ENTREVISTA

DF vai ganhar lei de incentivo ao esporte

Ao CB.Poder, o deputado federal licenciado também falou sobre a realização da Maratona Brasília 2023, em parceria com o Correio, e a importância para a economia local de trazer eventos esportivos para a capital, como os Jogos da Juventude

José Augusto Limão*
postado em 07/03/2023 06:00 / atualizado em 20/03/2023 22:09
 (crédito:  Mariana Lins )
(crédito: Mariana Lins )

O Distrito Federal terá uma lei de incentivo ao esporte. A informação foi dada pelo secretário de Esporte e Lazer, Julio Cesar Ribeiro, em entrevista ao CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília. À jornalista Samanta Sallum, ele disse que está em diálogo com a pasta da Economia para definir quais impostos terão redução para as empresas que apoiarem os atletas. Após, o texto será enviado à Câmara Legislativa. Ribeiro falou ainda sobre a parceria com o Correio para a realização da Maratona Brasília 2023, em comemoração aos 63 anos da capital e do jornal. Outro tema abordado foi a importância econômica de trazer eventos esportivos para o Distrito Federal, entre eles, os Jogos da Juventude de 2025, cujas tratativas estão em andamento. 

O que o senhor traz de novidade para essa gestão da secretaria de Esportes?

A gente chega motivado, porque trabalhamos muito pelo esporte, nesses últimos quatro anos, e dentro das comissões da câmara, principalmente, a do esporte. Conseguimos fazer grandes relacionamentos, com diversas confederações e um dos nossos grandes objetivos, e nós já estamos fazendo isso, é trazer eventos para a nossa cidade. (...) Fui ao Rio de Janeiro e consegui trazer aqui os jogos escolares de atletismo, que vão ser realizados este mês, aqui em Brasília. Aconteceu a competição de patinação e estamos trabalhando para trazer outros jogos. Estive em São Paulo, estive no Comitê Paralímpico Brasileiro para trazer três ou quatro eventos paraolímpicos para a nossa cidade. Daqui a duas semanas, estou indo ao Rio de Janeiro, na Confederação Brasileira de Vôlei, para podermos trazer, em junho, um grande campeonato de voleibol. Enfim, acho que esses grandes eventos vão fazer com que Brasília seja conhecida como a capital do esporte. E, claro, outras temáticas, como projetos de lei que a gente quer encaminhar para Câmara Legislativa. Enfim, esporte é temática que todos todos realmente gostam.

Temos uma coisa boa para anunciar para o aniversário de Brasília — uma parceria do Correio com a Secretaria de Esporte, que é a Maratona Brasília 2023, em 21 de abril. Brasília também virou a capital das corridas, o brasiliense gosta de corrida de rua, gosta de maratona.

E como gosta! A Secretaria de Esporte ficou muito feliz com esse grande presente que o grupo Correio Braziliense traz para a nossa cidade. Como você bem disse, o brasiliense gosta demais de corridas. Nesse final de semana, tivemos duas em Brasília, e eu, na secretaria, vejo toda hora os projetos chegando, e percebo o quanto realmente as pessoas gostam de correr, de poder estar ali, naquele movimento. E, agora, o Correio, depois de 25 anos, traz de volta a maratona. É algo sensacional, as pessoas que estão em casa já podem começar a se inscrever, e não só para os 42 quilômetros, também tem de 10 e de 5 quilômetros (www.centraldacorrida.com.br/maratona-brasilia-2023) — vai ter condições para todas as pessoas que queiram participar, além da festa. Lembrando que vai ser no dia do aniversário de Brasília que estará acontecendo. Inclusive, é o aniversário também do Correio Braziliense, nesta data. Nós estamos felizes. A Secretaria de Esporte está junto com o Correio e, com certeza, a gente vai ali participar. Eu mesmo vou correr, nem que seja um pouquinho.

O senhor também está lutando para que os jogos da juventude se realizem em Brasília, em 2025? Este ano vai ser em Ribeirão Preto. Existe também essa tratativa?

Estive no Rio de Janeiro, fui convidado para fazer uma das premiações — dos melhores atletas do ano — e, lá, conversando com o Paulo Wanderley e com Marcos La Porta (presidente e vice-presidente do Comitê Olímpico do Brasil, respectivamente), a gente viu a possibilidade de Brasília se candidatar para ser a sede dos Jogos da Juventude, em 2025. Esse ano, será em Ribeirão Preto; no ano que vem, em Blumenau; e 2025 está em aberto. Saiu o edital em 28 de fevereiro e nossa equipe da Secretaria de Esportes está trabalhando para que a gente possa não só se candidatar, mas como ganhar e trazer. Até porque eu entendo que em Brasília nós temos espaços esportivos de sobra, que podem realizar todas as modalidades que os jogos da juventude necessitam. E a gente vê aí um problema que está acontecendo nos jogos da juventude deste ano — retiraram o futsal e isso também tem sido uma pauta nossa em conversa com o Ministério do Esporte e com a secretaria nacional da possibilidade de trazer o futsal também para que possamos fazer aqui em Brasília, já que não será realizado em Ribeirão Preto.

Por que é importante uma cidade sediar eventos esportivos?

Primeiramente, porque deixa sempre um legado para a cidade. E a gente lembra das Olimpíadas do Rio de Janeiro, pois ficou lá o complexo olímpico. Então, geralmente você acaba sempre construindo algo novo para poder receber esses jogos. Assim, acho que equipamentos não podem ser entregues no estado e, sem dúvida alguma, acho que o principal é fortalecer a economia, porque é a economia que acaba ganhando muito. Um exemplo é o dos Jogos Universitários, que aconteceram aqui durante dois anos. Inclusive, fui um dos que conversou com o presidente da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU), Luciano Cabral, para que pudessem ser realizados, em 2021 e em 2022, aqui em Brasília, e ele mostrou os resultados. Em 2021, foram R$ 20 milhões que movimentaram a economia no DF. Em 2022, foram quase R$ 30 milhões. Veja que é geração de emprego e os hotéis tendo ocupação, sem dizer que Brasília fique mais conhecida no cenário mundial do esporte.

O senhor falou de alguns projetos de lei que a secretaria está preparando para enviar à Câmara Legislativa. Um deles seria algo semelhante à lei de incentivo à cultura, seria uma lei de incentivo ao esporte?

A nossa ideia é que, em 2023, três projetos sejam encaminhados à Câmara Legislativa. O primeiro é a equiparação do bolsa atleta. Hoje, nós temos o bolsa atleta olímpico e paralímpico. Porém, o paralímpico tem uma defasagem de valores. Então, a gente quer colocar todos no mesmo nível. O segundo projeto é o bolsa técnico — a gente entende que não só o atleta deve receber um incentivo do Estado, mas também aqueles que estão ali, prestam seus serviços, orientando, que são os técnicos. (...) Mas o principal é a lei de incentivo ao esporte. Nesses quatro anos, presenciei de perto o quanto isso ajuda os nossos atletas, que é ter condições de buscar recursos com empresas que, automaticamente, poderão deduzir dos seus impostos que são pagos à União. Então, pensei por que não criar aqui, porque o DF hoje tem o da cultura. Quando fui deputado distrital criei o projeto, foi até aprovado na câmara, mas, infelizmente, por conta de vício de iniciativa, foi vetado. Então, vou começar certo, vou mandar da Secretaria de Esporte. Estou em negociação com a Secretaria de Economia e será deduzido do ISS e do ICMS. É isso que nós estamos agora conversando com a Secretaria de Economia, para que a gente possa estudar, ver qual dos impostos podemos utilizar, e isso vai fomentar mais ainda o nosso esporte. Porque a gente sempre ouve dizer o seguinte, o fulano era um excelente atleta, mas foi para São Paulo porque lá tem mais condições. Ah, não. Essa foi para Minas Gerais, foi para o Rio de Janeiro. Precisamos criar mecanismos para que os grandes atletas permaneçam aqui.

Quantos nomes importantes já saíram daqui...

Se a gente colocar no papel, são muitos. Inclusive, ontem (domingo, 5/3), um dos eventos que nós realizamos foi a marcha atlética, que aconteceu no Eixão. O Caio Sena, que é um grande atleta daqui — foi para as Olimpíadas de 2016, de 2020 — estava participando e foi campeão da nossa corrida. Nós precisamos fazer isso, precisamos incentivar e, com certeza, a lei de incentivo ao esporte será uma grande sacada. O governador Ibaneis Rocha e a governadora em exercício Celina Leão sempre têm pedido para nós criarmos projetos que venham ajudar a população, de um modo geral.

O senhor esteve com a ministra do esporte, Ana Moser, na semana passada, no Centro Olímpico da Estrutural, que é um projeto do GDF. Como é que foi esse encontro? Como está a expansão dos centros olímpicos?

Hoje, temos doze centros olímpicos espalhados, sendo que dois estão em Ceilândia, que é a maior cidade do DF. Por centro olímpico, a média é de 4 a 5 mil atendimentos — são quase 70 mil pessoas que acabam passando por eles, que têm diversas modalidades, desde a piscina, como as quadras, os campos sintéticos, aulas de reforço. A gente faz uma parceria com a Secretaria de Educação no contrafluxo e eles utilizam também os centros olímpicos. Hoje, são referência em todo o país. Conversando com a ministra Ana Moser, que conheço há um bom tempo — ela sempre estava nas comissões da Câmara, principalmente a do Esporte — a gente fez o convite para ela ver de perto como é o trabalho realizado. Uma das temáticas do governo federal é trabalhar com o social. E é isso que o centro olímpico faz, trabalha com alto rendimento, sem dúvida. Temos o projeto futuro campeão — de diversas modalidades — dentro dos centros olímpicos, mas também trabalhamos com o social. E fui mostrar para a ministra esse trabalho e ela ficou encantada, disse que quer ajudar para que isso possa aumentar. Está marcado de, nos próximos dias, a gente sentar lá no ministério e dialogar sobre esse tema.

Entrando um pouco mais na política. Como o senhor vê o desempenho do seu partido, Republicanos, que teve uma presença forte na bancada do DF, com três deputados eleitos e uma senadora, Damares Alves, ocupando a única vaga que havia para o DF no Senado?

Desde a chegada do nosso presidente, Marcos Pereira, em 2011, o Republicanos está com uma nova cara, uma nova identidade. A forma como ele implementou os trabalhos fez com que o partido, eleição a eleição, viesse crescendo. Lembrando que o partido chegou a ter oito deputados federais, apenas, e, agora, na última eleição, estamos com quarenta e três deputados federais espalhados por todo o Brasil. (...) Conseguimos eleger dois senadores a nível nacional. Um foi aqui em Brasília a nossa queridíssima Damares Alves, e ex-vice-presidente, general Mourão, no Rio Grande do Sul. Tínhamos um senador e, com a chegada desses dois, nós temos três. E nessa questão da janela partidária, está vindo mais um, estamos ficando com quatro senadores. 

Secretário, o Republicanos foi base, foi aliado do presidente Jair Bolsonaro. Como o partido está se posicionando em relação ao governo Lula?

Desde o ano passado, quando nós tivemos o resultado da eleição do presidente Lula, o nosso presidente nacional, Marcos Pereira, fez questão de soltar uma nota dizendo que, a partir daquele momento, estaríamos vivendo na independência. Desde lá, não mudou nada, continuamos com o nosso posicionamento de independência a esse governo. Não somos nem situação e nem oposição. Estamos aqui no meio, até porque entendemos que há temas que são muito importantes para a população, Bolsa Família, por exemplo, quantas pessoas dependem desse recurso? Então, se a gente for oposição, tem que votar contra, e não é isso, nós precisamos é olhar o que é melhor para o nosso país. E nem pelo fato da gente votar a favor significa que somos situação, que a gente é aliado.

A partir do momento em que se avalia que a matéria é de interesse do país, o partido poderá votar a favor dos projetos do governo Lula?

Com certeza. A gente teve um exemplo, no ano passado, a questão da redução do ICMS, era bom para a população e a gente estava apoiando. O PT sempre foi oposição a Bolsonaro. Mesmo sabendo que aquele projeto era bom para a população, mas o fato deles serem oposição fez com que todos votassem contra a redução do ICMS.

Qual é a sua avaliação sobre os atos que ocorreram em 8 de janeiro e os efeitos disso na política de Brasília no governo de Brasília?

A gente lamenta os fatos ocorridos em 8 de janeiro. Quem estava em casa viu aquelas imagens e ficou realmente preocupado com aquela situação, não apoiamos isso. Ficamos muito chateados pelo fato de o governador Ibaneis Rocha ter sido afastado, a gente não entende porque, até agora, não foi dada uma decisão para que ele pudesse voltar. Nós estamos trabalhando para que realmente isso possa acontecer logo, até porque Brasília precisa voltar a andar. Então, assim, é lamentável a postura que aconteceu e nós esperamos que a volta do governador Ibaneis seja o mais rápido possível.

*Estágiário sob a supervisão de Malcia Afonso

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