"O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males." O versículo bíblico retirado do trecho da 1ª Carta de Paulo a Timóteo iniciou a fala do promotor Nathan da Silva Neto, responsável por denunciar os cinco acusados de cometer a maior chacina do Distrito Federal. A tragédia culminou na morte de 10 pessoas da mesma família. Os detalhes da denúncia foram divulgados durante uma coletiva de imprensa promovida na tarde desta quinta-feira (2/2), na sede do Ministério Público do DF (MPDFT).
Cinco pessoas foram denunciadas pelo MPDFT. São elas: Gideon Batista de Menezes, 55 anos; Horácio Carlos, 49; Carlomam dos Santos, 26; Fabrício Canhedo, 34; e Carlos Henrique Alves. O documento, arrolado por 24 testemunhas, foi enviado nesta manhã à Justiça. Nos próximos dias, o Tribunal do Júri de Planaltina deve analisar a denúncia e decidir se aceita ou não. Caso o juiz seja favorável, os acusados tornam-se réus.
A maior chacina do DF começou com o desaparecimento da cabeleireira Elizamar da Silva, 37, e dos três filhos — Gabriel, 7, e dos gêmeos, Rafael e Rafaela, 6. A mulher saiu do salão onde trabalhava, na 307 Norte, na noite de 12 de janeiro, após ser atraída para uma emboscada na casa onde moravam os sogros, Marcos Antônio Lopes, 54, e Renata Belchior, 52, — os dois também assassinados. A motivação, segundo revelaram as investigações, foi por causa da chácara onde Marcos morava, avaliada em R$ 2 milhões.
Também foram mortos o esposo de Elizamar, Thiago Silva, 30; a ex-mulher e as filhas de Marcos, Cláudia Regina, 55, Ana Beatriz, 19, e Gabriela Belchior, 25. Tamanha articulação e brutalidade surpreendeu os promotores Nathan e Daniel Bernoulli, da Promotoria do Paranoá. “À nossa frente, um caso sem precedentes na história do Distrito Federal e, inegavelmente, um dos crimes mais brutais já praticados no Brasil. O que temos diante de nós, situa-se no campo da monstruosidade. Uma ação planejada, organizada e executada com profunda frieza, revelando por parte dos envolvidos, agora denunciados, uma da absoluta indiferença à vida”, pontuou Nathan.
Segundo os promotores, os acusados cometeram mais de 100 crimes e as penas podem variar de 211 (pena mínima) a 385 anos de prisão. “Tão logo quando tudo ocorreu, traçamos uma ação em conjunto à polícia. A preocupação era com os prazos curtos em decorrência das prisões em flagrantes. A delegacia tinha 10 dias para apresentar o inquérito, o que foi feito com êxito. É um trabalho que continua, com a parte pericial na análise de DNA, laudos cadavéricos de celulares recolhidos, que podem trazer mais respostas”, afirmou o promotor Daniel.