A representatividade feminina nas artes não é novidade. O transformador, na realidade, é usar manifestações artísticas como instrumentos de empoderamento e inspiração para outras mulheres. No Distrito Federal, elas têm usado a arte como forma de trazer beleza para a vida e de firmar o lugar no mundo, seja por meio de literatura, música, artesanato e tantas outras diversas formas de expressão.
Bordar, por exemplo, se tornou uma paixão para Bruna Marques, 41, ainda muito nova. Aos 9 anos, ela aprendeu a costurar com a tia para fazer bordéis, quadros e cabides para a afilhada que nasceria. No entanto, por um período, a também empresária e mãe ficou distante da arte. Ela conta que voltou a bordar durante a pandemia, para ocupar a cabeça. "Aprendi a fazer o bordado interativo, que toca música ao buscar o código no Spotify. Foi uma terapia. Acabei tomando gosto e sigo bordando até hoje. Voltar me mostrou um novo mundo e, com a Internet, é possível trocar experiências com pessoas no mundo todo", comenta.
Pelo perfil Bordados da Boo nas redes sociais, Bruna divulga o trabalho e ressalta que o bordado sempre aparece em momentos importantes da vida dela. "Uso a criatividade para entregar um produto feito com amor para os clientes. A arte é um presente e me sinto especial por poder fazer este tipo de coisa", pontua a moradora de Águas Claras. "Bordar é amor. É paciência!", expressa a empresária, destacando que ser mulher não é fácil. Ela se divide em várias para dar conta de ser mãe, dona de casa, esposa, profissional e bordadeira. Mas, no momento em que se entrega ao artesanato, ela sente o amor da foto, do desenho ou da playlist que reproduzirá nos traços da linha. "Tento seguir com essa energia até o final. Deixa o processo mais leve", enfatiza. Ela conta que tem feito muitos porta-alianças. "Me sinto especial por fazer parte de momentos tão importantes nas vidas das pessoas, mesmo não estando presente fisicamente", celebra.
Bruna conta que se entristece ao ver o preconceito de pessoas que acham que o artesanato é só para mulheres. "Conheço vários homens que bordam e são excelentes profissionais. Ensino meu filho a bordar e mostro para ele que essa besteira é da cabeça das pessoas", expõe a empresária. Para o futuro, a bordadeira espera que as mulheres possam ser livres para serem quem elas quiserem. "Tenho esse privilégio de ter o apoio incondicional da minha família. E isso faz toda a diferença", conclui.
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Existir e resistir
Escritora, Lella Malta, 35, começou a trajetória por sentir uma urgência em colocar as próprias palavras no mundo e pela crença de que a escrita é instrumento de empoderamento feminino. Para ela, empreender e ser bem-sucedida no mercado editorial, ainda dominado por homens, é uma das grandes conquistas. "Ver um dos meus livros na lista dos mais vendidos do país, criar e ocupar espaços para a escrita independente de mulheres nas maiores feiras literárias do Brasil, mentorear centenas de mulheres que decidiram, ao escrever e publicar um livro, ecoar suas vozes pelo mundo", lista a autora, sobre as vitórias que tanto lutou para ter.
Dedicada ao estudo da psicanálise e da psicologia positiva, com foco na saúde mental feminina, Lella é também mentora de escrita de mulheres e preparadora literária. A moradora do Park Sul destaca que ser uma mulher, em uma sociedade patriarcal, que mata e violenta mulheres todos os dias, é resistir na existência. "Toda essa luta constante, mesclada ao acúmulo de papéis sociais, reflete diretamente na nossa saúde mental. Estamos exaustas", pontua.
Autora dos romances Qual é o nome da vez? e Você tem fama de quê?, Lella também escreveu uma obra autobiográfica que retrata a realidade de pessoas que lidam com a ansiedade: Prazer, Paniquenta: Desventuras Tragicômicas de Uma Ansiosa. "Um futuro sem medo em um mundo que abrace nossos corpos, escute nossas vozes e valorize o nosso trabalho, sobretudo o doméstico, aquele que sequer é pago", deseja a escritora.
Carreira solo
Gaivota Naves, 35, está em um ótimo momento da carreira. A cantora tem viajado o país junto à banda que integra, Joe Silhueta, e está começando a carreira solo, com o primeiro disco a ser lançado em breve, o Concretutopia. Ela tem voz e desenvoltura que chamam atenção nos palcos, espaço com o qual tem intimidade há 10 anos. Apesar das habilidades vocais, o canto de Gaivota é uma vitória após um episódio que mudou a vida dela para sempre. "Há seis anos, sofri um acidente de carro no qual perdi 80% dos ossos faciais. O impacto quebrou todo o meu aparelho fonador", relata a artista. Os médicos chegaram a dizer que sua trajetória no canto havia acabado ali. "Mas quando amamos o que fazemos, superamos até a ciência", emociona-se.
Poucos meses depois do acidente, que ocorreu na saída norte de Brasília, na BR-020, Gaivota teve que enfrentar outro revés da vida. O namorado e amigo, com quem tinha relacionamento há sete anos, teve um acidente vascular cerebral (AVC), ao qual não resistiu. Contudo, Naves não deixou de lutar por aquilo que ama: a arte de cantar. "Estou em um ótimo momento da minha vida. Nós (Joe Silhueta) lançamos, ano passado, o nosso álbum mais recente, o Sobre saltos y outras quedas, e estamos viajando pelo Brasil mostrando o nosso trabalho", celebra. No carnaval deste ano, o grupo se apresentou no tradicional carnaval de Recife, onde Gaivota cantou para milhares de foliões de todo o Brasil.
"Eu tenho percebido que cada vez mais temos mais mulheres nas áreas técnicas das produções culturais, como som, iluminação e direção, não só na parte artística. Isso tem me alegrado muito, porque eram espaços ocupados majoritariamente por homens", comemora. "As mulheres são multitarefas e somos acostumadas a cuidar e acabamos levando para esses lugares a sensibilidade, que é algo necessário. É uma transformação capitaneada por mulheres", avalia Gaivota, que, além de cantora, também é designer, assessora de imprensa e influencer.
O mais recente álbum do Joe Silhueta está disponível nas plataformas digitais. Os interessados em conhecer o trabalho solo de Gaivota Naves podem ouvir o primeiro single, Dois, também disponível nas plataformas, com clipe no YouTube.
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