Segundo a família do jovem que morreu após esperar por atendimento da rede pública de saúde, Warley Eduardo, 30 anos, já chegou ao Hospital de Samambaia morto. Maria de Lourdes, 50, acusa negligência médica e preconceito contra seu filho. A mãe teve acesso ao prontuário e afirmou que ele saiu da unidade de pronto atendimento (UPA), do setor O, com sinais de morte encefálica.
O homem era portador da síndrome de Down e foi diagnosticado com pneumonia este mês. Durante a última semana, Warley teve piora nos sintomas e, no dia 9 de março, foi levado pelo Samu devido a um quadro de convulsão e febre no dia anterior. “O paciente evolui com agitação psicomotora, foi administrado medicamento conforme quadro clínico apresentado. Por volta das 14h10, evoluiu com rebaixamento do nível de consciência, encaminhado para sala vermelha para melhor avaliação, sinais vitais e exames laboratoriais”, diz o IGES em nota.
Ainda segundo a instituição, o homem teve uma parada cardiorrespiratória e foi prontamente levado para o leito de UTI do Hospital de Samambaia. Lá foi constatado o óbito. “O óbito não ocorreu na UPA. O Iges DF informa que abriu uma sindicância interna para apurar os fatos relacionados ao atendimento do paciente”, relatou o instituto. Contudo, segundo Maria de Lourdes, 50, seu filho já saiu da UPA sem vida. "Uma médica me passou o prontuário, e meu filho já chegou no Hospital de Samambaia com morte encefálica, ou seja meu filho não morreu lá ( Hospital de Samambaia), ele morreu aqui”, relatou a diarista.
O advogado da família que está cuidando do caso, Walisson dos Reis Pereira, explica que irá solicitar a exumação do corpo para determinar a causa da morte. “Se ficar provado que houve negligência como se vê nas imagens, iremos acionar o poder judiciário, de antemão já vamos procurar o delegado para acompanhar o inquérito e o Ministério Público como fiscal da lei", diz o advogado.
Repúdio
A comissão de Direitos Humanos da subseção da OAB/ Ceilândia publicou uma nota de repúdio contra a forma de atendimento a Warlley.
“Warlley era uma pessoa com síndrome de Down, negro, com 30 anos de idade, estudante do Centro de Ensino Especial 01 de Taguatinga e que participava da Banda Aconde da escola, conforme amplamente divulgado pelos meios de comunicação do Distrito Federal. Estamos acompanhando a apuração que está sob a responsabilidade da 24ª Delegacia de Polícia que fica em Ceilândia, solicitamos que deve ser célere em apresentar à Justiça a autoria e materialidade deste fato tão brutal que ocorreu em unidades públicas da nossa Ceilândia e de Samambaia que resultou em sua morte. A sociedade necessita sentir-se acolhida e segura e a resposta do Estado a esta barbaridade é imprescindível para tal. Não aceitamos esse tipo de atendimento desumano nas unidades públicas de atendimento à saúde ou em qualquer instituição pública ou privada da cidade, atendimento esse que agride todos nós que lutamos por igualdade e empatia; não queremos que exista em Ceilândia qualquer tipo de preconceito às pessoas com deficiência, negras e frágeis por sua própria condição humana, como foi o caso do Warlley”, diz a nota.
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel
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