Depoimento

CPI: Acampamento não foi desmontado porque Exército não deixou, diz Júlio

Júlio Danilo diz que operações para desmobilização no Quartel General eram de responsabilidade do próprio Exército. No início, movimento de bolsonaristas era tratado como comum

Pablo Giovanni
postado em 23/03/2023 13:55 / atualizado em 23/03/2023 16:47
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press)

O ex-secretário da Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que no início, a manifestação dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no QG do Exército, era considerada "comum".

"O acampamento começou após o fim das eleições. Nós tratávamos essa manifestação, no início, como comum. Depois, quando as pessoas começaram a se estabelecer, por diversas vezes, tratamos com o Comando Militar do Planalto a necessidade de desmobilização do acampamento", declarou.

Júlio Danilo, que também era secretário da pasta em 2022 firmou que, por se tratar de uma área do Exército, o GDF só poderia agir com a anuência deles. "Por que não foi à frente a desmobilização? Nós necessitávamos da concordância, apoio e da coordenação com o Exército para que a gente pudesse desmobilizar", ressaltou.

No período em que esteve como secretário, Júlio diz que sempre tratou as manifestação de forma igualitária. "Sempre realizando o mesmo protocolo", acrescentou, ao ser questionado pelo deputado Gabriel Magno (PT).

Atrito

À CPI, Júlio também esclareceu que o Exército, que teria firmado um pacto com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e DF Legal, desfez o acordo para a desocupação do acampamento no QG, em 29 de dezembro. "Quando colocamos aquele aparato, o DF Legal já estava a postos para fazer, de forma pacífica, a desmontagem daquelas barracas. No entanto, foi solicitado que não era para avançar na operação. E, que dali, o Exército, por meios próprios, ia providenciar o desmonte do acampamento. Tivemos que recuar", esclareceu. O episódio ocorreu em 29 de dezembro, poucos dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  Na manhã do mesmo dia, o Exército recuou, decisão que provocou atrito entre as duas forças de segurança.

CPI na CLDF

Nesta quinta-feira (23/3), a CPI recebe o ex-secretário de Segurança Júlio Danilo, que é delegado da Polícia Federal, e o tenente-coronel da PMDF Jorge Henrique da Silva Pinto. Danilo está sendo questionado sobre as medidas tomadas para acabar com o acampamento golpista e sobre o relacionamento com Anderson Torres.

Quando Torres deixou a SSP para ocupar um cargo no governo Bolsonaro, Júlio, que era secretário-executivo, herdou a função, que exerceu até os primeiros dias deste ano. O ex-chefe da SSP, à época, foi elogiado pelo ministro da Justiça Flávio Dino e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela segurança na posse de 1° de janeiro.

Já o oficial da PMDF estava em um grupo de WhatsApp chamado “Difusão”, criado para o repasse de notícias. Além de Jorge Henrique, estavam o coronel e então comandante da PMDF Fábio Augusto Vieira; o então secretário-executivo Fernando de Sousa Oliveira; a então subsecretária de Inteligência Marília Ferreira Alencar; Anderson Torres; e os dois policiais civis. O tenente-coronel será alvo de questionamento sobre alertas que ele teria feito nas vésperas do 8 de janeiro.


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  •  08/12/2022. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Operação do Polícia Militar de segurança reforçada para as festas de fim de ano em Brasília. Tropa formada na frente do Museu da República. Júlio Danilo secretário de segurança.
    08/12/2022. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Operação do Polícia Militar de segurança reforçada para as festas de fim de ano em Brasília. Tropa formada na frente do Museu da República. Júlio Danilo secretário de segurança. Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  •  28/03/2022 Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Coletiva de imprensa no Palácio do Buriti sobre a violência nas escolas. Júlio Danilo Secretário de segurança pública.
    28/03/2022 Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Coletiva de imprensa no Palácio do Buriti sobre a violência nas escolas. Júlio Danilo Secretário de segurança pública. Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Ex-secretário de Segurança Pública do DF, Júlia Danilo, na CPI dos Atos Antidemocráticos
    Ex-secretário de Segurança Pública do DF, Júlia Danilo, na CPI dos Atos Antidemocráticos Foto: Ed Alves/CB/D.A.Press
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