A juíza Fabriziane Zapata, do Núcleo do Judiciário da Mulher do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), participou da apresentação do segundo painel do Correio Debate. Ela defendeu uma discussão constante sobre a violência contra a mulher e apontou que há urgência de maior integração entre as instituições para conseguir resultados efetivos no combate ao feminicídio.
Segundo a magistrada, é preciso que a sociedade não se omita diante da violência, para que a vítima tenha uma rede de apoio em torno de si. "Não é necessariamente ir à delegacia. Muitas vezes é só um acolhimento ou dizer 'tudo bem, estou aqui'", afirmou. Ela disse já ter ouvido relatos de mulheres que, depois de serem agredidas, correrem pelo prédio, e os vizinhos fecharam a porta.
Perceber o risco
Fabriziane também destacou que é preciso reforçar campanhas de conscientização sobre violência contra o público feminino, para que as vítimas e pessoas próximas a ela possam identificar o agressor e denunciá-lo. "As meninas, especialmente, estão se sujeitando a violências absurdas", ressaltou.
Além disso, é necessário que as próprias vítimas percebam o risco a que estão sujeitas e possam tomar medidas necessárias ou manter as que estão vigentes. Ela lembrou o assassinato de Jeane Sena da Cunha Santos, no Park Way, como exemplo das consequências dessa falta de percepção.
"Havia uma medida protetiva em vigor, mandado de prisão expedido e uma petição assinada por advogado, vítima e réu, pedindo para retirar a medida. E houve um feminicídio seguido de suicídio. Temos que ampliar o olhar. A percepção do risco é extremamente relevante, mas muitas mulheres não a têm", disse.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
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