CORREIO DEBATE

Combate ao feminicídio deve ser constante, diz vice-presidente do Correio

O vice-presidente executivo, Guilherme Machado, leu a carta compromisso do jornal e ressaltou que a luta contra o feminicídio deve ser constante

Júlia Eleutério
postado em 07/03/2023 17:14 / atualizado em 07/03/2023 17:25
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press )
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press )

Na abertura do Correio Debate, o vice-presidente executivo Guilherme Machado destacou que o evento é um ato de reforço da luta que deve ser constante e persistente em defesa do direito das mulheres. O seminário, que ocorre nesta terça-feira (7/3), traz o tema "Combate ao feminicídio: uma responsabilidade de todos". A data antecede o Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março.

Durante o discurso, Machado leu uma carta compromisso do Correio Braziliense. Na oportunidade, o vice-presidente ressaltou que a data se tornou um momento de expor violências e crimes. "Em direção oposta, sequestram delas o direito de existir", pontuou na fala. (Leia abaixo a carta na íntegra)

Debate

Com o tema "Combate ao feminicídio: responsabilidade de todos", o Correio Debate busca promover um ambiente de discussão que amplie a agenda de ações locais para que ofereça a visibilidade necessária a essa questão. O seminário promovido pelo jornal ocorre nesta terça-feira (7/3).

Reunindo autoridades governamentais, empresariais e acadêmicas, o evento é realizado das 14h às 18h, no auditório do Correio, com transmissão ao vivo pelas redes sociais e em site especial. Ao final, o conteúdo ficará disponível e poderá ser visualizado a qualquer momento.

"Carta compromisso

COMBATE AO FEMINICÍDIO:
UMA RESPONSABILIDADE DE TODOS

O mês de março marca a luta pelos direitos das mulheres e tem peso simbólico numa caminhada para vencer barreiras e preconceitos que é diária. A data vai além de celebrar a existência das mulheres e se tornou também o momento de expor violências e crimes que, em direção oposta, sequestram delas o direito de existir e que precisam ser combatidos.

Vivemos uma mudança de paradigma. As mulheres ganham mais espaço nas decisões de poder, mas há ainda muito o que conquistar. Elas, hoje, têm o direito de dizer não. Talvez por isso sejam alvos de violência de quem não aceita ou não entendeu a nova realidade. A violência tem, muitas vezes, início na frustração de homens que não conseguem subjugá-las, submetê-las a seus desejos e interesses. Por isso, essa é uma luta que envolve o reconhecimento da igualdade de gênero.

O mais drástico fim para uma história flagelada por diversas violências é a prática do feminicídio. Apesar de recentes — uma vez que a Lei nº 13.104, que tipifica o crime e o difere do homicídio foi sancionada em 2015 —, as estatísticas são assustadoras. Desde então, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, mais de 7,2 mil mulheres foram assassinadas simplesmente por serem mulheres. Em 2022, o DF registrou o maior índice de processos por violência doméstica, com 2.243 ações a cada 100 mil mulheres residentes.

É urgente a criação, adoção e monitoramento de políticas transversais que impulsionem a mudança cultural necessária para o enfrentamento à violência de gênero. Conforme ressaltou o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Mulher (NEPeM)/UnB em artigo publicado neste jornal, elas devem ser de responsabilidade de todos os setores do Estado, incluindo as políticas econômicas, de promoção do trabalho decente, da assistência social, do acesso à saúde e à moradia digna.

Diante desse cenário, o Correio Braziliense propõe um compromisso conjunto de todos os atores para conclamar um basta à violência contra a mulher.

Aos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e o Ministério Público, que persigam incansavelmente a justiça, trabalhando em consonância, e ofereçam alternativas e acolhimento para permitir um convívio social pacífico;

À sociedade civil, à imprensa, às escolas, às universidades, às famílias. aos sindicatos, aos coletivos e às instituições religiosas, que encarem a missão de ensinar e informar com olhar para a diversidade, de maneira a garantir a formação de cidadãos conscientes de direitos e de deveres, e exijam o respeito de direitos básicos garantidos pela Constituição às mulheres.

E, principalmente, na cobrança social do papel de cada homem, que assumam suas responsabilidades e se empenhem, decididamente, em ouvir, acolher e fazer parte efetiva para um novo mundo no qual a vida das mulheres, de cada mulher, seja respeitada. Conclamamos por um pacto de respeito às mulheres do Distrito Federal. Basta de violência."

 

Entidades signatárias da carta:

- UnB
- NEPeM/UnB (Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher/NEPeM)
- Núcleo de Pesquisa Flora Tristán (IPOL/UnB)
-Grupo de Pesquisa GECOMS/CNPq (Gênero, Comunicação e Sociabilidade)
- MOVIELAS - mulheres do som e da imagem do audiovisual do DF

 

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