que nessa altura da vida e aposentada, não conseguisse enxergar isso para si mesma.
Dona Darcina detalha que pretende comprar sua máquina em breve, mas enxerga que a costura será seu passatempo, e não algo profissional. Em tom descontraído, ela, agora, só pensa em aproveitar o momento de aposentadoria, já que começou a trabalhar muito nova. Em contrapartida, para Andreia Oliveira, 42, a costura é um recomeço. Em 2021, Andreia ficou 6 meses internada em decorrência de complicações da covid, chegando a ficar 4 meses em coma. Hoje, com dificuldades na fala, ela deseja entrar no mercado de trabalho e buscar as conquistas e vontades que deixou para trás.
Homens também costuram
Além das 41 mulheres devidamente certificadas, um bendito entre os frutos também estava presente para aprender mais sobre costura e confecção de roupas. Roberval Chevette Santos, 56, também enxergou o curso como uma prática terapêutica. Ele, que está desempregado e mexe com estofado, buscou novas formas de se inserir dentro do mercado de trabalho, além do desejo de, realmente, adquirir conhecimento relacionado ao ramo.
“O curso aqui foi muito bom, as pessoas explicam direitinho. Cada vez que ia aprender, só queria saber mais”, completa. Certificado e feliz pela conclusão do curso, ele diz que, caso apareça uma nova turma, será o primeiro a se inscrever, pois o carinho pelas aulas foi imenso e deve perdurar por um bom tempo.
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