Dias difíceis. Assim, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), definiu os 66 dias em que ficou à frente do GDF no lugar de Ibaneis Rocha (MDB). No período em que assumiu o cargo, ela tomou decisões importantes, como a criação do Batalhão dos Poderes, a negociação com o governo federal sobre o novo secretário de Segurança do DF e a força-tarefa para combater o feminicídio no DF.
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Ibaneis Rocha foi afastado em 9 de janeiro, após os atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Ontem, após o anúncio da autorização do retorno de Ibaneis ao cargo, a então governadora em exercício divulgou um vídeo sorridente em suas redes sociais, em comemoração. "Foram dias difíceis aqui, mas toda a equipe estava unida, aguardando o retorno do nosso governador", afirmou Celina.
Ao Correio, a vice-governadora falou sobre as dificuldades que enfrentou ao assumir o posto número um da política local. "A primeira medida que tomamos foi controlar a maior crise da segurança com postura e seriedade. Passamos pela intervenção, as discussões sobre a federalização da segurança pública, do Fundo Constitucional e a criação de uma Guarda Federal. Tive uma postura de manter os cargos já nomeados pelo governador e confiar neles", descreve Celina.
Durante a interinidade, a vice afirmou ter enfrentado diversos problemas em pastas como Saúde, Segurança e Educação, com um choque de gestão e com presença constante nas cidades. "A população do DF sempre teve uma governadora presente. Mas, nunca fiz um evento sem citar o nome do governador Ibaneis, mesmo quando estava sendo contestada", diz. "Na maior crise, fui uma companheira leal e fiel. Tinha convicção que ele sabia que podia contar comigo. Eu nunca quis o cargo dele. Saio de cabeça erguida", finaliza.
Fundo Constitucional
Logo após assumir, Celina Leão criou um comitê de crise denominado Gabinete de Preservação de Mobilização Institucional, para coordenar as atividades administrativas que não foram afetadas pela intervenção federal, com o intuito de restabelecer a ordem pública. A governadora em exercício acompanhou a gestão do interventor Ricardo Cappelli e nomeou Sandro Avelar para a Secretaria de Segurança Pública do DF.
Celina defendeu abertamente a manutenção do Fundo Constitucional do DF, que esteve ameaçado e foi questionado durante sua gestão. "Sabemos a importância do Fundo Constitucional e de valorizar as nossas forças de segurança. O fundo é o que dá sustentação ao orçamento do Distrito Federal", declarou a vice-governadora.
Enquanto governadora em exercício, Celina oficializou a criação do Batalhão dos Poderes, da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). A força contará com 500 agentes, que cuidarão da segurança da Esplanada dos Ministérios, Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio da Alvorada, edifícios invadidos e depredados por golpistas em 8 de janeiro. Ela assinou ainda uma ordem de serviço para construção de rotas acessíveis nas calçadas da Esplanada dos Ministérios.
Feminicídios
À frente do GDF, Celina Leão se mostrou sensível com relação às pautas de defesa das mulheres. Durante o período em que governou interinamente, ocorreu um recorde de feminicídios no DF, onde os casos registrados em 2023 ultrapassaram a média nacional. Celina implementou a criação de uma bolsa destinada aos órfãos de feminicídios, para que as crianças sejam amparadas pelo Estado até completarem 18 anos. Ela determinou a criação de uma força-tarefa do GDF para criar políticas públicas voltadas à prevenção do crime, à proteção, ao acolhimento e à eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres.
Obras e projetos
Celina esteve, ainda, em várias regiões administrativas. Inaugurou obras e conversou com a população e assinou projetos de repercussão, como o decreto que desobriga o pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) do ano corrente para transferência da titularidade do automóvel.
A vice-governadora, durante o tempo em que esteve no comando, dialogou com o Poder Legislativo e articulou ações na saúde e educação, como, por exemplo, a destinação de R$ 22 milhões em emendas parlamentares para a realização de um mutirão de cirurgias na rede pública.
Foi na gestão de Celina que as festividades de carnaval voltaram a acontecer oficialmente no Distrito Federal, após dois anos de pandemia. O GDF investiu cerca de R$ 12 milhões no Carnaval e a festa gerou mais de 16 mil empregos. Também foi registrada queda de 24% na criminalidade comparada ao último ano da festa, em 2020.
Na educação, Celina autorizou a nomeação de 1,8 mil novos monitores para ajudar os alunos com deficiência nas escolas públicas durante todo o período na escola, indo do aprendizado ao cuidado durante os recreios.
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