A defesa do coronel e ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime entrou com um pedido, nesta segunda-feira (20/3), para a revogação da prisão do oficial. Naime está preso desde o início de fevereiro, após ser alvo da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal.
Os advogados do coronel argumentam que todos os elementos probatórios indicam que o oficial não contribuiu para os atos de 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes. A defesa pontua que Naime estava de dispensa-recompensa na data e nos dias anteriores, não sendo responsável pelo planejamento nem pela execução da operação.
“Naime assumiu a operação do choque, já em andamento, no final da tarde do dia 8 de janeiro. Efetuou centenas de prisões. Entrou em luta corporal com um dos invasores, sendo gravemente lesionado nas pernas por rojão arremessado contra os policiais”, cita a petição.
Os representantes de Naime dizem ainda que ele foi afastado do DOP e que a revogação da prisão preventiva não interfere no andamento das investigações. Para isso, a defesa usa a situação da revogação da prisão do ex-comandante e coronel Fábio Augusto Vieira.
CPI
Naime disse, durante oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa (CLDF), que fez o que pôde para conter os ataques à sede dos Três Poderes.
"Fiz tudo o que estava ao meu alcance quando me chamaram para a Esplanada", destacou. Segundo Naime, ele chegou no local às 17h40 e, a partir daí, comandou a tropa de choque da PM. "Efetuei mais de 400 prisões. Quando o Cappelli chegou, os prédios já estavam desocupados", ressaltou Naime. "Fiz tudo isso e agora estou preso há mais de 40 dias. Essa foi a minha recompensa", lamentou.
Para a comissão, Naime detalhou que achou estranha a informação de que apenas alunos do curso de formação da PMDF teriam sido convocados para conter os ataques do dia 8 de janeiro. O questionamento partiu do deputado Chico Vigilante (PT), que utilizou um documento encaminhado pela própria PM, afirmando que o efetivo daquele dia seria de cerca de 200 alunos e que o restante da tropa ficaria de sobreaviso.
"É complexo avaliar, pois não participei desse planejamento. Me causa estranheza terem utilizado somente os alunos. Eles sempre devem estar acompanhados por alguém com mais experiência", afirmou Naime. "Precisa revisar as escalas e ver se isso realmente aconteceu, pois foge completamente do que é o nosso padrão", ressaltou.
O coronel revelou, no entanto, que os alunos, geralmente, são convocados para esse tipo de operação. "Eu mesmo empreguei 700 alunos na noite do dia 6 de setembro de 2021 (quando caminhoneiros tentaram invadir a Esplanada dos Ministérios)", afirmou.
O coronel ainda detalhou que bolsonaristas acampados no QG do Exército viviam em um mundo paralelo. O militar chegou a ouvir de um homem que extraterrestres ajudariam as Forças Armadas em um golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Aquele pessoal do acampamento vivia em um mundo paralelo. Eu estive algumas vezes no acampamento, conversei com algumas pessoas e escutei relatos, assim, que falei: 'Cara, não é possível que essa pessoa está me falando isso'. Teve um que me abordou e falou para mim que ele era um extraterrestre, que ele estava ali infiltrado e que assim que o Exército tomasse, os extraterrestres iriam ajudar o Exército a tomar o poder. Eles consumiam só informações deles, era só o que era falado no carro, estavam em uma bolha", relatou o coronel aos parlamentares.
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