No fim da manhã desta quarta-feira (8/3), a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) em conjunto com equipes da Polícia Militar do DF deu continuidade a uma ação de despejo em uma ocupação em Santa Maria (DF), no Setor Total Ville. A área mais de 750 barracos foram derrubados.
Segundo os ocupantes, a PM e o DF Legal agiram de forma violenta disparando balas de borracha contra as famílias no local. Ao Correio, os presentes descreveram as ações como agressivas que deixaram crianças e mulheres feridas. “Do nada eles chegaram aqui e começaram as derrubadas. Sem nenhuma documentação, sem avisar simplesmente iniciaram tacando tiros na gente. Não tivemos o menor amparo e nem auxílio dos bombeiros que estavam no local”, disse Cleonice de Souza que mora no local a pelo menos três meses.
Ela conta que durante a ação, as mulheres chegaram a fazer uma 'barreira' e começaram a rezar em direção a corporação que , segundo ela, respondeu com bombas e tiros de borracha. "Foi uma covardia, perdemos tudo , nossas roupas, comidas, pertences. Não deram tempo para nada, não conseguimos tirar nossas coisas". Cleonice reforça que a maioria das famílias que estavam no local praticavam cultivo de agricultura familiar e que agora está completamente perdida.
A ativista do coletivo Mais de Nós, Mona Nascimento, acompanha a operação desde do início e conta que os agentes do DF Legal apenas informaram que o despejo era ordem administrativa e começaram a derrubar os barracos. E após isso, os pertences dos moradores foram levados por um caminhão. “Eles chegaram e fecharam todas as entradas, ontem. Ninguém entrava e ninguém saía. Hoje foi a mesma coisa, começaram a derrubar os barracos e disparar bala de borracha em todo mundo”, afirma. Segundo ela, no local haviam cerca de 900 famílias.
Segundo a DF Legal, a ação visa coibir uma ”ocupação irregular em um condomínio informal.” De acordo com a pasta, antes do início da ação, o proprietário da área foi notificado para que realizasse a remoção das construções, por meio de intimação demolitória. Como houve o descumprimento, ele será responsabilizado, multado e arcará com todos os custos do Estado com os dois dias de operação. O órgão confirmou que os moradores não foram notificados por se tratar de uma área particular.
A pasta informou, ainda, que alguns ocupantes chegaram a criar barricadas e atearam fogo em entulhos. Cerca de 30 servidores da pasta atuam na retirada dos mais de 400 barracos que ainda restaram. No primeiro dia foram removidas cerca de 250 edificações precárias, erguidas em lona e madeira. O órgão completa informando que "são poucos os barracos que estão ocupados de fato".
Por volta das 13h, a Secretaria da Desenvolvimentismo Social iniciou uma ação de cadastramento dos moradores em programas de acolhimento e albergues.
Donos do terreno
O advogado Mário Gomes, representante da empresa MC Magalhães, dona do terreno, afirma que as pessoas foram liberadas pela companhia a estar no local por meio de um contrato de arrendamento de terra. Além disso, ele esclarece que a MC Magalhães nunca fez um pedido ao GDF de remoção de barracas.
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