O ex-secretário da Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que no início, a manifestação dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no QG do Exército, era considerada "comum".
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"O acampamento começou após o fim das eleições. Nós tratávamos essa manifestação, no início, como comum. Depois, quando as pessoas começaram a se estabelecer, por diversas vezes, tratamos com o Comando Militar do Planalto a necessidade de desmobilização do acampamento", declarou.
Júlio Danilo, que também era secretário da pasta em 2022 firmou que, por se tratar de uma área do Exército, o GDF só poderia agir com a anuência deles. "Por que não foi à frente a desmobilização? Nós necessitávamos da concordância, apoio e da coordenação com o Exército para que a gente pudesse desmobilizar", ressaltou.
No período em que esteve como secretário, Júlio diz que sempre tratou as manifestação de forma igualitária. "Sempre realizando o mesmo protocolo", acrescentou, ao ser questionado pelo deputado Gabriel Magno (PT).
Atrito
À CPI, Júlio também esclareceu que o Exército, que teria firmado um pacto com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e DF Legal, desfez o acordo para a desocupação do acampamento no QG, em 29 de dezembro. "Quando colocamos aquele aparato, o DF Legal já estava a postos para fazer, de forma pacífica, a desmontagem daquelas barracas. No entanto, foi solicitado que não era para avançar na operação. E, que dali, o Exército, por meios próprios, ia providenciar o desmonte do acampamento. Tivemos que recuar", esclareceu. O episódio ocorreu em 29 de dezembro, poucos dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na manhã do mesmo dia, o Exército recuou, decisão que provocou atrito entre as duas forças de segurança.
CPI na CLDF
Nesta quinta-feira (23/3), a CPI recebe o ex-secretário de Segurança Júlio Danilo, que é delegado da Polícia Federal, e o tenente-coronel da PMDF Jorge Henrique da Silva Pinto. Danilo está sendo questionado sobre as medidas tomadas para acabar com o acampamento golpista e sobre o relacionamento com Anderson Torres.
Quando Torres deixou a SSP para ocupar um cargo no governo Bolsonaro, Júlio, que era secretário-executivo, herdou a função, que exerceu até os primeiros dias deste ano. O ex-chefe da SSP, à época, foi elogiado pelo ministro da Justiça Flávio Dino e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela segurança na posse de 1° de janeiro.
Já o oficial da PMDF estava em um grupo de WhatsApp chamado “Difusão”, criado para o repasse de notícias. Além de Jorge Henrique, estavam o coronel e então comandante da PMDF Fábio Augusto Vieira; o então secretário-executivo Fernando de Sousa Oliveira; a então subsecretária de Inteligência Marília Ferreira Alencar; Anderson Torres; e os dois policiais civis. O tenente-coronel será alvo de questionamento sobre alertas que ele teria feito nas vésperas do 8 de janeiro.
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