Se as paredes do Museu de Arte de Brasília (MAB) pudessem falar, elas contariam muitas histórias presenciadas ali, na orla do Lago Sul, desde a inauguração do prédio, em 1960. Também exibiriam as inúmeras obras de renomados artistas do acervo fixo e de exposições itinerantes. Até se tornar um museu, em 63 anos de existência, o espaço foi utilizado para outras atividades de entretenimento como bares, restaurantes, boates, clubes e casas de samba. Também passou por grande uma reforma até se tornar o mais importante museu de arte da cidade.
Em março de 1985, a casa foi adaptada para ser o primeiro museu de arte da capital e seguiu nessa condição até 2006, quando precisou ser fechada, por problemas estruturais. Foram 14 anos até a conclusão da obra. Em abril de 2021, quando Brasília celebrava o 61º aniversário, o MAB abriu novamente as portas aos apreciadores de arte. E tem sido nessas paredes que as histórias da arte brasileira vêm sendo contada por meio do acervo de 1.400 peças, exibidas ao público de forma rotativa.
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Atualmente, estão em cartaz as exposições Obra xerox, Soul do mar, Mulheres no acervo do MAB, além das exposições do acervo fixo. Ao entrar no museu, os visitantes podem apreciar quadros, esculturas, mobiliários e outros tantos objetos carregados de significados e de história. Os estilos variam entre a arte moderna e a contemporânea, com suas diversidades de técnicas e de materiais usados em pinturas, gravuras, desenhos, fotografias, esculturas, objetos e instalações.
No acervo mais completo da cidade estão criações de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Djanira, Franz Krajcberg, Athos Bulcão, Rubem Valentim, Nelson Leirner, Leonilson, Rosângela Rennó, entre tantos outros nomes de artistas brasileiros e estrangeiros.
Segundo o gerente do MAB, Marcelo Gonczarowska, o museu tem um papel fundamental para entender a história da arte no Brasil e em Brasília. Por isso, o acervo busca obras de diversos períodos. "Queremos que as pessoas que chegam aqui consigam entender o que foi a arte brasileira desde que esse país surgiu até os dias de hoje. Sobretudo, diplomatas estrangeiros, que sempre recebemos aqui", disse o servidor.
O local também abre seu espaço para eventos nos pilotis externos do museu. A designer de jóias Sarah de Magalhães, 35, é organizadora da feira cultural Varanda BSB, que ocasionalmente se instala na parte de fora da casa. Apreciadora do acervo do museu, Sara considera o lugar ideal para realizar mostras. "É um lugar amplo, com sombra, além de ser bonito esteticamente. As crianças principalmente amam, elas correm e se divertem e o museu sempre abre espaço para esse tipo de evento cultural", contou.
Doação de obras
Nos dois anos desde a reinauguração, o museu agregou ao seu acervo cerca de 100 obras, doadas e transferidas de outros setores da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC); e também por meio de trocas pelo uso do próprio museu ou da Concha Acústica, que é patrimônio público e engloba os interesses do MAB.
O interessado em utilizar os espaços da Concha ou do próprio MAB para fins privados, com cobrança de bilheteria eventualmente, pode "pagar" o aluguel por meio da doação de uma obra de arte. "As empresas apresentam as obras que têm e o museu faz uma seleção. A partir disso, é feito um acordo de patrocínio privado direto, em que o doador, em troca, utiliza esses espaços por um tempo determinado. Assim, o museu pode escolher as obras, traçando uma melhor estratégia para preencher as lacunas do acervo", detalhou o gerente do espaço.
Também existe a opção para os artistas e colecionadores doarem obras ao museu. Em troca, além da divulgação do trabalho artístico, a exposição das peças no espaço, de acordo com Marcelo, agrega prestígio e valor às obras. Segundo o gerente do MAB, os artistas frequentemente procuram o museu para fazer doações, porém, o espaço é limitado e, com isso, os critérios de seleção são bem rigorosos.
As mais recentes doações ocorreram em dezembro de 2022, com cinco obras, sendo uma de Di Cavalcanti e doada em troca do uso do espaço da Concha Acústica; e outras quatro figuras — de Arnoldus Montanus e Jacob van Meurs, Johann Moritz Rugendas, Jean-Baptiste Debret e P. Lutz — que vieram de uma galeria em São Paulo. Entre elas, uma que mostra o Brasil holandês, de 1671, obra mais antiga em um museu aberto ao público em Brasília.
Museu de Arte de Brasília (MAB)
Endereço: SHTN Trecho 1, projeto Orla Polo 03
Funcionamento: Todos os dias, exceto terça-feira, das 10h as 19h
Entrada gratuita
Mais informações no Instagram: @museudeartedebrasilia
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