. A relação afetiva é genuína e, quando o bichinho some — seja por fuga e não encontrar o caminho de casa seja por ser raptado por alguém — bate o desespero. Ferramentas rápidas e sem muito custo existem para ajudar, como espalhar cartazes pela vizinhança e fazer postagens com fotos nas redes sociais. Mas há casos em que existe a necessidade de um esforço maior. Para solucionar esses casos de desaparecimento mais difíceis, existem os detetives particulares de pets. Para os tutores, os animais de estimação são como filhos
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Parece até coisa de filme, mas não é. Assim como existem cães treinados pela polícia para fazer buscas de humanos a partir do seu faro poderoso, há também humanos treinados para encontrar os seres de quatro patas. Esses profissionais fazem uma busca minuciosa pelo animal com o uso de diversas estratégias de localização. Deusdete Correa é um desses profissionais e atua no Distrito Federal e Entorno. Ele fez o curso de investigador em 2011 e, em 2016, começou a atuar com esse público mais específico. "Tudo começou quando o animal de estimação de um amigo sumiu. Ele me pediu ajuda para procurar, e eu consegui encontrá- lo. Daí, surgiu a ideia de trabalhar nesse segmento", recordou o profissional.
Os detetives para encontrar pets são a esperança em um momento de desalento para os donos. Durante a trajetória de investigação de animais, Deusdete apurou mais de 20 casos pela capital. Só em 2023, já foram localizados oito bichos. O detetive utiliza vários métodos para encontrar os bichinhos. "Eu utilizo binóculo, microfone direcional para escutas em ambientes, que me permite ouvir latidos e miados de pets até 500 metros de distância. Outro método que também pratico é a panfletagem com a foto do pet desaparecido, colagem em paradas de ônibus, entre outros", detalhou.
Aflição no lar
O serviço não é barato. O cliente que quiser contratar um detetive vai precisar desembolsar cerca de R$ 3 mil. Uma parte é adiantada, e o restante é pago somente se o animal for encontrado. O valor é referente a cinco dias de procura, por oito horas diárias. Deusdete, que é dono da basset hound Luna, entende o desespero de quem perde o animal e conta que é emocionante quando consegue encontrar os fujões. "É muito bom ver a felicidade das pessoas quando reveem seu pet, a emoção é muito grande, como se fosse um filho retornando para casa", contou o detetive.
A comerciante Natali Thaynara, 23 anos, moradora de Samambaia, não poupou recursos para encontrar a shih tzu Nicole, de 9 anos. "Ela sumiu na madrugada de 16 de fevereiro, eu estava chegando de uma festa, abri o portão, ela saiu e eu não vi", contou a comerciante. Na internet, a tutora encontrou os serviços do detetive pet e resolveu contratá-lo. "Eu tinha pressa, a Nicole é uma cachorrinha idosa, que necessita de cuidados", contou. Uma semana depois do início das buscas, a cadela foi encontrada, no Guará. A comerciante relembra o fato como uma experiência desesperadora e hoje está feliz por poder dividir a cama com Nicole novamente.
Infelizmente, nem todos os casos são solucionados em pouco tempo. Alguns demandam mais tempo e exigem uma apuração mais consistente. Esse é o caso da caramelo Mel, desaparecida há quatro meses na SQS 307. A tutora, Ana Catarina, 56, tem vivenciado um período de angústia e desespero à procura da cachorrinha que, até o momento, segue desaparecida. As buscas têm sido incansáveis, tanto por parte do detetive Deusdete, quanto por Ana e sua família. Ela conta que anda em média oito quadras, todos os dias, à procura da Mel. "Não tive Natal, não tive ano-novo. Durmo e acordo pensando nela", lamentou.
A filha de Ana, também abalada pelo acontecimento, encontrou os serviços de detetive pet na internet, e entendeu que seria uma boa alternativa. Deusdete revelou que as buscas pela Mel estão a todo vapor e acredita que a demora seja porque a cadela esteja com alguém próximo de onde sumiu, ou foi levada para outra cidade fora do DF e do Entorno. Mesmo com essa possibilidade, o detetive acredita que a Mel será encontrada. "Sofro muito em imaginá-la nas ruas. É muito triste, fico depressiva. Acendo uma vela todos os dias pedindo para ela voltar para casa", desabafa a tutora, Ana.
Precauções
A última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), realizada em 2021, pelo Instituto de Pesquisa e Estatística (Iped), mostrou que 49,6% das pessoas que vivem no DF tem pelo menos um animal de estimação. Cerca de 41,9% têm cachorros, 11,1% possuem gatos, 5% criam aves, 2,3% cuidam de peixes e 1,4% se dedicam a outros animais. A média é que esses animais façam parte de 390 mil lares brasilienses.
A diretora da Associação de Protetores de Animais do DF (ProAnima), Mara Moscoso, orienta sobre a importância de os tutores colocarem uma plaquinha de identificação nos pets, contendo nome do bichinho e do dono e telefone de contato. "Quando esse animal fugir, é muito mais fácil alguém encontrar. Quem vê a identificação, consegue devolvê-lo para o dono", alerta a diretora.
Mara também recomenda que o passeio com os pets seja feito com coleira e guia e nunca com eles soltos acompanhando o dono. Importante, ainda, que o condutor seja sempre uma pessoa que tenha força para segurar o animal, caso ele tente fugir. Por fim, a diretora destaca a importância de castrar os animais. "Tanto a fêmea quanto o macho tendem a tentar fugir no período do cio para tentar cruzar," finaliza.
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