As irmãs integrantes da facção goiana Amigos do Estado (ADE) presas por torturar e esfaquear uma rival acumulam um histórico violento na cidade de Alexânia (GO) e espalham uma onda de terror na região. Sarah Aparecida Alves e Clara Laiz Alves gravaram as agressões contra a vítima e divulgaram em grupos de WhatsApp. Elas estão presas em Luziânia.
A reportagem teve acessos a vários vídeos publicados pelas irmãs nas redes sociais. Sarah e Clara ostentavam uma vida de luxo. Andavam em carros superesportivos e frequentavam baladas renomadas. Em outras filmagens, as duas faziam questão em divulgar armas e drogas.
Sob condição de anonimato, o Correio conversou com pessoas que já foram ameaçadas pelas suspeitas. Uma jovem contou que precisou se mudar de Alexânia após sofrer ameaças. “A briga foi por causa da minha amizade com um rapaz, que era ex-namorado de uma delas. Fiquei com medo”, disse.
O Correio apurou que um dos ex-namorados de Sarah chegou a entrar em confronto com policiais militares no Corumbá. À época, o suspeito conseguiu fugir, mas foi capturado dias depois.
Sarah também costuma usar as redes sociais para publicar ameaças à rivais, como foi o caso da vítima de tortura. Antes de esfaquear a jovem, a criminosa publicou uma sequência de stories no Instagram. “É tão fuleira que colocou um noiado para tentar me intimidar. Tá achando que eu vou tremer, se eu não como terror nenhum de piranha, imagina de um corrozin safado. E os mano do corre já tá ligado nessa caminhada, vai sobrar para um, não vai ser para dois. Quero ver essa bixona na hora que o chicote estalar”, escreveu.
Em outro post, Sarah chegou a dizer, em tom de ironia, que nunca tinha feito nada com ninguém e que não chegaria a ponto de mandar a vítima para o IML. “Eu acho que você não tem uma compreensão real que você se meteu. O recado tá dado. Você vai pagar pelo o que fez comigo, com minha mãe e com minha irmã.” E continua: “Seus dias nessa terra serão de tortura extrema, pois você viverá um verdadeiro inferno, conhecerá o verdadeiro cão que sou eu”, finaliza a criminosa.
Na região onde as criminosas moram, no centro de Alexânia, moradores evitam tocar em assuntos que envolvem as faccionadas. “Elas nunca foram presas, mas já esfaquearam outras pessoas. Essa não foi a primeira vez”, afirmou uma pessoa que preferiu não se identificar.
O crime
Na madrugada de quinta-feira (9/3), as irmãs e outros dois homens dirigiram cerca de 15km de Alexânia até o distrito de Olhos D’água. Segundo o sargento W Silva, as criminosas invadiram a casa da vítima e deram início às agressões. Toda a sessão de tortura foi gravado por um dos meninos. Na filmagem, Sarah e Clara partem para cima da jovem com uma faca e tentam furar o peito dela.
Para se defender, a jovem coloca a mão na frente da lâmina. A mãe da vítima, que sofre de síndrome do pânico, tenta intervir. “As autoras só não a mataram porque ela se defendeu e porque a mãe entrou no meio”, afirmou o policial à frente da ocorrência. Na delegacia, a vítima relatou que, a todo momento, era ameaçada com uma arma de fogo na cabeça apontada por um dos rapazes. Ela ficou ferida na mão e na perna.
As criminosas ainda usaram a faca para cortar o cabelo da jovem e gravaram um vídeo com os tufos nas mãos. “Olha aí a peruca. Aqui em Olhos D’água, galera”, fala uma das suspeitas na filmagem.
Após a vítima registrar boletim de ocorrência, policiais civis e militares saíram em busca das duas criminosas. “Ficamos sabendo dos fatos depois do relato da jovem na delegacia. De imediato, nossas equipes foram para as ruas”, afirmou o major Ricardo Wender, da 34º Companhia Independente da Polícia Militar de Alexânia.
As irmãs foram capturadas na manhã de quinta e encaminhadas à delegacia. As duas vão responder por tentativa de homicídio. O Correio apurou que Sarah e Clara passaram por audiência de custódia no fim da tarde desta sexta-feira (10/3), em Luziânia, e vão permanecer detidas.
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