Com o período de chuvas na capital, os cuidados com a água parada precisam ser redobrados para evitar ambientes propícios à proliferação do mosquito Aedes aegypti. Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, entre 1º de janeiro e 11 de fevereiro, foram notificados 5.485 casos suspeitos de dengue, sendo 3.988 prováveis, que apresentaram redução de 43,1%, na comparação com o mesmo período de 2022. Mesmo assim, as precauções devem ser mantidas.
No documento, a SES-DF considera uma região administrativa com média incidência de dengue a que está no intervalo entre 100 e 299,9 ocorrências para cada 100 mil habitantes. Entre as RAs com maior taxa, estão Sobradinho (279,90), Brazlândia (275,19), São Sebastião (157,18) , Varjão (131,54) , Paranoá (126,23) e Lago Norte (104,29). As demais regiões estão como de incidência baixa, ou seja, menos de 100 casos por 100 mil habitantes.
Um dos grandes problemas para o enfrentamento da dengue é a falta de infraestrutura em regiões como a Chácara Santa Luzia, onde ruas sem calçamento, por exemplo, estão repletas de buracos. Em janeiro deste ano, a comerciante Josita de Sousa, 53 anos, teve a doença pela segunda vez. Ela foi ao posto de saúde e fez exame de sangue para confirmar o diagnóstico. “Sentia muita dor na nuca e um frio que pensava que não ia passar nunca”, relembra a moradora de Santa Luzia. A trabalhadora comenta que sempre teve cautela com água parada e observa quando vai molhar as plantas. “Tomo cuidado para não deixar parar água nem nas folhas”, frisa.
Com febre alta e dores pelo corpo, Josita buscou se hidratar e tomar a medicação. No entanto, não conseguia levantar da cama para ir ao banheiro e, em consequência, teve infecção urinária em seguida. "Curei a dengue e fui tratar da infecção com o antibiótico. Foi terrível", lamenta. Depois de todo o sufoco com a doença, diz que ainda está se recuperando, mas chegou a pensar que morreria. "Agora, posso dizer que estou bem, mas orava para ficar boa logo e ver meu filho de cinco anos crescer", relata a comerciante.
Mais atingidos
De acordo com a pasta, as mulheres são as mais afetadas, com 57,9 casos por 100 mil habitantes. Em relação à idade, os mais atingidos estão na faixa de 80 anos ou mais, com 250,3 casos por 100 mil habitantes, seguido pelos grupos etários de 20 a 29 anos e 70 a 79 anos, com 189,0 e 133,3 ocorrências por 100 mil habitantes, respectivamente. O Ministério da Saúde destaca que as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para quadros graves e outras complicações que podem levar à morte.
Até a última atualização do boletim, em 13 de fevereiro, foram confirmados 60 casos de dengue com sinais de alarme, o que representa 1,61 % do total de prováveis, além de três graves em residentes no DF. A secretaria explica que os sinais de alarme são assim chamados por indicarem o extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque e óbito. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Na maioria das situações, a infecção por dengue apresenta um quadro leve. Normalmente, a primeira manifestação é a febre alta (38°C ou mais), de início abrupto, que geralmente dura de dois a sete dias, acompanhada de dor de cabeça, no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele. Também podem ocorrer erupções e coceiras.
A secretaria destaca que, por se tratar de uma doença viral, o tratamento é feito para aliviar os sintomas, por meio da prescrição de antitérmicos, ingestão de líquidos e repouso. Por não existir medicamento específico de combate ao vírus e nem vacina, a prevenção mais efetiva é a eliminação das condições de reprodução do mosquito, mantendo o espaço sempre limpo e eliminando os possíveis acúmulos de água.
Cautela
Transmitida pela picada do Aedes aegypti, o mosquito urbano tem hábitos diurnos e se reproduz em depósitos de água parada. Com isso, a melhor forma de evitar a disseminação da doença e o consequente aumento de casos é evitando o acúmulo de água em todas as estações do ano, pois, segundo o Ministério da Saúde, os ovos do mosquito podem sobreviver por 12 meses no ambiente.
"Qualquer acúmulo de água é um criadouro para o mosquito. Além desse cuidado que a gente tem com o peridomicílio — que é aquilo que vemos ao redor da casa e no jardim —, precisamos ter cuidado em relação aos telhados. Muitas vezes, nós olhamos e lá pode haver pontos de água parada para reprodução", destaca o professor de epidemiologia na Universidade de Brasília (UnB), Walter Ramalho.
Para Ramalho, ao falar de arboviroses (doenças causadas por vírus e transmitidas pela picada do Aedes aegypti infectado), o elemento considerado mais fraco é o mosquito. Por isso, os esforços de combate devem se concentrar para evitar a reprodução desses insetos. "Quando estamos em casa ou no trabalho, e vemos um mosquito durante o dia, pode ter certeza que é o Aedes, por conta dos hábitos. É melhor usar uma roupa mais apropriada ou repelente", recomenda o professor. Essas medidas também são preventivas para doenças como zika, chikungunya e febre amarela, pois todas são transmitidas pela picada do mosquito fêmea Aedes aegypti.
Moradora de Santa Luzia, Tayla Almeida, 21, nunca teve dengue, mas conta que o sogro foi picado pelo mosquito e ficou mal com a doença. “Ele sentia muita dor no corpo, nas juntas e nos ossos. Reclamava do incômodo”, recorda a atendente. Segundo ela, desde que viu o sofrimento do sogro, ficou ainda mais em alerta para evitar a proliferação do inseto. “Retiro qualquer água que vejo que está parada, principalmente nesta época de chuva”, explica, destacando que orienta também os vizinhos a fazerem o mesmo.
Para manter em queda o número de casos de dengue, a Secretaria de Saúde reforçou o alerta contra o mosquito e pediu que a população prossiga com a prevenção. Cerca de 1,2 mil profissionais da Vigilância Ambiental se dividem nas ações de campo de segunda a sexta-feira, quando ocorrem as visitas aos imóveis no DF. As equipes formam 15 núcleos que se dividem em grupos para vistoriarem todas as regiões administrativas.
Principais sintomas
- Febre alta (38°C ou mais);
- Dor no corpo e articulações;
- Dor atrás dos olhos;
- Mal-estar;
- Falta de apetite;
- Dor de cabeça;
- Manchas vermelhas no corpo.
Fonte: SES-DF
Medidas de controle
- Manter bem tampados tonéis, caixas e barris de água;
- Lavar semanalmente com água e sabão tanques utilizados para armazenar água;
- Manter caixas d’agua bem fechadas;
- Remover galhos e folhas de calhas;
- Não deixar água acumulada;
- Encher pratinhos de vasos com areia até a borda ou lavá-los uma vez por semana;
- Trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana;
- Acondicionar lixo em sacos plásticos e em lixeiras fechadas;
- Manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo;
- Acondicionar pneus em locais cobertos;
- Fazer sempre manutenção de piscinas;
- Manter ralos tampados.
Fonte: SES-DF
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