Na próxima quinta-feira, está previsto o depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres,na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos — instalada pela Câmara Legislativa (CLDF). Na semana passada, o delegado federal Fernando Oliveira esteve com os deputados distritais prestando esclarecimentos. Ele foi o 02 de Torres na secretaria.
Já Anderson Torres não quer falar. Pediu para ficar em silêncio. Em resposta a uma intimação do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-secretário — preso desde 14 de janeiro no 4º Batalhão da Polícia Militar (PMDF), no Guará — também solicitou que não seja obrigado a comparecer à CPI. A justificativa é que ele já foi ouvido pela Polícia Federal, e que o processo,no Supremo, não está em segredo de Justiça. Por isso, a defesa alega que todas as informações podem ser consultadas pelos deputados distritais.
Presidente da CPI, o deputado Chico Vigilante (PT), ressaltou que Anderson Torres está convocado para a oitiva e disse não acreditar que o STF vá liberá-lo do comparecimento. "Sobre ficar calado, é um direito dele, mas isso só vai mostrar que tem algo a esconder. Até porque quem não deve, não teme", avalia. "O mais correto seria ele comparecer e falar tudo, até porque tem muito a dizer", afirma o distrital. "Ele é policial, foi ministro (da Justiça), secretário e pode explicar como chegamos àquele ponto, em que viajou e não passou o cargo para o secretário-executivo. Ou seja, no fim de semana das invasões, não tínhamos ninguém no comando", complementa o presidente da CPI.
Outro que vê de forma negativa os pedidos do ex-secretário preso é o relator da comissão, deputado Hermeto (MDB). Para ele, caso Torres insista com isso, vai "sair perdendo". "Mesmo que tenha alegado que o depoimento dele está na Polícia Federal e é público, na CPI teria a chance de argumentar diante dos deputados e mostrar ao vivo a sua defesa. Acredito que é ruim para ele", avalia. "A Comissão seria a oportunidade de dar a sua versão diante da população, diferente de um depoimento dentro de quatro paredes. Então, acredito que ele perde fazendo isso", reforça Hermeto.
Mesmo assim, caso o ex-secretário não preste depoimento, a comissão tem estratégias definidas para que isso não prejudique o andamento das investigações. "Se realmente decidir não falar, vamos pegar o depoimento dele na Polícia Federal. Vamos requisitá-lo e analisá-lo para colocar no relatório", pontua o relator da comissão.
Coronéis
O calendário da CPI para março está fechado. Os integrantes da comissão ainda pretendem ouvir dois coronéis da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF): Jorge Eduardo Naime e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues. Eles são ex-comandantes e estavam na Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro. A oitiva deles está marcada para ocorrer em 16 de março.
O ex-secretário da SSP-DF delegado Júlio Danilo deve ser ouvido pelos distritais no dia 23, assim como o tenente-coronel da PMDF Jorge Henrique da Silva Pinto. Em 30 de março, será a vez do ex-comandante geral e coronel da corporação Fábio Augusto Vieira.
Após a oitiva de todos de Oliveira na quinta-feira (2/3), a CPI aprovou itens para a convocação de mais depoimentos. Entre eles, estão os participantes da tentativa de atentado com bomba na véspera de Natal, no Aeroporto de Brasília; e do ex-interventor federal da segurança pública do DF, Ricardo Cappelli — como colaborador.
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Próximos depoimentos
9 de março: Anderson Torres e Marília Ferreira Alencar
16 de março: Jorge Eduardo Naime e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues
23 de março: Júlio Danilo e Jorge Henrique da Silva Pinto
30 de março: Fábio Augusto Vieira