Desde o ensino infantil até a formação superior, todos precisam passar por professores e é fato que, historicamente, as mulheres se destacam na arte de ensinar. Quando as mulheres começaram a busca por autonomia financeira, viram na sala de aula uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho e de ganhar o próprio dinheiro, diferentemente da realidade atual, em que há várias opções de escolha de atuação. E foi ali, diante de um quadro negro e giz branco, que diversas mulheres contribuíram e continuam em maioria na linha de frente da educação.
As salas de aula ainda são de domínio feminino na educação básica onde, segundo a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), as mulheres representam 72% do quadro de servidores. Além da representatividade quantitativa, elas também são maioria nos cargos de gestão, representando 66% dos diretores, vices e supervisores das unidades escolares.
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Pedagoga e vice-diretora do Jardim de Infância 114 Sul, Aline Medeiros, 43 anos, é apaixonada pela profissão que escolheu. "Muitas vezes nossas principais conquistas são ver nossos antigos alunos, hoje, profissionais bem-sucedidos", comenta a moradora do Park Way. No entanto, ela destaca que muitas vezes as mulheres são objetificadas, tendo as qualidades profissionais e intelectuais deixadas de lado e sendo julgadas apenas pela aparência.
Aline pontua que o estudo e o aperfeiçoamento diários são para acompanhar as mudanças na educação. Com licenciatura em língua portuguesa e pós-graduação em orientação educacional, em educação infantil e educação inclusiva, a acadêmica considera o Dia Internacional da Mulher importante por lembrar todas as conquistas que as professoras do passado tiveram e as lutas que as novas gerações ainda precisam travar para serem valorizadas em todos os aspectos da vida. "Desejo que, no futuro, não exista mulher morta ou violentada por simplesmente ser considerada propriedade de um homem", pontua.
A pedagoga deseja, no futuro, ter o sentimento de missão cumprida, ao olhar e ver a própria trajetória, além de formar cidadãos capazes de se posicionar de forma responsável diante dos desafios da vida, com inteligência emocional e competência profissional. "A educação é primordial para que as pessoas convivam com respeito, compreendam as leis, a importância de viver em sociedade e se tornem indivíduos que contribuam para o bem-estar coletivo", conclui.
Boa parte das pessoas tem aquela lembrança afetiva de uma professora que influenciou a vida acadêmica. É o caso da Maura Elizabeth, coordenadora pedagógica do Instituto de Educação Montesquieu e diretora de formação do Sinproep-DF. Ela deu os primeiros passos para se tornar professora, ainda aos 19 anos, inspirada na professora do primeiro ano do ensino médio. "Ela tinha muita dedicação e entusiasmo em ensinar, era carinhosa e atenciosa. E eu queria ser como ela, então busquei fazer por outras crianças o que ela fez por mim na adolescência," relembrou.
Motivada a ensinar e mudar a realidade das pessoas por meio da educação, Maura se formou em magistério e depois se graduou em dois cursos: pedagogia, com pós-graduação em ensino especial e letras, com especialização em linguística. Depois fez mestrado em educação inclusiva. Um currículo admirável, mas, ao longo dessa busca por aprendizado, a professora esbarrou em várias dificuldades por ser mulher. O pai e o então marido eram contra a ideia de ela buscar uma formação superior. "Eu me formei, mas as dificuldades eram muitas, pegava vários ônibus, chegava tarde da noite, mas eu fui à luta", contou.
Hoje em dia, a educadora enfrenta outros desafios, como a falta de respeito por parte dos alunos. A coordenadora relatou que já sofreu agressões em sala de aula e, mesmo assim, ama a profissão que abraçou. Sem disfarçar o orgulho de mãe, a educadora conta que um dos seus filhos se tornou professor, e o outro passou em segundo lugar na universidade com bolsa de 100% para tecnologia da informação. "É muito gratificante, como mulher e como educadora, ter conseguido transmitir para os meus filhos os valores da educação," comemorou.
Há 50 anos, a pró-reitora do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Lúcia Maria Moreira, se dedica à educação e fala dos inúmeros desafios que enfrentou para conciliar os estudos, o trabalho e o cuidado da família. Hoje, a gestora olha para trás e deseja que as mulheres se emancipem e encontrem respeito e dignidade nos caminhos que optarem por trilhar.
Os pilares do ensino
Além do papel fundamental dos professores, não existiria educação se as escolas não estivessem em pleno funcionamento. E aí entra o trabalho fundamental das colaboradoras. Mulheres que também auxiliam nesta jornada, como as merendeiras, auxiliares de limpeza e secretárias. Elas que dão a sustentação diária para que se construam cidadãos com futuros brilhantes.
Luana das Neves, 37, trabalha há 10 anos na manutenção da limpeza do Centro de Ensino Médio (CEMI) do Cruzeiro e conta que ama a independência financeira que o trabalho lhe proporcionou. "Eu consegui comprar meu celular e pagar meu próprio aluguel," orgulha-se.
Antônia Maria, 54, trabalha há 1 ano e 4 meses na limpeza do Cemi e conta que esse é seu primeiro emprego. Durante quase a vida inteira, ela cuidou da casa e dos filhos. "Eu amo ter meu dinheirinho e não precisar ficar pedindo para o marido", disse.
A auxiliar de limpeza, Eugênia Lima, 51, também faz parte do grupo e conta que trabalhou pela primeira vez em 2009, quando deixou um casamento de 21 anos. Ela detalha que, inconformado, o ex- marido chegou a dizer que ela morreria de fome sem ele. "Eu não acreditei nele e respondi que quem tem dois braços e duas pernas vai à luta", disse. Hoje, com os olhos brilhando, ela conta que, com o dinheiro do trabalho, conseguiu reformar sua casa. "Eu sonhava em aumentar a casa e deixar tudo do jeito que eu queria", conclui.
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