Lisboa, Portugal — A decisão de montar a partir de Portugal toda a estrutura criminosa que resultou em prejuízos de mais de R$ 16 milhões a brasileiros por meio de golpes no mercado financeiro foi muito bem pensada. Como todas as vítimas estavam no Brasil, as autoridades portuguesas ficaram de mãos atadas para agir, explicou o delegado Erick Sallum, da 9ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, responsável pela Operação Difusão Vermelha, deflagrada nesta terça-feira (7/3). “Sem vítimas para comprovar as alegações (de fraudes), a investigação (em Portugal) ficava obstaculizada”, acrescentou.
Os criminosos — quatro foram presos em Lisboa e um em Frankfurt (Alemanha), outro está foragido — também se fundamentavam na expectativa de que a polícia brasileira jamais conseguiria alcançá-los. “Eles sabiam que, caso atuassem contra cidadãos portugueses, de outros países da União Europeia ou dos Estados Unidos, a operação teria sido desarticulada com maior facilidade”, afirmou Sallum.
Para ele, esse caso, em que vítimas perderam até o dinheiro previsto para tratamento de câncer, revelou os desafios que a modernidade tem imposto aos órgãos de segurança. “A transnacionalidade desse tipo de golpe e a complexidade investigativa para chegar aos autores demonstra que a Polícia Judiciária é insubstituível e comprova a necessidade de fortes investimentos nesses órgãos. Nosso êxito só foi possível pela forte cooperação internacional com a PSP (Polícia de Segurança Pública de Portugal”, frisou.
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O delegado destacou ainda a importância da parceria da Polícia Federal brasileira e “sua proativa representação na Interpol para a captura internacional dos criminosos”. Outra ajuda fundamental veio do adido alemão no Brasil, representante da Bundeskriminalamt (BKA), a polícia da Alemanha, que teve papel decisivo na localização e captura do líder da organização criminosa no aeroporto de Frankfurt, quando ele pensava ter conseguido fugir.
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