Jornal Correio Braziliense

Alto Paraíso

Bombeiros explicam como corpo de turista foi encontrado na Chapada

Raul Jimenez estava desaparecido desde o sábado (28/1), quando o grupo de turistas foram surpreendidos por uma cabeça d’água, na cachoeira Raizama, no distrito de São Jorge

Após quatro dias desaparecido, o corpo do turista norte-americano Raul Jimenez, 30, foi encontrado entre 300 e 400 metros do local onde desapareceu. O corpo estava preso debaixo de um galho, entre duas rochas no leito do rio. "As buscas estavam sendo dificultadas pelas fortes chuvas dos últimos dias, que impediam que o nível da água baixasse. Com o tempo firme de segunda-feira e terça-feira, as águas voltaram a baixar e foi possível localizar o corpo da vítima", afirma o tenente-coronel do CBMGO Fernando Caramaschi.

Apesar de o corpo ter sido achado antes das 15h desta quarta-feira (01/02), o resgate só ocorreu por volta das 18h10. "O local é de difícil acesso. Precisamos descer de rapel para chegar lá. Tivemos que elaborar um sistema de cordas para içar o corpo", detalha o militar. O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) enviou uma equipe de apoio para Alto Paraíso. Os socorristas do DF chegaram poucos minutos antes do içamento e participaram da parte final do resgate.

Raul Jimenez e outras três pessoas estavam na cachoeira Raizama, no distrito de São Jorge, a 40 km de Alto Paraíso (GO), na tarde de sábado (28/01). Por volta das 15h, o grupo foi surpreendido pela subida repentina do nível do rio São Miguel, fenômeno conhecido como cabeça d'água. Dos quatro, três conseguiram escapar da forte correnteza, mas Jimenez foi levado pela enxurrada. Desde então, o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO) vinha fazendo os trabalhos de buscas para localizar o corpo de Raul, encontrado às 14h45 de ontem.

Para as buscas, foram empenhados 23 militares, três cães, cinco viaturas e uma embarcação. O grupo de buscas foi dividido em quatro equipes que percorreram cerca de 9,2 quilômetros do rio em busca do turista. As equipes percorreram do ponto chamado Morada do Sol até a Praia do Jatobá. Após esse ponto, o Rio São Miguel encontra o Rio Tocantins, no Estreito do Rio Tocantinzinho.

Riscos

Fernando Caramaschi ressalta que a recomendação é que visitas a cachoeiras sejam evitadas no período chuvoso. "Isso vale principalmente para os dias que têm previsão de chuva, não só no trecho que será visitado, mas ao longo do leito do rio acima de onde você vai estar", explica. "No caso do passeio não ser cancelado, é fundamental a contratação de um guia para observar o comportamento do rio. Outra dica é demarcar um ponto onde seja possível controlar o nível da água. Ao perceber que o nível está subindo, saia imediatamente do rio e procure um lugar alto e seguro. Antes da chegada de uma cabeça d'água, ocorre um gradativo aumento do nível da água".

Nas imagens fornecidas pelo CBMGO, é possível ver que o local onde o corpo de Raul foi encontrado, de fato, é de difícil acesso. O leito estreito do Rio São Miguel, naquele trecho, é espremido por grandes rochas dos dois lados, formando um desfiladeiro. "Nas imagens, podemos ver por onde o rio corre naturalmente. Entretanto, a depender do volume de água que vem com a cabeça d'água, todas as rochas ficam cobertas".Os bombeiros goianos informaram que, entre as pessoas que estavam com Raul no momento da cabeça d'água, dois conseguiram fugir para a margem. O terceiro ficou ilhado e, devido ao difícil acesso, só foi resgatado pelos militares por volta das 23h do sábado.

Reprodução/CBMGO - Local do Rio São Miguel onde foi encontrado o corpo de Raul Jimenez, turista norte-americano arrastado por uma cabeça d'água

Cuidados

O Corpo de Bombeiros do Distrito Federal destaca que, em um período chuvoso como o que estamos, os cuidados para quem pretende realizar uma trilha próxima a rios e cachoeiras deve começar antes da empreitada.“Os primeiros cuidados começam antes de chegar ao local, consultando a meteorologia para a região. Segundo, é importante que se contrate uma pessoa que conheça a região. Terceiro, deixe alguém de sobreaviso na cidade mais próxima, informando a que horas pretende voltar, para que, caso não retorne, ela entre em contato com o socorro”, orienta o subtenente do Corpo de Bombeiros Cidemar.

O militar diz, ainda, que ao chegar a um local o turista deve enviar para seu contato que ficou na cidade um localizador em tempo real. A partir desses dados o resgate fica mais rápido, se o mesmo estiver próximo ao aparelho.Os bombeiros recomendam, também, que os turistas evitem essas regiões, em decorrência da insegurança, devido às chuvas. Mas caso não seja possível, alguns sinais podem ser cruciais para que os exploradores não se tornem vítimas de cabeça d'água.“Os primeiros indícios de que uma cabeça d'água está vindo é a cor da correnteza. Ela fica turva e em seguida a presença de galhos. Verificado isso é importante sair do rio ou da cachoeira e ficar distante”, afirma o militar. “Se os presentes perceberem que uma das pessoas foi colhida pela correnteza, é importante procurar ajuda imediatamente. Se tiver mais de uma pessoa, uma fica no local e a outra sai para buscar ajuda”.

 

 

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