O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e ex-interventor federal no Distrito Federal, Ricardo Cappelli, disse que o feminicídio no Brasil cresceu 11% nos últimos quatro anos. Para ele, essa não é uma coincidência, mas o resultado de um estímulo que perdurou na sociedade brasileira durante quatro anos, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Por isso, o assunto de combate à violência contra as mulheres se tornou central para o Ministério de Justiça e Segurança Pública," justificou Cappelli no encerramento do evento Correio Debate, após o painel Combate ao feminicídio: responsabilidade de todos.
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"Todo esse cenário não é coincidência. Vivemos, nos últimos quatro anos, a cultura da violência, do ódio e da barbárie. Foi isso que predominou no país. Quem rasga a constituição, também rasga o direito das mulheres. O mesmo assassino que não aceita um 'não' é o mesmo que não aceita o resultado de uma eleição", associou. Cappelli citou como exemplo de desrespeito com as mulheres a forma como o ex-presidente da república se referiu à filha caçula Laura. "Quando um representante de um país diz que sua filha foi o resultado de uma 'fraquejada', qual é o sinal que damos à população?", disse.
De acordo com o número 02 do Ministério da Kustiça, somente no primeiro semestre de 2022 foram 699 casos de feminicídio (quatro por dia) e uma mulher estuprada a cada nove minutos no país. Capelli confirmou que uma das primeiras ações para o combate à "onda de barbárie" foi a ampliação de instrumentos para os serviços de combate à violência contra a mulher. Serão construídas 40 casas da Mulher Brasileira e distribuídas 270 viaturas para a Patrulha Maria da Penha e Delegacias Especializadas em todo o país.
Com o papel de interventor federal, a autoridade relatou alguns episódios de misoginia e violência vivenciados nos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro. "Naquele fatídico dia, recebemos diversas jornalistas agredidas no Ministério de Justiça e Segurança Pública e, por muito pouco, não tivemos uma policial morta. Quando ela ia ser assassinada, um sargento pulou em cima dela para protegê-la. Por conta desse ato de bravura, não tivemos um cadáver feminino no Congresso Nacional", expôs.
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