Absolvido pela Justiça em dezembro de 2021, o ex-piloto do Primeiro Comando da Capital (PCC) e delator da facção, Felipe Ramos Morais, 34 anos, continuava a atuar fortemente no transporte de drogas do exterior para o Brasil. “Felipó” — como era conhecido pelos aliados — e mais dois comparsas morreram baleados ao entrarem em confronto com policiais militares do Comando de Operações de Divisas (COD/PMGO). A troca de tiros ocorreu na tarde dessa sexta-feira (17/2), no município de Abadia de Goiás, a 227km de distância de Brasília.
Felipe mantinha ligação com o PCC e era responsável na organização criminosa por transportar entorpecentes da Bolívia para o Brasil. Em solo brasileiro, a droga era difundida. Tido como uma pessoa de confiança pelos comparsas e até pelo chefe, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, Felipó se tornou alvo dos próprios aliados e passou a ser jurado de morte, depois de delatar um esquema milionário de lavagem de dinheiro na facção à polícia.
O criminoso foi detido em 2018 acusado de envolvimento nos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, ambos ligados ao PCC e chefes de uma das maiores quadrilhas de tráfico de drogas do país. No dia do crime, ficou constatado que Felipe usou o próprio helicóptero para transportar os dois traficantes para uma reserva indígena, em Aquiraz, a 30km de Fortaleza, local onde foram baleados e mortos.
Preso, Felipó entrou em acordo com a justiça e entregou o esquema milionário de lavagem de dinheiro do PCC. As informações repassadas pelo criminoso possibilitaram a prisão de outros faccionados na operação Reis do Crime, em 2020, mas desencadeou fúria e vingança por parte dos membros da organização. Em 2021, em decorrência de uma doença, Morais ganhou a liberdade e foi absolvido.
Chácara
Na tarde dessa sexta-feira, policiais militares do COD receberam uma denúncia informando sobre uma movimentação intensa de aeronaves em uma área de campo em Abadia de Goiás. Duas equipes se deslocaram até o local para averiguar a informação e, de longe, constataram o tráfego das aeronaves.
Ao Correio, o comandante da operação, o major Castanheira, relatou que, no momento em que os PMs se aproximaram, foram recebidos a tiros. Felipe e os outros dois comparsas estavam alocados em uma chácara da região. A propriedade, situada em um extenso campo, servia de refúgio para os criminosos e para o pouso e decolagem das aeronaves. O Correio apurou que os quatro helicópteros apreendidos são clonados e receberam novas pinturas e prefixos. “Eles faziam o transporte de drogas da Bolívia para o Centro-Oeste”, frisou o major.
Felipe e os outros dois criminosos morreram no local após o confronto. As equipes do COD apreenderam, ainda, armas de fogo e cinco invólucros de cocaína.
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