VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

Mês da mulher começa com dois feminicídios e uma tentativa no DF

Em menos de três meses, foram registrados oito feminicídios no DF. Na maioria dos casos, as vítimas já tinham medida protetiva e vinham relatando perseguições e ameaças de morte

Correio Braziliense
postado em 02/03/2023 14:19
 (crédito: Lucas Pacífico/CB/D.A Press)
(crédito: Lucas Pacífico/CB/D.A Press)

O mês do Dia Internacional da Mulher, que é celebrado na próxima quarta-feira (8/3), começou com um triste marco no Distrito Federal: duas mulheres foram mortas, uma em Taguatinga e outra no Riacho Fundo 2. Além disso, nesta quinta-feira (2/3), houve uma tentativa de feminicídio, pois um homem tentou atropelar a ex-mulher - que tinha uma medida protetiva contra o agressor. O caso ocorreu no Riacho Fundo. Em menos de três meses, já foram registrados oito feminicídios; o número ultrapassa os anos de 2020, 2021 e 2022.

Na madrugada desta quinta, o corpo de uma mulher foi encontrado com sinais de violência em Taguatinga Norte, pela Polícia Militar. A vítima foi identificada como Letícia Barbosa Mariano. O suspeito da morte da jovem de 25 anos era o namorado dela, Guilherme Nascimento Pereira. Ele já tinha feito ameaças e Letícia tinha medida protetiva contra o rapaz. Segundo as investigações, a vítima foi espancada até a morte. O suspeito fugiu após o crime.

No Riacho Fundo 2, uma jovem de 18 anos, identificada como Rayane Ferreira de Jesus Lima, foi assassinada pelo companheiro dentro de casa. O autor do crime foi identificado como Jobervan Júnio Lopes Lima, que chegou a fugir com o filho do casal. Depois, a Polícia Civil encontrou a criança na casa do avô paterno, em Ceilândia. O homem foi preso e levado para 23ª Delegacia de Polícia. Ele já tinha passagens pela polícia, incluindo uma medida protetiva de outra ex-companheira.

No Riacho Fundo, Dioney de Andrade Miguel Cruz tentou atropelar a ex-mulher Valeriana Soares de Araújo. A vítima foi atendida pelo Corpo de Bombeiros Militar do DF e apresentava quadro estável, mas com dor na perna e mal-estar. O agressor foi preso e encaminhado à 29ª Delegacia de Polícia.

Relembre outros casos deste ano

No primeiro dia de 2023, Fernanda Letícia da Silva foi estrangulada pelo companheiro, em Ceilândia. Ela já havia prestado queixa de violência física contra o agressor em março do ano passado. O crime ocorreu na festa de virada do ano e o autor foi identificado como Maxwel Lucas Rômulo Pereira de Oliveira. Ele foi preso no dia seguinte.

No dia 2 de janeiro, Mirian Nunes foi asfixiada com cinto até a morte pelo companheiro, também em Ceilândia. A jovem de 27 anos deixou um bebê de apenas 1 mês e outros dois filhos. Em novembro do ano passado, a vítima chegou a denunciar à Polícia Civil as agressões físicas e que estava sendo ameaçada de morte. O agressor André Luiz Muniz dos Santos ainda está foragido.

Em 17 de janeiro, um homem matou a ex-companheira e depois se suicidou no Park Way. Jeane Sena da Cunha Santos, de 42 anos, recebia constantes ameaças de morte antes do crime. A vítima também chegou a solicitar medidas protetivas e registrar boletim de ocorrência contra João Inácio dos Santos.

A quarta vítima de feminicídio no DF foi Giovana Camilly Evaristo Carvalho, que foi assassinada pelo marido com dois disparos de arma de fogo no dia 19 de janeiro. O crime aconteceu em Ceilândia e o autor, Wellington Rodrigues Ferreira, foi preso em flagrante pela Polícia Militar. Ele se tornou réu na esfera judicial.

No dia 4 de fevereiro, a vendedora Izabel Guimarães foi baleada na frente da filha de 10 anos pelo ex-companheiro, em Ceilândia. O agressor tem registro de caçador, atirador e colecionador (CAC) e foi preso depois de se apresentar à delegacia na companhia de um advogado.

A sexta vítima foi Simone Sampaio, que foi esfaqueada pelo ex-companheiro no Gama, em 13 de fevereiro. A vítima fugia do agressor, que foi preso em flagrante pela Polícia Militar do Distrito Federal. Simone deixou três filhos.

35 agressões por minuto em 2022

Segundo levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto Datafolha, 18,6 milhões de mulheres relataram ter sido vítimas de algum tipo de violência em 2022, o que significa que 35 mulheres foram agredidas física ou verbalmente por minuto no Brasil - esse é o maior percentual da série histórica a nível nacional, segundo informações do g1.

Correio promove seminário para debater feminicídio

Para debater os motivos dessa realidade inaceitável e formas de enfrentamento, o Correio promove, em 7 de março, das 14h às 18h, o seminário Combate ao feminicídio: uma responsabilidade de todosEntre as convidadas, confirmaram presença a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que vão participar da abertura; a ministra do Superior Tribunal Militar (STM) Maria Elizabeth Rocha; a juíza do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Rejane Jungbluth Suxberger; e a presidente da Comissão de Enfrentamento à Violência Doméstica contra a Mulher da OAB/DF, Cristina Tubino.

Saiba onde e como pedir ajuda

Veja abaixo como e onde pedir ajuda no Distrito Federal em caso de violência doméstica.

Ligue 190: Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Uma viatura é enviada imediatamente até o local. Serviço disponível 24h por dia, todos os dias. Ligação gratuita.

Ligue 197: Polícia Civil do DF (PCDF).
E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
WhatsApp: (61) 98626-1197
Site: https://www.pcdf.df.gov.br/servicos/197/violencia-contra-mulher

Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher, canal da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. Serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, além de reclamações, sugestões e elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento. A denúncia pode ser feita de forma anônima, 24h por dia, todos os dias. Ligação gratuita.

Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam): funcionamento 24 horas por dia, todos os dias.

Deam 1: previne, reprime e investiga os crimes praticados contra a mulher em todo o DF, à exceção de Ceilândia.
Endereço: EQS 204/205, Asa Sul.
Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673
E-mail: deam_sa@pcdf.df.gov.br

Deam 2: previne, reprime e investiga crimes contra a mulher praticados em Ceilândia.
Endereço: St. M QNM 2, Ceilândia
Telefones: 3207-7391 / 3207-7408 / 3207-7438

Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos: Whatsapp: (61) 99656-5008 - Canal 24h

Secretaria da Mulher do DF: Whatsapp: (61) 99415-0635

Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT): Promotorias nas regiões administrativas do DF. Clique aqui para acessar o site.

Núcleo de Gênero: Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144, Sede do MPDFT
Telefones: 3343-6086 e 3343-9625
E-mail:pro-mulher@mpdft.mp.br

Defensoria Pública do DF: Núcleo de Assistência Jurídica de Defesa da Mulher (Nudem)
Endereço: Fórum José Júlio Leal Fagundes, Setor de Múltiplas Atividades Sul, Trecho 3, Lotes 4/6, BL 4 Telefones: (061) 3103-1926 / 3103-1928 / 3103-1765
WhatsApp (61) 999359-0032
E-mail: najmulher@defensoria.df.gov.br

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