Durante o verão, aumenta a procura pelas cachoeiras localizadas no DF, Entorno e Goiás. Mas devido às chuvas, o volume dos rios aumenta e cresce o risco das chamadas "cabeças d´água", fenômeno causado pela chuva intensa na cabeceira do rio, formando uma onda que vai elevar repentinamente o nível da água ao longo do rio. Em 28 de janeiro, o turista estrangeiro Raul Jiménez, 30 anos, desapareceu quando frequentava a cachoeira Raizama, na Chapada dos Veadeiros. Ele e outras três pessoas foram surpreendidos pelo aumento do volume da água. Cinco dias após o desaparecimento, o corpo de Raul foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros de Goiás (CBMGO).
O guia turístico da Chapada dos Veadeiros Diego Marques Carvalho avalia que a cabeça d´água é um dos maiores perigos ao se frequentar as quedas d´água nesta época. "No período de chuva do cerrado, que vai de outubro a abril, os rios podem subir repentinamente em questão de segundos, e a força das águas pode surpreender a todos. Ainda que esteja sol em determinado local, pode estar chovendo na cabeceira do rio, e assim o nível da água subir abruptamente", relata.
Diego explica que os apreciadores de banhos em cachoeiras devem estar atentos a outro fenômeno, a tromba d'água, uma nuvem de tempestade que se forma sobre um corpo d'água e que se prolonga da base da nuvem até tocar a superfície da água. "Ela pode se formar sobre um rio, lago ou no oceano. O formato lembra o de um tornado", compara o guia lembrando que muitas pessoas confundem os episódios.
O guia turístico ressalta que é possível ir à cachoeiras com segurança em todas as estações do ano. "No verão, que engloba a época de chuvas, é imprescindível a contratação de um guia local para que o passeio tenha maior segurança, pois ele saberá informar os riscos de cada local."
Dicas para visitação
Para os brasilienses que querem aproveitar as quedas d´água no período chuvoso, o guia dá algumas dicas para tornar o passeio mais seguro. A primeira delas é conhecer o local. "Há atrativos que precisam fechar para a visitação por segurança, outros que devem ser evitados, e também tem cachoeiras sazonais, que só tem vazão nessa época", explica Diego.
Ao Correio, o capitão Paulo Jorge, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) alertou que, ao visitar uma cachoeira é preciso verificar a previsão do tempo, ficar atento à formação de nuvens e também ao nível e coloração da água, que não pode estar turva. "Caso vá em época de chuva, o mais indicado é ir sempre em grupos, evitar lugares que não conheça, ou contratar um guia. Mas sempre ao sair de casa, alertar um familiar para que ele saiba do paradeiro e possa acionar ajuda, caso seja necessário", completa.
Ao se preparar para visitar as cachoeiras, é indicado levar mantimentos e itens de primeiros socorros, comenta Paulo. "Também deve-se usar vestimentas adequadas, levar colete para entrar na água e, principalmente, não ingerir bebidas alcoólicas."
O capitão da CBMDF diz que o número de pedidos de socorros costuma aumentar no período de chuva, por conta das trombas e cabeças d'águas. "Muitas vezes as pessoas acabam ficando ilhadas, ou até mesmo o piso se torna muito escorregadio, levam tombos e pedem socorro."
Quedas de alturas
Além desses casos, ocorrem acidentes de pessoas que caem de grandes alturas. Em 17 de outubro do ano passado, um homem, de 39 anos, morreu ao cair de uma altura de seis metros da Cachoeira dos Anjos, no Gama. O capitão Paulo Jorge diz que esse tipo de acidente está mais comum porque muitas pessoas se arriscam para tirar uma foto. "Não se arrisquem de forma desnecessária, a vida é muito mais valiosa que uma foto", aconselha.
Ao Correio, o Corpo de Bombeiros informou que não existem estatísticas sobre os dados de acidentes em cachoeiras e os únicos dados são de afogamento em geral.
*Estagiária sob a supervisão Márcia Machado