Cerca de um terço dos brasilienses está com o esquema vacinal contra a covid-19 incompleto. O Distrito Federal tem vacina para todo mundo, mas a procura nos postos de saúde está baixa, o que preocupa especialistas e o poder público, especialmente porque uma multidão tomou as ruas para curtir o carnaval. É neste cenário que o Governo do Distrito Federal começa hoje a campanha contra a covid-19 com a vacina bivalente.
A Secretaria de Saúde recebeu 181.440 doses do imunizante da Pfizer Bivalente. O público contemplado na primeira etapa da campanha é aquele com mais de 70 anos; as pessoas abrigadas em instituições de longa permanência com idade a partir dos 12 anos; os trabalhadores dessas instituições; os imunocomprometidos; os indígenas; a população ribeirinha e os quilombolas.
Quem não faz parte desse público precisa pegar o cartão de vacina e se certificar de que ele está atualizado. Na capital, todas as pessoas a partir de 6 meses de vida podem tomar a vacina contra a covid-19, conforme o esquema vacinal por faixa etária (leia quadro).
Com apenas duas doses da covid-19, o estudante de medicina Eduardo Mujica, 31 anos, procurou a unidade básica de saúde nº 2 da Asa Norte para tomar o reforço. "É mais para prevenir e atualizar a carteira de vacinação. Tem muito tempo que eu tomei", comenta o rapaz, que procurava também por outras vacinas. "Vou tomar as que tiverem para aproveitar que estou aqui", destaca o morador da Asa Norte, ressaltando que incentiva as outras pessoas a se vacinarem.
Para a gerente substituta da Rede de Frios da Secretaria de Saúde, Karine Castro, o avanço da vacinação contra a covid-19 entre os brasilienses vai prosseguir com a disposição do governo federal de aumentar a comunicação sobre o Programa Nacional de Imunizações. O lema deste ano, reforça karine, é o resgate das altas coberturas vacinais.
No DF, ampliar a oferta de doses e os pontos de vacinação estão entre as estratégias. "Com a chegada da vacina, além de fazer a oferta nas unidades de saúde, é possível realizar ações de vacinação externas, como as ações em shoppings, feiras, escolas, locais de grande circulação de pessoas e o carro da vacina, que começou no ano passado e alcançou resultados muito bons", detalha.
Outro caminho será a de divulgação na mídia, tanto nas redes de comunicação oficiais do governo quanto nos meios de comunicação, de modo que as pessoas possam ter informações atualizadas e corretas sobre a vacinação. A capacitação de profissionais de saúde também é outra ação que deve ampliar a cobertura. "O profissional de saúde precisa estar preparado para informar sobre a importância de atualizar o cartão de vacina, não só das crianças, como também dos adultos", afirma Karine.
Aumento de casos
Para o médico infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Dalcy Albuquerque, há a possibilidade de aumento de casos da covid-19. Porém, a quantidade de mortes pela doença, como visto em 2020 e 2021, não deve ser repetido graças a imunização. "As vacinas são uma das grandes conquistas da sociedade em termos de prevenção e eliminação de doenças. Com elas, nós conseguimos controlar a covid-19. Atualmente, passamos semanas e até meses sem registrarmos mortes", ressalta.
Dalcy destaca a importância de as pessoas procurarem os postos. "Levem os parentes mais velhos e as crianças para que tenhamos uma cobertura vacinal grande e para que fique um problema muito pequeno no futuro", pontua o médico. "Nós temos vacinas seguras e estamos mais seguros por conta delas", enfatiza o infectologista, citando também que é fundamental que os brasilienses mantenham o cartão de vacinas atualizado.
Após dois anos sem carnaval por conta da pandemia do covid-19, as pessoas puderam ir para as ruas para celebrar a festa que reuniu multidões no Distrito Federal. "Se nós tivemos um carnaval 'normal', que aliás é um momento especial de exposição ao covid-19, é porque a ciência conseguiu elaborar vacinas que funcionaram muito bem, apesar do discurso negacionista", frisa o infectologista.
Vacinação infantil
Crianças de 6 meses a menores de 5 anos são vacinadas com Pfizer Baby. O esquema básico tem três doses. O intervalo entre a 1ª e a 2ª dose é de 28 dias. Entre a 2ª e a 3ª, é preciso esperar 56 dias.
Crianças de 3 e 4 anos, que se vacinaram com a Coronavac, precisam tomar a D1 e D2, respeitando o intervalo de 28 dias. A dose de reforço deve ser aplicada 4 meses após a D2.
A professora Déborah Celentano, 37, já levou as filhas Ana Sofia e Elis, de 5 e 2 anos, respectivamente. Chorando após a picadinha, a mais nova tomou mais um reforço da imunização. A mãe conta que a mais velha chorou também, mas por não ser a vez dela de se vacinar novamente. "A gente ficou muito emocionado quando pudemos trazer elas para tomar a primeira dose."
A moradora da Asa Norte afirma que valoriza muito a vacina após tanto sofrimento e atraso para que a imunização começasse no Brasil. "Foi tão difícil (a espera). Tão difícil ver as vidas perdidas. Já tomei todas as minhas doses e surgindo a oportunidade de tomar outra dose, tomarei em dia e trarei minhas filhas."
O engenheiro civil Antônio Francisco Ribeiro Neto, 39, levou a pequena Lívia Ribeiro, de 1 ano e 11 meses, para tomar o reforço da covid-19. "A gente tem cumprido as datas recomendadas e ficamos ansiosos para ter a proteção. A mãe trabalha na saúde e a família inteira está vacinada", comenta.
Para serem vacinadas, as crianças devem estar acompanhadas dos pais ou responsáveis, levar o cartão de vacina e documento de identificação.
Lula no Guará
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, lançam, nesta segunda-feira (27/2), no Centro de Saúde nº 01, do Guará 1, o Movimento Nacional pela Vacinação. É a primeira etapa, na qual haverá reforço na imunização contra a covid-19 para os grupos prioritários no pais.