Com o tema "Quem ama preserva", o Correio Braziliense promoveu a segunda edição do Entre os Eixos, que reuniu autoridades, especialistas e membros de organizações da sociedade civil para debater sobre os desafios da preservação do patrimônio cultural de Brasília, na tarde de ontem. Na abertura do evento, o arquiteto José Leme Galvão, o procurador-geral de Justiça do Distrito Federal Georges Carlos Fredderico Moreira Seigneur e o presidente da Câmara Legislativa (CLDF), deputado distrital Wellington Luiz (MDB), destacaram a importância de se debater temas relacionados à proteção ao acervo urbanístico e arquitetônico da capital do Brasil.
José Leme Galvão, ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e conselheiro do Instituto Arquitetos do Brasil (IAB-DF), lembrou que há sempre polêmica a respeito do que pode ou não ser conservado do acervo da cidade, mas que as dúvidas se concentram principalmente em como preservar aquilo que é tombado. "Não há nada na cidade que não tenha sido incluído dentro do tombamento", reforça o arquiteto.
Questionado sobre os desafios de modernizar e, ao mesmo tempo, conservar, Leme é taxativo. "Brasília já é moderna. O que ela precisa é de intervenções de qualidade. Bom lembrar que conservar também é uma intervenção, desde a manutenção mais simples até as mais complexas". Segundo José, Lucio Costa, responsável pelo traçado urbanístico da capital, não tinha como prever as mudanças que a cidade viveria futuramente, mas que projetou uma cidade com espaços generosos, que possibilitam a interatividade urbana. "Essa interatividade pode ser entendida como a acessibilidade somada à mobilidade", explica.
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Procurador-geral da Justiça do DF, Georges Carlos Fredderico destacou que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) criou, há mais de 20 anos, promotorias especializadas para tratar da ordem urbanística. "O MP caminha com esse desafio de acompanhar a modernização, que é latente e presente, mas preservando aquilo que fez de Brasília um lugar especial", pontua. Por esse motivo, Moreira ressalta a importância de criar debates como o feito pelo Correio. "Fundamental para avançar nas ideias e buscar soluções para que nós não nos afastemos da modernidade e continuemos a preservar a nossa Brasília", enfatiza.
Para Georges Carlos, Brasília ser considerada um patrimônio cultural mostra o carinho e a atenção que a população que mora na cidade aqui deve ter com esse tema. "Brasília é conhecida mundialmente pela sua arquitetura e pelos traços urbanísticos. As tesourinhas dentro do nosso quadrilátero são pontos conhecidos em todo o Brasil, além de toda a forma que a cidade é colocada dentro das asas de um avião", comentou o procurador-geral.
Ainda sobre os desafios de preservação, o Georges Carlos abordou a questão da mobilidade urbana na capital, pontuando que é necessário trazer mecanismos novos conciliados com a história de Brasília, além de destacar que é fundamental trazer um transporte coletivo de mais qualidade para a população que tanto necessita. "É uma forma inclusive de preservação da própria cidade, porque um melhor transporte coletivo leva a um número menor de veículos transitando e acaba tendo um estresse menor no tráfego de pessoas e na necessidade de construção de vias. Esse é um desafio que acho que o DF não tem como fugir mais", frisa.
Wellington Luiz marcou presença no encontro e disse que a Casa está atenta às questões relacionadas à preservação do conjunto urbanístico de Brasília. "A Câmara está buscando meios de escuta da população, arquitetos e outros especialistas, como forma de subsidiar a produção de leis que possam atender aos interesses da cidade sem deixar de preservar o patrimônio", declarou o distrital. "Mas a nossa participação não deve ser só na produção de lei, mas também na destinação de emendas parlamentares que ajudem na conservação da cidade", conclui.
Relevância
O fato de ter nascido junto a Brasília e por ter acompanhado todas as intensas mudanças pelas quais a capital passou, e ainda passa, o Correio é o melhor espaço para promover os debates de relevância para o desenvolvimento da cidade. "A preocupação com a preservação da capital do país faz parte do DNA do Correio, que acompanha a vida da cidade desde o começo. O projeto Entre os Eixos é mais uma ferramenta para unir ideias, propostas e pessoas em torno da cidade, ressalta Guilherme Machado, vice-presidente executivo do Correio.
Assim como Machado, o diretor financeiro do Correio, Leonardo Moisés, também celebra o projeto. "O título de Patrimônio Cultural da Humanidade que a nossa querida Brasília conquistou, em 1987, da Unesco é o maior reconhecimento da obra de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. E nós, brasilienses, é que recebemos esse presente. É missão do Correio ser o protagonista dessas discussões", afirma. "Cultura é uma questão de educação, por isso a importância dessa discussão", conclui.
Para a superintendente de marketing do Correio, Valda César, a preservação da capital é de fundamental importância para as futuras gerações. "Ninguém melhor que o Correio para abrir suas páginas e suas plataformas digitais para tratar desse tema tao relevante", reforça.
Nosso patrimônio
Brasília foi considerada patrimônio da humanidade pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em dezembro de 1987. Pouco tempo antes de completar 28 anos, a jovem capital do Brasil já figurava ao lado de cidades como Paris, Veneza, Cairo e Jerusalém, também declaradas patrimônio mundial. O caso de Brasília foi inédito, porque todas as outras já tinham centenas de anos de existência.
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QUADRO
Nosso patrimônio
Brasília foi considerada patrimônio da humanidade pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em dezembro de 1987. Pouco tempo antes de completar 28 anos, a jovem capital do Brasil já figurava ao lado de cidades como Paris, Veneza, Cairo e Jerusalém, também declaradas patrimônio mundial. O caso de Brasília foi inédito, porque todas as outras já tinham centenas de anos de existência.
O status de patrimônio da humanidade permitiu às autoridades brasileiras pleitear verbas junto ao Fundo do Patrimônio Mundial da Unesco, visando à preservação da cidade. Ao todo, nos âmbitos federal e distrital, foram tombados 112,25 km² de área, sendo o único conjunto urbanístico-arquitetônico contemporâneo que mereceu tal reverência.
Iphan
Já o Instituto de do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) inscreveu o conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília, construído a partir do Plano Piloto, no Livro de Tombo Histórico em 1990. O instituto destaca que a principal característica do acervo da cidade é a monumentalidade, determinada por suas quatro escalas: monumental, residencial, bucólica e gregária; e por sua arquitetura inovadora.