Há pouco mais de seis décadas, pessoas de todo o país chegaram ao cerrado para a realização de um sonho: construir a nova capital do país. Com eles, desembarcaram sotaques, músicas, culturas e culinária. Os operários, além de concretizarem a visão de Juscelino Kubitschek, presentearam a cidade com hábitos e tradições. Entre todos os brasileiros que aqui chegaram, os nordestinos tiveram uma presença marcante no surgimento de Brasília, e atualmente é notório traços do Nordeste em todos os cantos dela.
Entre as principais influências enraizadas no DF pelos nordestinos está o forró, que tem uma presença cultural muito forte. Ao som animado da sanfona, zabumba e triângulo o ritmo envolvente conquista por onde passa, e sempre rende passos de dança. Dedicado aos forrozeiros, o projeto "Giro do Forró" vai levar uma série de shows gratuitos às feiras livres e permanentes de Ceilândia e Samambaia. As apresentações começam, neste sábado (4/3) e vão até o final de março. Cinco feiras receberão 16 shows de 12 bandas. Entre as vertentes, o forró pé de serra e outras músicas da cultura nordestina.
A organização é do músico Riva Santana, do grupo Nordestinos Candangos. Ainda estarão no palco Trio Sanfona Nova, Trio Caxicó, Trio Balançando e o cantor Anastácio Oliveira. O idealizador do projeto contou que o objetivo dos shows é resgatar e fortalecer o gosto das pessoas pela suas raízes. "A importância de levar a cultura nordestina a esses espaços é resgatar os traços de uma arte rica e dar visibilidade aos artistas locais. E, de forma gratuita, dar acesso às pessoas carentes dessa forma de arte."
Amantes do arrasta-pé
A banda Nordestinos Candangos nasceu em 2010 da união dos músicos e compositores Riva Santana, Dicró Nolasco e Luizão do Forró. Todos eles nordestinos e apaixonados pelo estilo musical da terra em que nasceram. Há 43 anos no DF, Luizão do Forró contou que o estilo significa muito para ele. "Eu nasci escutando o mestre Luiz Gonzaga, o que me fez amar essa cultura pura e verdadeira. Eu comecei na música aos 13 anos, quando meu pai me deu um acordeão, e, até hoje, eu me dedico a isso."
O Trio Sanfona surgiu da ideia de fazer com que os jovens de Brasília conheçam mais o autêntico forró, propagando nas obras dos mestres Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Sinézio Cordeiro. O integrante do grupo Samuel Gomes, contou que projetos como o Giro do Forró, que leva a música às feiras, aproxima os artistas da comunidade e propaga a cultura nordestina da melhor forma. Filho de pernambucanos, com pai sanfoneiro, Samuel herdou o amor pela música.
Saiba Mais
Leandro do Trio Balançando entrou na música em 2008, o ceilandense é filho de pais paraibanos e acredita que o projeto é uma ótima maneira de levar alegria às pessoas. "Infelizmente nem todos tem uma oportunidade de ir a uma casa noturna, bar ou restaurante para escutar o forró. Então, esse projeto leva muita alegria a todos e gera um movimento bom nas feiras também."
Paulinha Rodrigues, do Trio Caxicó, relatou que as feiras populares do DF sempre acolheram a cultura nordestina. "Esses espaços recebem os costumes do nordeste, e os artistas que se apresentam lá sempre são bem recebidos pelo público", disse a cantora. O Trio Caxicó surgiu há 10 anos após identificarem a falta das mulheres no forró.
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